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Estado de Minas

Helvécio Carlos


postado em 17/02/2019 05:09

A estátua ficará em frente ao Centro Cultural Minas Tênis Clube, na Rua da Bahia(foto: Orlando Bento/Divulgação)
A estátua ficará em frente ao Centro Cultural Minas Tênis Clube, na Rua da Bahia (foto: Orlando Bento/Divulgação)

“O Minas é a minha segunda casa”

Uma das figuras mais importantes na cultura mineira, Pacífico Mascarenhas terá uma versão em bronze. Até o meio do ano, a estátua criada pelo artista plástico Leo Santana será instalada na entrada do Centro Cultural do Minas Tênis Clube (MTC), em BH. “Foi uma grande surpresa, a coisa mais importante que vai acontecer em minha vida. Quase não acreditei quando fui informado pela diretoria do Minas”, comemora o músico e ex-diretor social do MTC.


Pioneiro da bossa nova, Pacífico, de  83 anos, foi responsável pela descoberta de Milton Nascimento. Por várias décadas, promoveu importantes eventos no Minas: shows na praça de esportes (da Jovem Guarda e de Milton Nascimento), no ginásio coberto (Roberto Carlos e Dionne Warwick) e as famosas dançantes, na sede e lanchonetes. Ele se lembra com carinho da Noite do Grande Chefão, quando dezenas de carros antigos foram colocados dentro do clube. “Conjuntos musicais recebiam os sócios nas portarias do Minas 1, a orquestra do maestro Cipó tocou na beira da piscina, e as Frenéticas se apresentaram em um tablado dentro da piscina para cerca de 18 mil pessoas”, recorda.


Numa dessas promoções, a Missa Dançante, a vida de Pacífico ganhou novo sentido. “Tirei a Emília para dançar e acabei me casando com ela”, conta. A homenagem a Pacífico foi ideia do diretor de cultura do MTC, André Rubião. “Ele tem grande importância para a nossa cultura. A mais notória é o fato de ter participado do início da bossa nova. Pacífico ouviu a primeira versão de Garota de Ipanema, antes mesmo de a canção ficar pronta. Foi responsável pelo lançamento de Milton Nascimento e um dos destaques da Turma da Savassi”, diz. Rubião também destaca o trabalho de Pacífico Mascarenhas, durante três décadas, como diretor social do Minas.


Viabilizada pela Lei Rouanet, a escultura do compositor e agitador cultural é patrocinada por Auto Japan, Banco BMG, Localiza e Minas Máquinas.



Com a palavra
Pacífico Mascarenhas
Músico

O senhor acompanha a agenda social do Minas Tênis Clube?
A programação continua sendo a melhor entre todos os clubes do Brasil. Todas as semanas, há grandes atrações para os 70 mil sócios. Agora, o setor está a cargo do meu filho, Carlos Ferreira Mascarenhas. Ele me sucedeu, trazendo novas ideias para a parte social.

Recentemente, houve a reedição da famosa Missa dançante.
Foi no fim do ano passado. O sucesso foi tanto que o evento vai continuar nas manhãs de domingo, como antigamente. Na edição de 2018, chamada Um dia em Nova York, prestamos homenagem ao governador (Romeu) Zema e ao vice-governador Paulo Brant. Contamos com a presença da consulesa dos Estados Unidos, Rita Rico, e de mais de 400 sócios.

O que representa o Minas Tênis Clube tanto para o senhor quanto para a vida socioesportiva de Belo Horizonte?
O Minas é a minha segunda casa. Sou grande torcedor dos jogos de vôlei, basquete e natação.

Como é a sua rotina no Minas?
Atualmente, vou às reuniões do conselho deliberativo, frequento algumas festas. Aos sábados, ao meio-dia, encontro com os amigos no restaurante do Minas 1.

O senhor agitou BH com a Turma da Savassi, nos anos 1950 e 1960. Ivo Pitanguy, Fernando Sabino e Helio Pellegrino eram dessa turma?
Não convivi com nenhum deles. Nem a turma. Eram bem mais velhos do que a gente. Éramos uns 80. Diariamente, frequentávamos a porta da Padaria Savassi e o Cine Pathé. De vez em quando, os escritores iam à padaria comprar cigarro. Visitavam livrarias e bancas de jornal na região. Somente Paulo Mendes Campos, por ser irmão de Aloísio, que era da turma, passava por lá, além do Otto Lara Resende, cujo pai, Antônio, era proprietário do Instituto Padre Machado, localizado nas imediações. Já Fernando Sabino e Ivo Pitanguy foram nadadores do Minas. As lembranças que tenho da turma são as serenatas que fazíamos para as namoradas, nos fins de semana. Com piano no caminhão e, às vezes, elevação de caçambas perto das janelas das casas. Tenho saudades das festas em que penetrávamos depois de informados, por um funcionário da Cervejaria Brahma, sobre o local onde ele entregaria barris de chope.

O sertanejo Du Monteiro disse à coluna que, há um bom tempo, Minas Gerais não revela um artista para o Brasil. O senhor concorda?
Realmente. Concordo com ele. Há muito tempo não há um novo talento musical em Minas Gerais. Cito Toninho Horta como o mais representativo da música mineira.

O senhor tem algum projeto na área musical?
Estou completando 60 anos de música. Para comemorar, lancei dois CDs com os meus melhores intérpretes – Milton Nascimento, Nara Leão, Os Cariocas, Tito Madi, Bob Tostes e Gilberto Mascarenhas –, além de dois discos instrumentais com Luiz Eça Trio, Eumir Deodato, Cliff Korman Quartet, Osmar Milito Trio, Alberto Chimelli e Marzanno Trio. Entre CDs e LPs, tenho 60 discos só com músicas minhas e 84 álbuns com diversos artistas. Ana Caram gravou a versão de Leva-me pra lua, tema da novela Amor eterno amor, da Rede Globo

Há jovens que o senhor gosta de ouvir cantando bossa nova?
Não tenho visto nenhum cantor jovem cantando bossa nova.
Como o senhor avalia a bossa nova nos dias de hoje?
Apesar de ser a melhor música nacional, infelizmente a bossa nova é mais tocada no exterior do que aqui no Brasil. A culpa é dos comunicadores de TV e dos programadores de rádio, com exceção da Inconfidência, a Brasileiríssima, a única emissora que toca essa música de qualidade em Belo Horizonte.

André Rubião, diretor do MTC, diz que o senhor é importantíssimo para a nossa vida cultural, devido a seu pioneirismo na bossa nova e ao empenho como diretor cultural do clube.
Ele é muito amigo meu, talvez tenha falado assim por esse motivo. Mas fui o primeiro a gravar um disco independente do Brasil, em 1958. Compareci à primeira reunião da bossa nova, no Rio de Janeiro, em 1959. Fui com João Gilberto no carro do Luiz Bonfá. Estavam na casa do pianista Bené Nunes, anfitrião do encontro, Tom Jobim, Sérgio Ricardo, Menescal, Boscoli e Sylvia Telles.


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