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Lady e plebeia disputam favores da rainha em A favorita

Trio de atrizes e diretor concorrem ao Oscar. Filme teve 10 indicações no total e estreia nesta quinta (24) no Brasil


postado em 24/01/2019 05:02

Lady Sarah Marlborough (Rachel Weisz) é a confidente da rainha Anne (Olivia Colman). As duas atrizes foram indicadas ao Oscar(foto: FOX FILMS/DIVULGAÇÃO)
Lady Sarah Marlborough (Rachel Weisz) é a confidente da rainha Anne (Olivia Colman). As duas atrizes foram indicadas ao Oscar (foto: FOX FILMS/DIVULGAÇÃO)

Em torno do palácio da rainha Anne (Olivia Colman), a lama fede. “Chamam isso de comentário político”, avisa uma criada a Abigail (Emma Stone), em sua chegada à corte, logo no início de A favorita, longa-metragem de Yorgos Lanthimos que estreia nesta quinta-feira (24) no Brasil, depois de receber 10 indicações ao Oscar, incluindo melhor filme e diretor.

Prima de lady Sarah Marlborough (Rachel Weisz), Abigail também foi educada como uma lady – “Falo francês e latim”, ela conta, mais adiante na trama –, mas descendeu socialmente em razão das dívidas acumuladas em apostas por seu pai alcoólico. Agora, ela procura um lugar entre as criadas do palácio real, que é administrado de fato por lady Sarah, amiga, confidente e conselheira da rainha.

Desde o primeiro contato de Abigail com o centro do poder, A favorita evidencia que a intriga e a trapaça são seu moto-contínuo. A aspirante a criada chega coberta de lama, porque foi empurrada da carruagem na qual viajou até o palácio por um outro passageiro assediador. A funcionária que a recebe a aconselha a se limpar antes de ir ao encontro de lady Sarah e lhe indica uma porta para fazer isso. Ao entrar, Abigail se depara com a prima e outros nobres e logo percebe que foi ludibriada.

É a cascata de estratégias para conquistar e exercer o poder, exercitada de alto a baixo na corte, que dá ao longa de Lanthimos um tom algo feérico, embora toda a ação se ambiente no século 18. O contexto é de guerra, literalmente. A Coroa britânica e a França estão em disputa e, internamente, há uma divisão clara na corte de Anne entre os que querem a intensificação dos ataques e os que defendem um acordo para cessar o conflito.

Lady Sarah é a mente de enxadrista por trás das decisões da rainha. E A favorita se concentra em mostrar como outra disputa passa a ser travada, à medida que Abigail também passa a usar suas habilidades de estrategista – e seus atrativos físicos – para ganhar o afeto e a confiança da rainha.




OSCAR As três atrizes tiveram suas imponentes performances reconhecidas com uma indicação ao Oscar, e Olivia Colman venceu o Globo de Ouro por seu retrato de Anne, o papel mais exigente da trinca. Mimada e voluntariosa, a rainha é também uma mulher traumatizada pela perda de 17 filhos e debilitada por uma enfermidade dolorosa e constante. Ela é dada a acessos de insegurança (como governante) e de possessividade (em sua relação romântica com Sarah) e muitas vezes age como uma tirana obscurantista. Enfim, uma personagem largamente desagradável, que Colman consegue tornar de certa forma empática, com seu ar de desproteção e sofrimento.

Na esgrima virtual entre lady Sarah e Abigail, os diálogos cheios de ironia e subentendidos são a regra. E, aqui, a atitude das duas personagens parece fazer um gracejo ao novo feminismo do século 21. Ambas são inteligentes, seguras e determinadas a conseguir o que querem. Mesmo nos casos em que contam com a ajuda de um homem, são elas que dão as cartas. “Por favor, não fale enquanto estou pensando”, diz Abigail ao seu interlocutor mais íntimo, quando ele imaginou que ela queria discutir seus planos em relação a lady Sarah. Errado. Abigail estava apenas pensando alto.

O outro paralelo de A favorita com os dias atuais (e que talvez seja uma das razões do destaque que o filme obteve) é seu retrato impiedoso dos políticos e da forma de se fazer política, partindo de um episódio real da trama geopolítica do século 18. No longa, o engano é o recurso mais comum para alcançar objetivos que são invariavelmente mesquinhos e individualistas, embora muitas vezes se disfarcem em intenções altruístas em nome dos que sofrem as consequências das decisões palacianas. “Essa lama fede” é o nome de um dos capítulos nos quais o filme se divide. Mas, na história inteira, algo cheira mal.


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