DE PERNAS CURTAS
O berço da expressão “a mentira tem pernas curtas” é curioso. Acredita-se que ela nos leva à Paris do final do século 19, quando viveu Henri Marie Raymond de Toulouse-Lautrec Monfa. Filha de família aristocrática, tinha estatura muito baixa por causa de um defeito físico que lhe atrofiara as pernas. Isso, porém, não o impediu de notabilizar-se como um dos grandes nomes da pintura universal.
Criou um estilo conhecido como art nouveau, a partir da ilustração de cartazes retratando a esfuziante dança do can can no célebre cabaré Moulin Rouge, de onde era assíduo frequentador.
Lá, consumia o absinto, bebida então em moda por um suposto efeito alucinógeno ,que fascinava outros artistas daquela geração, como Verlaine, Rimbaud, Oscar Wilde, Baudelaire e Vincent van Gogh. Faleceu precocemente, aos 36 anos, vitimado por sífilis e alcoolismo. Ícone da boêmia parisiense, não entrou para a história apenas como grande pintor, mas também por um hábito surpreendente e pouco nobre: o de contador de lorotas, a ponto de seu talento artístico ser comparado às que ele contava em suas rodas folgazãs.
Tudo isso fez surgir a expressão “a mentira tem pernas curtas”. Tipo do ditado que já vem pronto, não é?
Brilhantes vocações às vezes convivem com censuráveis costumes morais.
• ISQUEIRO: Originariamente, essa palavra significava “sacola” para levar iscas. O berço de isca é o latim esca (nutrição, alimentos, pasto). O nome também era dado a caixinhas de chifre usadas no Nordeste brasileiro para guardar mechas de algodão que se inflamavam com faíscas produzidas pela pancada de certas pedras. Daí, o vocábulo migrou para os acendedores, principalmente de cigarros, charutos e cachimbos. Foi objeto muito usado pelos fumantes, até quando isso era, digamos, charmoso. Hoje em dia, isqueiro virou peça de museu.
• CHAMPANHE: Essa bebida francesa, surgida em 1668 no Nordeste da França, entre nós conhecida como “champanha”, nasceu quando o monge Dom Pérignon, abade de Hautvillers, observou que o vinho das uvas da região de Champagne desenvolvia uma fermentação secundária produzindo pequenas bolhas e gás. Segundo Ariovaldo Franco, isso deu origem à chamada técnica champenoise, que também inovou ao criar o hábito de amarrar a rolha da garrafa com arame. Todo acontecimento festivo é saudado ruidosamente com a abertura desse espumante de prestígio universal..