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A GENTE NÃO QUER SÓ COMIDA

Com show do Transmissor, A Autêntica comemora hoje seus quatro anos, tempo em que se tornou "uma casa de todas as tribos", avalia fundador, e aprendeu a equilibrar as contas "vendendo o almoço para pagar a janta"


postado em 23/02/2019 05:04

Instalada na Savassi, a casa de shows abre suas portas nas noites de quinta-feira para qualquer músico disposto a exibir suas composições(foto: LEANDRO COURI/EM/D.A.PRESS)
Instalada na Savassi, a casa de shows abre suas portas nas noites de quinta-feira para qualquer músico disposto a exibir suas composições (foto: LEANDRO COURI/EM/D.A.PRESS)

Quatro anos é o tempo que nossos políticos têm para cumprir seus mandatos, ou o intervalo entre duas copas do mundo. No caso da cena musical de Belo Horizonte, é também o período que já dura uma iniciativa cujo objetivo de abrir as portas e o palco para artistas locais iniciantes e receber grandes nomes de fora vem se cumprindo em meio a muitos desafios. Na noite deste sábado (23), A Autêntica celebra seu quarto aniversário, oferecendo seu principal produto: música autoral.

As atrações principais serão o Transmissor, banda formada em BH, que recebe o mato-grossense Helio Flanders, nacionalmente conhecido por seu trabalho à frente do Vanguart. Leo Moraes, de 47 anos, músico e um dos proprietários do espaço, Fará as honras da casa e também subirá ao palco com seu projeto solo. Idealista d’A Autêntica, administrada com outros três sócios, ele viu e ouviu de perto os movimentos da música independente de Belo Horizonte nesses últimos anos.

“A gente comemora mesmo. Cada ano é uma vitória, um degrau. E gostamos de comemorar com encontros musicais”, afirma Leo, que nasceu nos Estados Unidos e veio ainda criança para BH. Com anos de sua vida dedicados ao rock alternativo, nas bandas Gardenais e Valsa Binária, a percepção de que havia uma lacuna na noite belo-horizontina veio como músico. Daí surgiu A Autêntica, em 2015, com a proposta de contemplar quem compõe as próprias músicas, independentemente do estilo, ao contrário das muitas casas da cidade que montam a programação apenas com covers de grandes artistas.

MARCO Com estrutura de camarim, bons equipamentos de som e capacidade para 400 espectadores em pista e mezanino, o local recebeu centenas de shows – de gente que fazia sua estreia até nomes de peso, como os ingleses do Napalm Death, em 2016, ícones do rock pesado mundial. “Foi um marco para nós”, lembra Leo. Ele cita ainda artistas que, no início, estavam além do orçamento da casa, mas, posteriormente, o procuraram para agendar datas, a exemplo de Marcelo Jeneci.
Embora se orgulhe das presenças ilustres, acompanhar o desenvolvimento de quem deu seus primeiros passos n’A Autêntica é o mais recompensador na visão do empresário e músico. Desde 2016, uma vez por mês, o espaço abre o palco para qualquer músico que queira chegar e apresentar suas composições ao público. São as Sessões Autênticas, sempre às quintas-feiras. Tratado pelo proprietário como o “evento preferido da casa”, ele aponta que “é onde A Autêntica é mais democrática, fazendo algo parecido com aquilo que sempre admiramos no Matriz”, casa cultural no bairro Santo Agostinho que tem como referência.

Um dos nomes lembrados por ele nesse processo é a banda de indie rock Young Lights. “É uma das várias bandas que começaram nas Sessões Autênticas e estão fazendo turnês em outros estados, tocando em festivais maiores”, comenta. Leo exalta também o ecletismo dos eventos. “É gratificante ver que não somos reduto de um movimento musical específico. Aqui vem o pessoal do rock alternativo, dos blocos de carnaval e dos movimentos musicais ligados à Praia da Estação, do rock pesado, hip-hop, virou uma casa de todas as tribos, mesmo estando na Savassi. É legal romper essas panelinhas.”

Outro ponto observado e celebrado por Leo ao longo desses anos é o aumento da representatividade feminina no meio musical. “Temos visto cada vez mais bandas femininas e mulheres instrumentistas. Na minha geração, era bem menos, costumava ver no máximo vocalista e olhe lá. Hoje há ótimas bateristas, baixistas, guitarristas. A cena feminina está muito forte para tocar e também para combater e não tolerar mais o preconceito que as mulheres sempre sofreram no meio”, diz ele.





ESTRUTURA Por outro lado, abraçar a cena local com uma estrutura um pouco mais sofisticada é também um desafio comercial. “Nesses quatro anos, provamos ser possível um local só de música autoral contemporânea, mas percebemos porque tão pouca gente investe nisso”, diz o responsável pelo empreendimento, que também é arquiteto. Ele comenta que, diferentemente dos estabelecimentos que abrem para festas com DJs que duram toda a noite, boa parte do público dos shows apenas assiste ao espetáculo e vai embora, consumindo pouco no bar. “Do ponto de vista empresarial, faríamos só baladas, mas temos o propósito de abrir para os shows e tentamos equilibrar essa renda”, explica.

Atualmente, uma das estratégias comerciais é abrir durante o dia, como restaurante. “Literalmente, vendemos o almoço para pagar a janta”, brinca Leo. Mas, apesar das dificuldades, ele aposta na “magia da música” para seguir em frente. “Antigamente, os jovens andavam por aí com camisas de banda. Hoje, usam camisetas de séries da Netflix. É uma mudança cultural inevitável. Mas ver uma banda ao vivo, no palco, é uma experiência tão forte e única que não tem como replicar em outro lugar. Em nenhuma plataforma digital você tem essa experiência. E é isso que pretendemos seguir em frente oferecendo ao público”, afirma Leo Moraes, lembrando que A Autêntica até transmite seus shows ao vivo pelo Facebook, mas que “nunca será a mesma coisa”.

Participante da festa de hoje à noite, a vocalista e guitarrista do Transmissor Jennifer Souza dá seu testemunho sobre a casa. “É um lugar onde a gente não só fomenta a carreira artística, mas consegue consumir a música autoral de BH e de fora. Que tenha vida longa, porque já é um cartão-postal musical da cidade, um destino certeiro para quem gosta de conhecer bandas novas.”


4 Anos A Autêntica - Transmissor Convida Helio Flanders
Sábado (23), às 22h, A Autêntica (Rua Alagoas, 1172, Funcionários). Ingressos: R$ 30, na bilheteria e no site www.sympla.com. Mais informações: (31) 3654-9251.


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