Em busca de uma aceitação maior da doença, acredito que essa onda de dar cor a cada mês para falar do câncer é uma maneira de tocar no assunto em afligir os doentes. Porque, verdade seja dita, quem sofre do mal do caranguejo tem horror de abordar o assunto. Não falar parece ser uma forma de exorcizar o problema. De qualquer forma, a cor do mês é o laranja, para falar do câncer de pele. Quem explica como a doença funciona é a dermatologista Gisele Viana, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica e da American Academy of Dermatology:
“Quando o ator Hugh Jackman, mais conhecido por interpretar o Wolverine nos cinemas, disse à revista People que havia enfrentado um câncer de pele, muita gente foi pega de surpresa. Jackman revelou que teve não apenas um, mas quatro carcinomas basocelulares no nariz – um tipo de câncer da pele mais comum e menos agressivo.
Apesar de o ator ter surpreendido muita gente, a verdade é que o câncer da pele não é tão raro assim. Segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca), trata-se do câncer de maior incidência no mundo.
No Brasil, estimam-se mais de 165 mil novos casos de câncer de pele não melanoma para o biênio 2018-2019. Já o melanoma, tipo mais agressivo, é menos comum.
A principal causa do aparecimento da doença é a exposição crônica ao sol e às radiações ultravioletas (UVB e UVA). Portanto, a principal forma de se prevenir é por meio da fotoproteção química e física. É fundamental usar protetores solares, roupas e chapéus para impedir a passagem direta da radiação ultravioleta.
Uma das recomendações da SBD é a de sempre estar atento aos sinais. No caso do câncer da pele não melanoma, feridas que não cicatrizam, casquinhas avermelhadas ou manchas escuras. No caso do melanoma, a regra ABCDE pode ajudar a identificar se suas pintas são suspeitas:
Assimetria (observe se a lesão é assimétrica), bordas irregulares (bordas não uniformes podem ser indício de lesões perigosas), cor (nevos com diferentes tonalidades ou que mudaram de cor merecem atenção especial), diâmetro (pintas com mais de 0,6cm devem ser investigadas) e evolução (pintas que estão crescendo). Porém, o diagnóstico definitivo deve ser feito por um médico dermatologista, pois a dermatoscopia pode dar novos indícios de que a lesão é perigosa.
Felizmente, há diversas opções terapêuticas para o tratamento do câncer da pele. A cirurgia é a principal modalidade, podendo ser associada com pomadas (quimioterápicos tópicos), radioterapia e terapia fotodinâmica. O especialista terá a capacidade de recomendar os tratamentos mais adequados para cada caso. O mais importante é manter uma rotina de proteção da pele e visitar regularmente o dermatologista.