Repleto de referências pop e inspirado no cotidiano, o livro Forte apache, de Marcelo Montenegro, será lançado neste sábado (8), em Belo Horizonte. Além de contar com a obra-título, que é inédita, o volume reúne outras publicações do autor – Orfanato portátil (2003) e Garagem lírica (2012) –, ambas esgotadas. A manhã de autógrafos contará com leitura de poemas por Adriane Garcia, Ana Martins Marques e Ricardo Aleixo.
Montenegro diz que seu livro retrata o encantamento com o efêmero, observando que seu estilo foi se refinando ao longo tempo – o que fica evidenciado na reunião de trabalhos lançados ao longo de 15 anos. “Sinto que houve uma transformação até por conta dos trabalhos que realizei como roteirista, com o audiovisual. O que fica é a ideia de que a melhor maneira de captar a vida não é observando as coisas grandes e sim os detalhes”, conta.
Na orelha do livro, o poeta Chacal descreve Montenegro como “um Manoel de Barros da cidade grande, salvando com sua câmera-olho imagens desprezadas”. O autor de Forte apache reforça essa relação com o ambiente urbano: “Meus poemas fazem mais sentido para o universo da cidade grande. Sou um observador nato, vejo uma coisa no metrô, um movimento na rua e anoto”.
De acordo com ele, seu processo criativo não se limita a momentos de inspiração. “Preciso de uma certa disciplina: estipular um horário, sentar na cadeira, escrever. E, principalmente, reescrever.”
Montenegro é conhecido por transitar entre diferentes linguagens e atividades. Além de poeta, é iluminador de teatro e trabalha há mais de 10 anos como roteirista e autor de seriados ficcionais.
Entre seus projetos estão as séries Lili, a ex (produção do canal GNT) e a terceira temporada de 3% (Netflix), que estreia em 2019. Ao comentar o crescente consumo de seriados em plataformas de streaming, Montenegro reconhece que a produção brasileira ainda precisa criar uma identidade própria.
“Estamos caminhando para isso, vejo que as séries latino-americanas estão cada vez melhores. Como roteirista, tenho acompanhado, desde o começo, o processo de transição da televisão e até mesmo do cinema para o streaming. É desafiador”, observa.
Música
Em parceria com o guitarrista Fábio Brum, Marcelo lançou o álbum Tranqueiras líricas, registro do espetáculo homônimo que apresenta desde 2005. A música foi a sua paixão inicial. “Afetivamente, o universo musical chegou primeiro. Depois veio o cinema e, por último, a literatura, que se tornou uma doença.”
Para Marcelo, o intercâmbio entre as mídias só fortalece o processo artístico. “Nunca fui daqueles poetas que só leem poetas ou daqueles cineastas que só admiram cineastas. Minha vida inteira é repleta de pontes. A música melhora a minha atividade como poeta, o trabalho como roteirista auxilia no teatro... Não foram poucas as vezes que deixei de colocar uma frase em um roteiro e a guardei para um poema. Ou vice-versa. Tudo melhora com a troca.”
* Estagiária sob supervisão do subeditor Pablo Pires Fernandes
FORTE APACHE
. De Marcelo Montenegro
. Companhia das Letras
. 120 páginas
. R$ 39,90 e R$ 27,90 (e-book)
Lançamento
Neste sábado (8), às 11h. Livraria Ouvidor. Rua Fernandes Tourinho, 253, Savassi, (31) 3221-7473.
Cia das Letras/Reprodução