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O PESO DOS DIAS

José Bechara expõe na Celma Albuquerque Galeria de Arte instalações monumentais que traduzem suas reflexões sobre a passagem do tempo e o papel da memória na constituição do indivíduo


postado em 12/01/2019 05:05

Nas obras de Centrifugação, o artista se vale de materiais como alumínio, mármore, madeira e vidro (foto: MARIO GRISOLLI/DIVULGAÇÃO)
Nas obras de Centrifugação, o artista se vale de materiais como alumínio, mármore, madeira e vidro (foto: MARIO GRISOLLI/DIVULGAÇÃO)

Trabalhos do artista plástico carioca José Bechara ficam em cartaz até 8 de fevereiro na Celma Albuquerque Galeria de Arte, em BH. A mostra Centrifugação reúne instalações tridimensionais de grande escala, além de esculturas e pinturas em lona deste que é um dos principais nomes da arte contemporânea brasileira. A grandiosidade das obras molda a experiência do espectador com o espaço ocupado, ao mesmo tempo em que serve às ambições de seu criador.

“Gosto das grandes dimensões porque elas exigem estratégias e determinados esforços que me dão prazer”, afirma Bechara. “Os materiais com que trabalho também exigem que eu busque orientação com profissionais de outras áreas, como químicos, calculistas e engenheiros de metais. Há o meu processo de criação, solitário, mas há também essa colisão com outros saberes específicos, o que me instiga bastante”, diz.

Em Centrifugação, o artista apresenta instalações feitas com materiais como alumínio, mármore, madeira e vidro. As obras pesam entre 300kg e 1 tonelada. São peças inéditas, algumas desenvolvidas a partir de obras anteriores, que permitem novas perspectivas quando dispostas em diferentes locais. “Ao contrário da pintura e da escultura, é uma característica das experiências de instalação a dependência do espaço oferecido para sua montagem”, observa Bechara. “Se disposta em espaço mais vertical, terá um formato; em espaço mais horizontal, terá outro. O mesmo ocorre em espaços mais generosos ou comprimidos. É da natureza desses trabalhos que, a cada remonte, não permaneçam iguais à montagem anterior.”

TEMPO “Coloco-me, basicamente, como um pintor com produções, interesses e investigações no território da escultura”, diz o artista de 61 anos. Com quase três décadas de carreira – sua primeira exposição individual foi em 1992, no Centro Cultural Candido Mendes, no Rio de Janeiro–, Bechara tem trabalhos no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro; no Centre Pompidou, em Paris; no Museum Ludwig, na Alemanha; e na Pinacoteca de São Paulo. Suas obras também integram diversas coleções particulares – nacionais e internacionais.

Ao longo de sua trajetória, Bechara afirma ter adquirido segurança diante do aumento no volume dos trabalhos, mas mantém a mesma disposição e ímpeto artístico das produções iniciais. “Continuo animado e interessado em mexer com novos materiais. Mantenho o mesmo grau de dúvidas que tinha há 30 anos, sempre que inicio uma nova série. Trabalho todo dia, de domingo a domingo, e gosto disso. O atelier é o melhor lugar do mundo. O tempo passou e está marcado, na minha pele e no meu rosto, mas minha animação em relação à arte é a mesma.”

De forma recorrente, suas criações exibem a passagem ou o congelamento do tempo e tratam de sua relação com os indivíduos, permitindo que emerjam as memórias de cada um. Tais entendimentos estão entre as principais investigações do artista. “O tempo envolve uma série de dramas. É um depositário de memórias e também vetor de novas experiências. Trago essas preocupações comigo há anos. Não tenho interesse nas questões cotidianas, políticas ou em refletir comportamentos”, afirma Bechara.

IMPERFEIÇÃO Valendo-se simultaneamente de suportes bidimensionais e tridimensionais, o carioca lida com uma geometria instável. “A geometria é uma ciência, uma invenção humana para afirmar e calcular o mundo. Gosto de pensar meu trabalho a partir da imprecisão e das falhas humanas: o tempo como drama, a imperfeição dos indivíduos... São elementos que vão aparecer seja em uma grade de geometria imprecisa, na relação das cores, ou em materiais desgastados.”

O artista quis fazer de sua atual mostra um elogio aos visitantes. Desse objetivo nasceu o título Centrifugação, que parte da ideia do observador como o centro da exposição. “Espera-se que ele seja afetado e confrontado pelos trabalhos reunidos ali e, a partir deles, devam surgir e emanar suas próprias reflexões. Não falo de nada filosoficamente complexo, mas mesmo das lembranças, de memórias de um tempo passado ou presente”, afirma Bechara.

“A ideia é que o observador se espalhe pela galeria, em uma força contrária à centrípeta. É importante que o visitante assuma o papel principal da exposição. É ele o grande autor e protagonista da experiência que se estabelece a partir de sua presença.”




CENTRIFUGAÇÃO
Exposição de José Bechara. Celma Albuquerque Galeria de Arte. Rua Antônio de Albuquerque, 885, Savassi. (31) 3227-6494. Até 8 de fevereiro. Segunda a sexta, das 9h30 às 19h; sábado, das 9h30 às 13h.


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