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DRAMA AGRIDOCE

O longa israelense O confeiteiro, em cartaz em BH, acerta o tom ao abordar sem exageros a dor da perda, num contexto de conflitos étnicos, religiosos e sexuais


postado em 01/01/2019 05:06

Movido pelo luto, o confeiteiro alemão Thomas (Tim Kalkhof) se muda para Jerusalém e passa a trabalhar num café kosher (foto: IMOVISION/DIVULGAÇÃO)
Movido pelo luto, o confeiteiro alemão Thomas (Tim Kalkhof) se muda para Jerusalém e passa a trabalhar num café kosher (foto: IMOVISION/DIVULGAÇÃO)


Perda, luto e culpa norteiam a narrativa de O confeiteiro. Porém, tais sentimentos vêm regados a muito açúcar e afeto. A produção israelense, primeiro longa-metragem de Ofir Raul Graizer, foi o escolhido por seu país para representá-lo na corrida pelo Oscar de melhor filme estrangeiro – o candidato israelense, assim como o brasileiro (O Grande Circo Místico, de Cacá Diegues), não foi incluído entre os nove pré-selecionados para a disputa. Mas isso não chega a ser um demérito para O confeiteiro, que está em cartaz no Cine Belas Artes (confira horários na página 4).

É uma torta Floresta Negra, típica sobremesa alemã, que une o alemão Thomas (Tim Kalkhof) e o israelense Oren (Roy Miller). O primeiro é o dono de uma pequena confeitaria em Berlim. O segundo, que vive em Jerusalém, viaja mensalmente para a capital alemã a trabalho. Thomas é solitário; Oren é casado e tem um filho pequeno. Os rápidos encontros mensais acabam sendo a base de uma relação intensa, que sobrevive mesmo com a tensão provocada pela sombra da família de Oren.

Um acidente separa o casal. Sofrendo com a perda de Oren, Thomas toma uma decisão radical: larga a vida em Berlim e vai até Jerusalém. E é justamente neste ponto que O confeiteiro engata: o filme não se dedica à relação dos dois homens, mas, sim, à dor, tanto do amante quanto da viúva, Anat (Sarah Adler).

KOSHER

Em um ambiente judeu ortodoxo, Anat sobrevive com um café. O estabelecimento acabou de ganhar o selo kosher, e isso significa que ele tem que seguir uma série de normas da prática religiosa judaica – não misturar carne com produtos de origem láctea é a mais básica delas.

Pouco após receber a certificação, Anat conhece Thomas, que ela acredita ser um estudante alemão à procura de um bico profissional em Israel. Ele se torna seu ajudante, e a presença de um alemão em um ambiente ortodoxo já parece uma afronta para a comunidade judaica.

O que se segue é a aproximação de duas pessoas machucadas, que se unem por meio da mesma perda. Grandes e pequenas mentiras compõem a relação de Anat e Thomas. Através de suas iguarias, Thomas conforta a viúva, que nada sabe do passado do rapaz. Anat, por seu lado, acaba fazendo vista grossa para a origem de Thomas – seu café se torna a sensação da parte judaica de Jerusalém, graças aos doces do confeiteiro.

É neste acordo cheio de não ditos, sem culpas e dilemas morais, que a dupla vai se relacionando. A presença de Thomas é tão intensa que acaba impactando toda a família de Oren – a mãe, que perdeu o filho; e seu filho pequeno, que perdeu o pai. O desfecho poderia recair num grande dramalhão. Mas, com muitos silêncios, muita delicadeza e nenhum arroubo, o estreante Ofir Raul Graizer consegue deixar doce uma situação cheia de amargura.


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