Ao longo dos anos fui perdendo totalmente o interesse pelo mundo político para defender ou para acusar. Longe vai o tempo em que gastei colunas defendendo Fernando Collor, foram tantas que ele acabou vindo me visitar aqui na capital, ganhando um jantar na casa de Ildeu Koscky. Tinha interesse pelo que acontecia, por curiosidade humana e também por saber o que ocorria no país. Quando a Lava-Jato derramou toda aquela sujeira no nosso cotidiano, comecei interessada no assunto, depois fui me cansando de tanta igualdade e tão pouca cobrança. O dinheiro desviado é devolvido – quando é – em parcas somas, o grosso mesmo sumiu, ninguém sabe, ninguém viu. O certo é que jamais imaginei que um só partido político, no caso o PT, pudesse criar uma cultura nova para o povo brasileiro, que foi aceitando tudo e só agora, felizmente, dando o troco. A insensibilização foi como uma doença perniciosa, que apagou princípios, transformou a honestidade em tolice de pessoas sem inteligência, os princípios morais como velharia ou, pior ainda, burrice, falta de coragem.
Ao longo de minha vida, que não é de pouco tempo, já vi de tudo, já presenciei fatos jamais revelados, mas nunca na magnitude dos últimos tempos. Animei-me a voltar levemente ao tema depois que o presidente eleito Bolsonaro resolveu detonar de vez essa história de médicos recrutados em Cuba.
O SUS não é segredo para ninguém, é quase um sonho impossível de atendimento de saúde, um dos casos mais comuns é sem dúvida o que se refere à constatação de câncer em mulheres que precisam de atendimento rápido, como o tumor de mama. Já presenciei caso próximo que tive que resolver, da constatação de um tumor de mama que só poderia ser tratado meses e meses depois – quer dizer, quando não houvesse mais possibilidade de cura. Enquanto isso, nosso suado dinheirinho arrecadado com impostos sendo mandado para Cuba. Dá para aceitar? O governo atual, correndo contra a corrente, resolveu lançar um rápido recrutamento de médicos nacionais para cobrir os lugares deixados vagos pelos cubanos. Só falta agora aparecer um artista regulando os salários dos futuros contratados nacionais – que por direito e justiça devem receber não apenas só os 25% dos médicos cubanos, mas também os 75% que completam o salário no total.
Quando levamos esse assunto para casos concretos, a realidade fica muito pior. Só para voltar a um assunto no meu “terreiro”: o atual prefeito de Santa Luzia anunciou, há uns dois meses, que iria reabrir o Hospital São João de Deus no mês seguinte.