Não há como ignorar: prestando atenção, cada dia que vivemos significa um aprendizado. Mesmo que sejam casos comuns, ligados à cidade, que despertam a atenção dos moradores. Semanas atrás, comecei a prestar atenção numa pintura feita por uma equipe no muro do último quarteirão da Rua Josafá Belo, que fica bem em frente ao Círculo Militar. Pensei: um filho de Deus se cansou de ver tanta pichação sem razão e resolveu limpar a cidade. Na semana seguinte, a surpresa: além do muro branco, havia a identificação do espaço: Marinha do Brasil. Na minha implicância costumeira, imaginei logo o que nossa valorosa Marinha teria a ver neste estado tão longe do mar, com rios e lagos, sim, mas, para os leigos, Marinha sempre representa navios. Com falta do que fazer, fiquei imaginando a Lagoa da Pampulha cheia de navios, lembrando-me dos tempos de uma distante juventude, quando, aos domingos, costumávamos aproveitar a manhã passeando de barco na lagoa, na maior empolgação.
Fiquei com aquela incógnita na cabeça, pois passo no local várias vezes por dia. Porém, recebi, aqui na redação, o seguinte convite: “O comandante do 1º Distrito Naval, vice-almirante José Augusto Vieira da Cunha de Menezes, tem a honra de convidar V.Exa./V.Sa.
Pronto, estava desfeito o mistério, agora nossos portos fluviais têm não só uma capitania como um capitão de mar e guerra para tomar conta deles. Achei o maior barato, porque quando subi para almoçar, a Rua Josafá Belo estava com um lado totalmente interditado, certamente para acolher os carros dos convidados. Guardando a interdição, havia militares com farda que não consegui identificar. Fiquei pensando depois se a solenidade contaria com a presença de nosso governador eleito, Romeu Zema, que raramente deixa de lado sua camisa esportiva, de mangas arregaçadas. Se foi, será que apareceu de paletó e gravata? Como se dizia antigamente, duvi-de-o-dó.
Quebrando o mistério, esta semana desci a Avenida Raja Gabaglia – o que não faço nunca por causa do tráfego intenso em todas as horas do dia – e deparei com outra surpresa: na porta de entrada da Capitania Fluvial de Minas Gerais foi colocada uma baita âncora, muito legal e definitivamente comprobatória da ocupação do espaço. A âncora tem até amarras, bem representativas do papel que ocupam nos navios e no cais, e é bem bonitona.
Com isso, o mistério que me encucou durante muitos dias ficou definitivamente esclarecido.