Recado
“Quem não lê, mal fala, mal ouve, mal vê.”
>> Monteiro Lobato
Novela italiana
Eta! Parece obra de ficção. Cesare Battisti passou 40 anos pra lá e pra cá. Cometeu crimes na Itália. Foi condenado à prisão perpétua. Fugiu. Morou na França. Com risco de voltar pra casa, caiu fora. Foi para o México.
Com tantas idas e vindas, prender foi o verbo mais conjugado. Ele joga no time dos generosos. Tem dois particípios – preso e prendido. Quando usar um e outro? Depende da companhia:
a) Com os auxiliares ser e estar, preso pede passagem: Battisti foi preso na Bolívia. Agora, está preso na Itália.
b) Com os auxiliares ter e haver, é a vez de prendido: A polícia italiana tinha (havia) prendido Cesare Battisti.
A diferença
No alvoroço da captura de Cesare Battisti, sites, blogues e jornais bobearam. Esqueceram-se de pormenor pra lá de importante. Uma letra faz senhora diferença.
Bem-vinda
A captura de Battisti teve a marca da não reação. Assim mesmo, sem elos. A reforma ortográfica deu senhora ajuda aos lusofalantes.
Tropeço na crase
“O avião seguiu rumo à Roma.” Ops! A crase sobra. Como saber? Basta descobrir se o nome da capital italiana pede ou não pede artigo. É fácil. Siga estes passos:
1) Construa uma frase com o verbo voltar: Voltei de Roma na semana passada.
2) Oriente-se por esta quadra:
Se, ao voltar, volto da,
Craseio o a.
Se, ao voltar, volto de,
Crasear pra quê?
Percebeu a manha? Da é combinação de preposição de com artigo a. Quando ocorre o casamento, significa que o nome da cidade se usa com o artigo. Encontrando-se com a preposição a, ocorre o casamento – à. De é preposição pura. Sem artigo, inviabiliza-se a crase: O avião seguiu rumo a Roma.
Outros exemplos:
1) Chegou a Brasília.
Com crase ou sem crase?
Voltou de Brasília.
Se, ao voltar, volta de, crase pra quê? Chegou a Brasília.
2) Vou a Paris, a Roma e a Londres.
Com crase ou sem crase?
Volto de Paris, de Roma e de Londres.
Volto de, crasear pra quê?
3) Vou à Paris da alta-costura, à Londres do fog e à Roma do Coliseu.
Volto da Paris da alta-costura, da Londres do fog e da Roma do Coliseu. Então crase no á.
Leitor pergunta
Oba! Começou o carnaval. No domingo, Olinda pôs os bonecos gigantes na rua e o samba no pé.
>> Alexandra Cavalcanti, Olinda
A resposta é meio tucana. Em geral, o trio exige o tracinho, sobretudo quando a pronúncia aberta se torna bem clara. É o caso de pré-escola, pré-vestibular, pré-estreia, pré-datado, pré-escolar, pré-diluviano, pré-história, pré-encolhido, pré-natal, pré-primário, pré-operatório, pré-santificado, pré-universitário.
Mas nem tudo são flores. O prefixo tem muitas exceções. Eis algumas: preanunciação, preaquecer, precogitar, precondição, predefinido, predelineado, predeterminado, predisposto, preestabelecido, preexistente, prefigurado, prefixado, pregustado.
Superdica
Com hífen? Sem hífen? Na dúvida, consulte o dicionário.
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