AGORA VAI
OS DESEJOS DE UM ANO NOVO
Devagarinho, ainda curtindo a ressaca da virada, 2019 finalmente começou. A coluna HIT foi atrás de algumas pessoas em busca de opiniões, expectativas para o ano novo e, claro, casos que, de alguma forma foram marcantes. Boa leitura e que tenhamos o pé direito ficando no chão até dezembro.
Deus Mu-dança
Sapato novo, calça nova, carro novo, novos hábitos alimentares, novo corpo malhado, amores renovados, amizades idem. Todo dia 2 de janeiro a história se repete. É tempo de renovar. Tem sido assim pelos meus últimos 46 anos. O eterno Deus Mu-dança (obrigado, mestre Gil!) sempre se manifestando neste dia. Mas não faz muito tempo que percebi que a mudança nunca acontece quando acordamos hoje, prontos para o trabalho, o estudo ou as férias – se você é do tipo que tira alguns dias em janeiro para isso.
Rodrigo James, jornalista
Bora olhar pra frente!
O tempo não para. Mas, de vez em quando, você pode parar. Ou melhor, deve. E, cá pra nós, não existe momento melhor que a troca do calendário para isso. Olhar para trás. Véi do céu! Que ano doido foi esse que passou!? A correria de sempre! Os problemas que apareceram como num passe de mágica! Pow! As deliciosas vitórias que pareciam impossíveis. Ou mesmo aquele simples e saboroso café diário antes da labuta.
Leo Soares, empresário
Um lema Titã para chamar de seu
Claro, costumamos esperar pelo melhor a cada nova passagem de ano, a cada novo ciclo. Pessimismos ou entusiasmos exagerados à parte, não custa nada fazer aquela fezinha nas vibes positivas, né? Ainda mais num país como o Brasil! Que impere o “lema Titã”, em loop: “Só quero saber do que pode dar certo, não tenho tempo a perder”.
Terence Machado, apresentador de TV
Longe do pecado da gula
Minas é pé-atrás, ressabiada, zelosa, desconfiada. É capaz, como ninguém, de fazer calado, fazer pra dentro, com fé, com verdade. Também é força, é trabalho, é beleza, é minério. E, é, claro, comida boa, mesa de se fartar, pratos de encherem os olhos e agradarem a alma. É uma ginástica às avessas para o abdômen, que bem sabe do prato extra e sabor diferenciado. A fartura da festa da virada de Ano-Novo faz par com a mesa farta do Natal. Mais um ano acabou sem que se conseguisse olhar torto para aquele tropeiro farto, de prosa com o tutu do lado. Mais uma sequência de festas em que o lombinho recheado insistia com a linguiça caseira ser mais gostoso e mais apreciado. Mais um teste para o chester de cara virada pra o frango caipira com ares de dono da casa. O novo ano chegou prenunciando o prazer da gula com que se esvazia a mesa. Haja igreja para tanta culpa ou pecado.
Ah, pecado qual nada! Mais vale um gosto, como bem dizem os mais sábios.
É partilhando a alegria da mesa que se esquece o ouro arrancado com veneno das nossas montanhas sagradas. Assim, se apaziguam os problemas. Assim, vivemos nossa grande história. A grandeza do nosso fogão de lenha não seja um mero marketing. Que, no próximo ano, a gente viva mais doce e sofra menos ácido. Que a gente coma mais alegria e engula menos sapos.
Márcio Ares, escritor
Mesa farta
Ninguém há de negar que uma boa ceia de Natal, uma mesa farta, um peru, uma salada com uva passa, todo o pecado da gula sejam uma delícia. Enchem os olhos e o estômago, claro!
Quando eu era pequeno, lá no Serro, 13 irmãos, a vida muito pobre, via todo mundo preparando fartas ceias. Era doido para comer um bom tanto daquelas coisas. Hoje, poderia comer delas todas, mas o diabetes não deixa, o ácido úrico, o triglicérides. A pele do peru tem muito colesterol, a carne de porco tem muita gordura, os doces pioram a glicemia, o champanhe ataca o fígado... Um Möet Chandon fará mais estragos que um pudim de leite condensado? Minha mãe dizia que angu de um dia não engorda cachorro. Fome e tristeza também causam esses males. Comer ou não comer virou questão de vida ou de morte. Disso, resulta uma certeza: não adianta a gente se matar de tanto trabalhar, se, no final, temos que dizer para tanta gostosura: não devo, não quero, não posso, o médico proibiu!
Que, no próximo ano, a nossa cozinha continue extraindo, como sempre, o delicioso ouro das mãos que plantam, que colhem e que temperam. Que a alegria e a fartura das nossas mesas continuem sendo um belo agrado. Que o novo ano seja farto dos mais ricos pratos, do bolinho de chuva, do leitão à pururuca, do mingau de milho verde, do suco de frutas do cerrado.
Carlos Nunes, ator
2019, símbolo da esperança
Mesa farta parece mesmo coisa de mineiro. Natal e Ano-Novo sempre se deram com tanta coisa à mesa e tanta gente em volta. Misericórdia!!! É essa coisa da mesa enfeitada, alegria no rosto das crianças, da mãe, da tia, da festa que alegra e renova. Reunir-se à mesa é tornar a casa grande de amor e respeito. Que o novo ano, símbolo da esperança e não do medo, não nos assalte com a dor da insegurança, neste país em constantes transformações.
Lá em casa, com muitas sobrinhas, a alegria se confunde com as reclamações. Brigam contra o ritual. Ritual só é bom de barriga cheia, dizem. Reclamam de ser obrigadas a esperar; que não é justo; que estão morrendo de fome; que têm que se preparar, psicologicamente, para jantar é no outro dia; que, à meia-noite, já nem têm mais vontade de comer. Pequenas mentiras. Coisa de quem tem pressa de comer, pressa de viver, pressa de tudo!
O novo ano, quando nos bate à porta, é só promessa. Estar sozinha é também uma opção. Dizer, em silêncio e calma, o que se quer de alimento no ano por chegar. Mas, disso, as crianças lá de casa também não gostam. Ah, parece uma alma do além, tia! Só pra quebrar o clima!
Que o novo ano seja uma celebração igual às festas que o antecedem; que nos apresente algum tesouro que nos salve, na mesa e na arte. Somos todos um grande público que merece.
Jai Baptista, atriz
Por um mundo pé no chão
O que desejo no novo ano é mais originalidade, menos clichês e mais opiniões formadas baseadas, se possível, em menos hashtags que prevaleceram em 2018 (#diferenciado, #blessed, #prontofalei #noixx
#estamosdeolho, #sextou...). Que em 2019 as pessoas tenham um pouco mais de bom senso e, se puderem, sejam bem menos suscetíveis às opiniões alheias de redes sociais.
Leo Ziller, produtor.