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MAIS LUZ

Nascido no Piauí, radicado no Rio de Janeiro e conhecido nacionalmente como iluminador de teatro e shows, Maneco Quinderé estreita laços com Minas e se prepara para fazer a iluminação de musical do Clube da Esquina


postado em 31/10/2018 06:34

O espetáculo Elis, a musical leva a assinatura do iluminador (foto: CAIO GALLUCI/DIVULGAÇÃO)
O espetáculo Elis, a musical leva a assinatura do iluminador (foto: CAIO GALLUCI/DIVULGAÇÃO)


Pouco antes de conversar com a reportagem do Estado de Minas, Maneco Quinderé – um dos iluminadores mais reconhecidos do país – estava em uma reunião em seu escritório no Rio de Janeiro com o arquiteto mineiro Gustavo Penna. “Estamos trabalhando em um espaço de convenções que será construído em Brasília. É algo para daqui a dois, três anos. Mas a gente já tem que ir pensando lá na frente. Que tipo de luz, de lâmpadas. Já fiz muitos projetos com os mineiros e para os mineiros”, diz.

Entre os trabalhos realizados por Maneco em Minas estão duas óperas no Palácio das artes, espetáculos do Grupo Galpão, como A Rua da Amargura e Pequenos milagres, e o show Tambores de Minas, de Milton Nascimento. O iluminador acaba de ser convidado pelo diretor Dennis Carvalho para fazer a luz de um musical sobre o Clube da Esquina. Os dois já haviam trabalhado juntos em Elis, a musical. “Dennis é muito ligado ao Bituca e me chamou”, conta Maneco. Ainda em fase de captação de recursos, o musical não tem data de estreia definida.

Nascido em Teresina (PI), Manoel Castello Branco (seu nome de batismo) incorporou o sobrenome da mãe, a produtora e atriz Fernanda Quinderé, de 80 anos. No começo dos anos 1980, aos 18 anos – hoje ele está com 55 –, Maneco começou por acaso a trabalhar com iluminação. Já morando no Rio de Janeiro, cidade que acabou adotando como sua, ele atuava como contrarregra da peça Barreado. “Eu era assistente do iluminador Aurélio di Simoni. Lembro-me de que eu estava sentado, quando o vi ajeitando a luz e perguntei se podia dar uma força. Ele gostou muito de mim, porque eu era proativo. Ali foi o início de tudo e tomei gosto pela coisa”, conta.

O primeiro trabalho solo como profissional foi em 1984, com o espetáculo Galvez, o imperador do Acre, que acabou sendo um grande fracasso. Originalmente, a iluminação seria do mesmo Aurélio di Simoni, que desistiu do projeto. “Acabei assumindo. O elenco tinha Miguel Falabella, Claudia Jimenez, Guilherme Karan. Todo mundo estava começando. Mas a peça não foi bem recebida pelo público e ficou apenas 15 dias em cartaz. Ela tinha quatro horas de duração. Se eu consegui fazer aquilo, daria conta de qualquer coisa”, afirma.

A partir de então, outros trabalhos foram surgindo, sobretudo na iluminação cênica. Com uma trajetória já conhecida no teatro, ele foi convidado por Marisa Monte, que dava os primeiros passos na música, para fazer a  iluminação de seu primeiro show. “Marisa era atriz e me conhecia dos palcos. Isso foi fim dos anos 1980, começo dos 1990. A partir dali, mergulhei de cabeça e fiz os shows das principais bandas de rock daquela época, como Kid Abelha, Legião Urbana. A vida foi muito generosa comigo e foi me levando para todo tipo de modalidade –teatro, show, ópera, desfile de moda, exposições, vitrine de loja, até carnaval. O cavalo foi passando, eu fui montando e descobrindo uma linguagem para cada tipo de produção”, diz. Em BH, fora do campo artístico, Maneco Quinderá assina a iluminação de duas redes de academia.

Com os grandes nomes da música, fez turnês de Chico Buarque, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Lenine e Vanessa da Matta. Na São Paulo Fashion Week iluminou desfiles em diversas edições, inclusive na que terminou na semana passada. Entre as montagens teatrais estão Um dia, no verão, com Renata Sorrah; A dona da história, com Marieta Severo e Andrea Beltrão; Palácio do fim, com Camila Morgado; Pérola, de Mauro Rasi/ Orfeu da Conceição, clássico de Vinicius de Moraes; Toda nudez será castigada, de Nelson Rodrigues; Histeria, com direção de Jô Soares. No carnaval, assinou carros alegóricos e desfiles de escolas de samba como Mangueira e Grande Rio.





PRÊMIOS


Dono de uma coleção de prêmios Moliére (1987 e 1994) e Shell (1994, 1998, 1999, 2005, 2011 e 2014), o iluminador diz achar que o diferencial de seu trabalho é o tipo de diálogo que mantém com o diretor e a equipe técnica. “Sei lidar com aquela cena. Consigo entender, na maioria das vezes, o que o diretor quer passar. O segredo é esse: me colocar na posição do diretor, e não na do iluminador, para tentar transmitir o que ele quer.”

Maneco Quinderé diz que não consegue definir o seu estilo e observa que já atravessou várias fases profissionais. Ainda assim, avalia que sua marca é reconhecível. “Acho que tem algo que me identifica, mas já fui extremamente colorido, hoje trabalho muito com o branco. Já tive tantas mudanças de olhar. Sempre estou pesquisando. Iluminação é igual medicina. A gente tem que estudar muito, conhecer as novas tecnologias. Quando comecei, nem LED existia.”

A iluminação de residências e outros ambientes, como lojas e restaurantes, acabou sendo uma consequência na carreira de Maneco Quinderé. Foi em 1999 que a arquitetura entrou em sua vida e não saiu mais. Uma conhecida o chamou para fazer a iluminação de sua casa. “Costumo dizer que há trabalhos legais e outros não tão legais. E isso não tem nada a ver com o fato de ser um projeto arquitetônico ou cênico”, afirma. Para o o iluminador, “a única diferença é que a arquitetura precisa de mais técnica, enquanto o teatro exige mais criatividade”.

Atualmente, ele assina a iluminação do musical O frenético Dancin’ Days, que tem texto de Nelson Motta e Patrícia Andrade e está em cartaz no Rio. É dele também a luz da comédia Minha vida em Marte, com a atriz Mônica Martelli, em turnê pelo país.

Na TV, as experiências de Maneco Quinderé são pontuais e incluem a iluminação de um clipe de Mariah Carey para o Fantástico e a minissérie Hilda Furacão (Globo). “TV é uma coisa em que eu não sou muito ligado. Nesse caso da série, fiz a iluminação de uma cena de cabaré. Não desgostaria de fazer, mas gosto mesmo é de teatro, ópera, de arquitetura.” Para ele, o mais fascinante de sua profissão é o processo criativo. “Adoro criar, desenhar minhas luminárias. Deixar a imaginação rolar e ver toda essa parte, desde a concepção até o projeto pronto. A parte chata é lidar com o dinheiro. A questão criativa é o que me motiva sempre.”

Com um escritório no Rio de Janeiro e outro em São Paulo, Maneco Quinderé chegou a tentar morar na capital paulista, mas não se adaptou. A paixão pela Cidade Maravilhosa acabou falando mais alto. “Sou piauiense, morei também no Ceará, onde até hoje vive minha mãe, mas não me vejo morando em outro lugar sem ser o Rio, mesmo com todos os problemas da cidade. Essa natureza me inspira e fascina. Moro no apartamento 201 e trabalho no 202. É um predinho de três andares no Jardim Botânico. É uma maravilha.”



"Acho que tem algo que me identifica, mas já fui extremamente colorido, hoje trabalho muito com o branco.  Já tive tantas mudanças de olhar. Sempre estou pesquisando. Iluminação é igual medicina. A gente tem que estudar muito, conhecer as novas tecnologias. Quando comecei, nem LED existia"

. Maneco Quinderé
, iluminador


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