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Cuidado com a vaidade


postado em 30/10/2018 09:13



A morte da jovem que procurou uma clínica em BH para fazer aplicação de produto para aumento de mama provocou até parecer público da Associação Médica de Minas Gerais, mesmo que ela tenha se submetido ao processo em um local devidamente controlado. Esse tipo de acidente não é muito comum. Mesmo assim, especialistas alertam que substâncias preenchedoras permanentes como silicone, PMMA ou metacrilato, que são absolutamente sintéticas (não produzidas pelo corpo), podem provocar reações imediatas ou tardias, pois não conseguem ser absorvidas pelo organismo.

De acordo com o cirurgião paulista Marcelo Kyrillos, diretor do Grupo Ateliê Oral, a busca desenfreada “pela beleza a qualquer custo”, em que pacientes se submetem a procedimentos estéticos em imóveis residenciais, e não em clínicas, sem ter referências do profissional, dos materiais que serão utilizados nos procedimentos e das consequências que podem provocar no organismo têm feito muitas vítimas no Brasil.

Dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica mostram que os procedimentos mais realizados atualmente são os da face, como preenchimentos e liftings. O número de implantes de silicone e lipoaspiração tem crescido, em média, 10% ao ano no Brasil. Já a Sociedade Brasileira de Odontologia Estética estima que a busca por lentes de contato dentais aumentou cerca de 300% nos últimos anos. Esse é outro tipo de “reforma” que está na moda: cuidar da imagem bucal. As chamadas lentes de contato para os dentes são a ultranovidade da vez.

“As pessoas não podem banalizar os procedimentos. Aparentemente, eles podem não ser complicados, mas precisam ser realizados por profissionais reconhecidos e ativos em suas sociedades médicas para evitar qualquer problema à saúde”, adverte Kyrillos. PMMA, explica o especialista, é a sigla de polimetilmetacrilato – material usado para preenchimentos corporais. É um tipo de plástico, apresentado em formato de microesferas. Por ser implante definitivo, pode causar formação de nódulos, enrijecimento da região, infecção, alergias, dor crônica e rejeição do organismo.

O especialista recomenda o uso de preenchimentos temporários, feitos com ácido hialurônico. “É muito importante saber a procedência do material, se ele é compatível com a pele, se é aprovado pela Anvisa para ser usado no país”, esclarece.

Quando se fala de preenchimento labial, especificamente, ele é feito com ácido hialurônico, pois é mais seguro e o material costuma desaparecer depois de um ano. Porém, o efeito estimulador de colágeno que ele provoca faz o resultado durar um pouco mais. As duas principais contraindicações são para pessoas que têm alguma doença autoimune, como o lúpus, por exemplo, e grávidas. Se o paciente tiver herpes labial e infecções na boca recorrentes ou estiver doente, com pneumonia ou alguma infecção, ele também não deve realizar o procedimento.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, as pessoas que se sentem infelizes por problemas estéticos normalmente padecem de uma doença chamada baixa autoestima. Fazer bonito nas fotos e “tirar selfies melhores” foram o motivo para 55% das intervenções plásticas em 2017, em comparação com 13% em 2013, segundo levantamento da Academia Americana de Plástica Facial e Cirurgia Reconstrutiva (Aafprs). Esse estudo apontou que 56% dos cirurgiões pesquisados notaram o aumento do número de clientes com menos de 30 anos.

Kyrillos ressalta que nos deixamos levar por diversos procedimentos estéticos disponíveis no mercado e somos influenciados por clínicas que prometem salvar a autoestima. Porém, a beleza fica melhor quando é responsável e anda junto da saúde, ressalta o especialista.


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