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Visita ilustre

A partir do próximo sábado, o Instituto Inhotim vai exibir a obra Aranha, uma das mais importantes esculturas de Louise Bourgeois. Trabalho fica exposto até abril de 2019


postado em 12/12/2018 05:06

Parte do acervo do Itaú Cultural, Aranha inaugura a parceria de Inhotim com outras instituições (foto: Edouard Fraipont/Divulgação)
Parte do acervo do Itaú Cultural, Aranha inaugura a parceria de Inhotim com outras instituições (foto: Edouard Fraipont/Divulgação)


“A minha mãe era a minha melhor amiga. Ela era inteligente, paciente, tranquilizadora, delicada, trabalhadora, indispensável e, sobretudo, ela era tecelã – como a aranha. Para mim, as aranhas não são aterradoras”, afirmou em entrevista datada de 1995 a artista franco-americana Louise Bourgeois (1911-2010).

Sua mãe, Joséphine Fauriaux, morreu em 1932. Na época, Louise estudava matemática na Sorbonne, em Paris. O impacto da morte precoce da mãe a levou a abandonar o curso e abraçar a arte. Mesmo que o convívio com sua genitora tenha sido pequeno, a influência dela em sua obra foi definitivo. Não há como falar de Louise Bourgeois sem citar as aranhas, esculturas de médio e grande porte, já expostas em instituições mundo afora.

Uma delas será exposta em Inhotim a partir deste sábado (15). Spider (Aranha) ficará aberta à visitação na Galeria Mata, até abril de 2019. A obra integra o acervo do Itaú Cultural desde 1996, quando foi vista pela primeira vez no Brasil.

Primeira das seis aranhas que a artista produziu em bronze a partir da década de 1990 – três metros de altura e pouco mais de 700 quilos –, a escultura foi uma das atrações da 23ª Bienal de Arte de São Paulo, que trabalhou o tema “Desmaterialização da arte no final do milênio”.

A sensação foi tamanha que, na época, Olavo Setubal, do Banco Itaú, comprou a peça logo após o fim da Bienal. Desde então, a obra, que passou a integrar a Coleção Itaú Cultural, ganhou um espaço próprio no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP), abrigada em regime de comodato, e lá se popularizou. Pôde ser vista até a última semana na instituição, localizada no Parque do Ibirapuera.

Desde segunda-feira (11), a escultura equilibrada em oito pernas está sendo montada em Inhotim – processo que deverá ser finalizado amanhã. Esta será a primeira vez que o instituto em Brumadinho expõe uma coleção externa. De 1997, quando chegou ao MAM, até os dias atuais, a Aranha só deixou a instituição uma única vez.

No ano passado, a escultura foi desmontada e enviada para o ateliê em Nova York, onde foi criada. Ali sofreu restauro. “Quando a gente retornou com a obra, no primeiro semestre, combinamos com o MAM que ela participaria da exposição de celebração dos 70 anos do museu e depois iniciaria uma itinerância”, explica Sofia Fan, gerente do Núcleo de Artes Visuais do Itaú Cultural.

Terminada a mostra em Inhotim, a Aranha irá para a Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre e, mais tarde, para o Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba. Sofia Fan comenta que há conversas com outras instituições brasileiras, mas nada foi acertado ainda. “Existe a possibilidade de que a Aranha volte para o MAM. Mas como ela foi restaurada e está realmente em condições muito boas para fazer a itinerância, pode ser que este período (de exibição em outras instituições) dure um pouco mais.”

Para quem já viu a escultura em São Paulo, a Aranha traz uma imagem de imponência. “Por outro lado, ela tem certa fragilidade. Algumas das patas, por exemplo, têm uma terminação muito fina. Isto remete à questão da agulha, que por seu lado tem uma relação com a mãe tecelã. Então, algumas das patas tocam o solo levemente. Dessa maneira, a obra fica irresistível para que se chegue perto”, diz Sofia Fan.

Na Galeria Mata, o público poderá circular ao redor dela. Uma das quatro galerias temporárias de Inhotim, ela vai ganhar uma nova entrada (um janelão-porta, até então fechada) para a visitação da obra de Louise. “Para Inhotim, a Aranha é uma obra muito interessante historicamente, pois fez parte da 23ª Bienal de SP, o que nos interessa, pois buscamos criar relações com as bienais”, comenta Maria Eugênia Salcedo, diretora artística adjunta da instituição.

De acordo com ela, a presença da escultura em Inhotim vai promover a relação dessa obra com outras que estão expostas em Brumadinho. “Por exemplo, a escultura do estádio (Ensaios vitruvianos, aberta em setembro, na Galeria Praça), de Paul Pfeiffer, é muito similar à da Louise. (Assim como a Aranha) Aquela também foi a primeira de uma série de esculturas que o artista fez, e ela foi feita para a Bienal de Sidney”, acrescenta Maria Eugênia.

Por ora, Inhotim vai promover visitas mediadas para o público interessado em saber mais da obra de Louise Bourgeois. Maria Eugênia acredita que até abril outras ações em torno da escultura deverão ocorrer.

ARANHA

A obra de Louise Bourgeois será aberta ao público no sábado (15), na Galeria Mata, em Inhotim, Rua B, 20, Brumadinho. Entrada: R$ 44 (inteira) e R$ 22 (meia). Entrada franca na quarta-feira. Crianças até 5 anos não pagam. Assinantes do Estado de Minas ganham desconto de 50% na compra de dois ingressos. De 15 a 30 deste mês haverá visita mediada à obra (quartas, sábados, domingos e feriados) às 10h30 (saída da recepção). Visitação até 14 de abril de 2019. Informações: www.inhotim.org.br.



Morte e sexualidade


As aranhas são um tema recorrente na obra de Louise Bourgeois desde a década de 1940, quando a artista se radicou nos Estados Unidos – onde se naturalizou mais tarde. Após o casamento com o historiador de arte Robert Goldwater, ela se mudou para Nova York, onde criou os três filhos.

As aranhas estão em desenhos, gravuras, pinturas e, é claro, nas esculturas. Mas foi a partir dos anos 1980 que a obra de Louise Bourgeois foi devidamente reconhecida – o marco foi a exposição que o Museu de Arte Moderna de Nova York (Moma) fez em 1982. Foi a primeira vez que o museu dedicou uma retrospectiva a uma artista mulher. Já na década seguinte, as esculturas das aranhas ganharam o mundo.

A vida pessoal da artista sempre se fez muito presente em sua obra. Além da morte da mãe, a de seu pai (1951) e a do marido (1973) marcam definitivamente sua carreira. A do pai, Louis Bourgeois, com quem sempre teve uma relação conflituosa, tirou Louise de cena. Já a viuvez fez com que ela criasse outra obra icônica, The destruction of the father (A destruição do pai), uma instalação que apresenta o pai sobre uma mesa servindo de alimento para os filhos.

A primeira aranha de grande escala é instalada em 1994, no Brooklyn Museum. Já em 1999, ela exibe, na Tate Modern, em Londres, a maior delas. A aranha Maman (mamãe, em francês) é uma escultura de 10 metros que chegou a ser vista no Rio de Janeiro, em 2011, como chamariz para a exposição Louise Bourgeois: o retorno do desejo proibido, realizada pelo MAM-RJ.

Em texto, o curador Paulo Herkenhoff destacou que “as aranhas para Louise Bourgeois são uma crítica à dominação masculina na modernidade, pois elas tecem e reparam a teia diariamente; ainda, em algumas de suas espécies, as fêmeas devoram os machos depois da cópula. Portanto, a teia-malha rompe com o sistema de poder da arte porque impõe um espaço reservado ao feminino maternal”.


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