“O Minas é a minha segunda casa”
Uma das figuras mais importantes na cultura mineira, Pacífico Mascarenhas terá uma versão em bronze. Até o meio do ano, a estátua criada pelo artista plástico Leo Santana será instalada na entrada do Centro Cultural do Minas Tênis Clube (MTC), em BH. “Foi uma grande surpresa, a coisa mais importante que vai acontecer em minha vida. Quase não acreditei quando fui informado pela diretoria do Minas”, comemora o músico e ex-diretor social do MTC.
Pioneiro da bossa nova, Pacífico, de 83 anos, foi responsável pela descoberta de Milton Nascimento. Por várias décadas, promoveu importantes eventos no Minas: shows na praça de esportes (da Jovem Guarda e de Milton Nascimento), no ginásio coberto (Roberto Carlos e Dionne Warwick) e as famosas dançantes, na sede e lanchonetes. Ele se lembra com carinho da Noite do Grande Chefão, quando dezenas de carros antigos foram colocados dentro do clube. “Conjuntos musicais recebiam os sócios nas portarias do Minas 1, a orquestra do maestro Cipó tocou na beira da piscina, e as Frenéticas se apresentaram em um tablado dentro da piscina para cerca de 18 mil pessoas”, recorda.
Numa dessas promoções, a Missa Dançante, a vida de Pacífico ganhou novo sentido. “Tirei a Emília para dançar e acabei me casando com ela”, conta.
Viabilizada pela Lei Rouanet, a escultura do compositor e agitador cultural é patrocinada por Auto Japan, Banco BMG, Localiza e Minas Máquinas.
Com a palavra
Pacífico Mascarenhas
Músico
O senhor acompanha a agenda social do Minas Tênis Clube?
A programação continua sendo a melhor entre todos os clubes do Brasil. Todas as semanas, há grandes atrações para os 70 mil sócios.
Recentemente, houve a reedição da famosa Missa dançante.
Foi no fim do ano passado. O sucesso foi tanto que o evento vai continuar nas manhãs de domingo, como antigamente. Na edição de 2018, chamada Um dia em Nova York, prestamos homenagem ao governador (Romeu) Zema e ao vice-governador Paulo Brant. Contamos com a presença da consulesa dos Estados Unidos, Rita Rico, e de mais de 400 sócios.
O que representa o Minas Tênis Clube tanto para o senhor quanto para a vida socioesportiva de Belo Horizonte?
O Minas é a minha segunda casa. Sou grande torcedor dos jogos de vôlei, basquete e natação.
Como é a sua rotina no Minas?
Atualmente, vou às reuniões do conselho deliberativo, frequento algumas festas. Aos sábados, ao meio-dia, encontro com os amigos no restaurante do Minas 1.
O senhor agitou BH com a Turma da Savassi, nos anos 1950 e 1960. Ivo Pitanguy, Fernando Sabino e Helio Pellegrino eram dessa turma?
Não convivi com nenhum deles.
O sertanejo Du Monteiro disse à coluna que, há um bom tempo, Minas Gerais não revela um artista para o Brasil. O senhor concorda?
Realmente. Concordo com ele. Há muito tempo não há um novo talento musical em Minas Gerais. Cito Toninho Horta como o mais representativo da música mineira.
O senhor tem algum projeto na área musical?
Estou completando 60 anos de música. Para comemorar, lancei dois CDs com os meus melhores intérpretes – Milton Nascimento, Nara Leão, Os Cariocas, Tito Madi, Bob Tostes e Gilberto Mascarenhas –, além de dois discos instrumentais com Luiz Eça Trio, Eumir Deodato, Cliff Korman Quartet, Osmar Milito Trio, Alberto Chimelli e Marzanno Trio. Entre CDs e LPs, tenho 60 discos só com músicas minhas e 84 álbuns com diversos artistas. Ana Caram gravou a versão de Leva-me pra lua, tema da novela Amor eterno amor, da Rede Globo
Há jovens que o senhor gosta de ouvir cantando bossa nova?
Não tenho visto nenhum cantor jovem cantando bossa nova.
Como o senhor avalia a bossa nova nos dias de hoje?
Apesar de ser a melhor música nacional, infelizmente a bossa nova é mais tocada no exterior do que aqui no Brasil. A culpa é dos comunicadores de TV e dos programadores de rádio, com exceção da Inconfidência, a Brasileiríssima, a única emissora que toca essa música de qualidade em Belo Horizonte.
André Rubião, diretor do MTC, diz que o senhor é importantíssimo para a nossa vida cultural, devido a seu pioneirismo na bossa nova e ao empenho como diretor cultural do clube.
Ele é muito amigo meu, talvez tenha falado assim por esse motivo. Mas fui o primeiro a gravar um disco independente do Brasil, em 1958.