– Por aqui, o poder vem com o tempo. E a nossa família tem um enorme passado. Se você acha que pode nos convencer a desistir do que queremos com sua conversa fiada, ainda não compreendeu o propósito deste passeio. Você é uma ameaça à minha colônia, Martin Byrde. Você perturbou a ecologia do nosso pequeno ecossistema. Interrompeu a nossa operação ao comprar a boate. E agora destruiu o nosso meio de distribuição – diz Jacob Snell.
– Não sei como... – reage Byrde.
A ameaça do traficante de heroína Jacob Snell (Peter Mullan) ao consultor financeiro Martin Byrde (Jason Bateman), no sexto episódio da primeira temporada de Ozark, resume bem o que Byrde representa: um perigo. O título remete à bucólica cidadezinha do Missouri, para onde ele se mudou com a família depois de deixar Chicago.
A segunda rodada da atração da Netflix mostra a reviravolta da rotina de quem convive com o consultor financeiro. Charlotte (Sofia Hublitz), a filha mais velha, rouba dinheiro do cartel e passa os dias fumando maconha com Wyatt Langmore (Charlie Tahan). Rachel Garrison (Jordana Spiro) se entrega ao uso compulsivo de drogas depois de descobrir que Martin Byrde usava o seu hotel para lavar o dinheiro do tráfico.
O caçula Jonah Byrde (Skylar Gaertner) entrou para o crime muito jovem, junto do pai, e vive atormentado por quase ter matado um homem. Enquanto isso, Wendy (Laura Linney), a mulher de Martin, exibe enorme habilidade de persuasão e jogo político. Apenas Ruth Langmore (Julia Garner) se arrepende do passado e tenta ser uma pessoa melhor.
Comparada com Breaking bad por abordar o mesmo tema – família de classe média às voltas com dinheiro, crime e drogas –, Ozark toma rumo próprio a partir da segunda temporada. Porém, a busca por grana a todo custo ainda é o foco da série, marcada por cenas pouco iluminadas, figurinos em cores frias e o silêncio como eficaz recurso para criar o clima de tensão.
* Estagiário sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria