Recado
“Mãe é mãe. Genitora é a tua. Progenitora é a vó.”
. Carlos Lacerda
Temer e o truque do três
Michel Temer passou a faixa presidencial em 1º de janeiro. Momentos depois, tuitou: “Encerrei meu mandato como presidente do Brasil. Agradeço a todos. Valeu cada obstáculo vencido, cada momento vivido, cada conquista alcançada. Não poupei esforços, nem energia e sei que entrego um Brasil muito melhor para todos os brasileiros”.
Ninguém sabe por quê. Mas trios bajulam os ouvidos. Pai, Filho e Espírito Santo formam a Santíssima Trindade. “Liberdade, igualdade e fraternidade” é o lema da Revolução Francesa. “Governo do povo, para o povo, pelo povo”, proclamou Abraham Lincoln.
Mesmo time
Primeira-dama joga no time de primeiro-ministro. Ambos formam o plural com o acréscimo do s no numeral e no substantivo: primeiras-damas, primeiros-ministros.
Marido ou esposo?
Bolsonaro se refere a Michelle como minha esposa. Michelle se refere a Bolsonaro como meu esposo. Há quem questione a palavra. Não seria preferível marido e mulher? É preferível.
A história é antiga. Pintou em 1974, quando a Globo estudava os diálogos da novela Rebu. Sem resposta em casa, a emissora contratou pesquisa especializada. Resultado: pobres e ricos preferem mulher. A classe média se inclina por esposa.
Bolsonaro e o futuro
“Pela primeira vez, o Brasil irá priorizar a educação básica”, disse Bolsonaro no discurso de posse. Acertou na meta. Bobeou no tempo verbal. O português tem duas formas de indicar o porvir.
Reparou? Bolsonaro trocou o presente pelo futuro. Disse “irá priorizar”. Nada feito. Melhor corrigir para que os céus digam amém: Pela primeira vez, o Brasil vai priorizar a educação básica.
Caprichos do plural
“Quero agradecer as honrosas presenças de todos”, disse Eunício Oliveira na solenidade de posse de Jair Bolsonaro. Ops! O presidente do Senado se perdeu no tempo e na língua. Fez um discurso sem fim. Como quem fala demais dá bom-dia a cavalo, ele deu. Pôs no plural nome que deveria estar no singular.
Presença pertence a uma turma pra lá de caprichosa. Tem plural.
Leitor pergunta
Depois de dois-pontos, usa-se letra maiúscula ou minúscula?
. Marilene, Santos
Depois de dois-pontos, Marilene, ora se usa letra maiúscula, ora minúscula. Depende do que vem depois:
1. Se for enumeração ou explicação, é a vez da pequenina: A questão era esta: perdera a eleição. Na livraria, comprou as seguintes obras: o dicionário do Houaiss, a gramática do Celso Cunha e o livro Raízes do Brasil.
2. Se for citação ou a frase de alguém, a grandona pede passagem: Fernando Pessoa escreveu: “Tudo vale a pena se a alma não é pequena”. O ministro respondeu sem pestanejar:“Nada tenho a declarar”..