Jornal Estado de Minas

HISTÓRICO

Cientista brasileira ajuda a ampliar nitidez de imagem de buraco negro

Capturada em 2019 pela equipe que gere o "Event Horizon Telescope - EHT" (sigla em inglês para Telescópio de Horizonte de Eventos), a primeira imagem já feita de um buraco negro na história da astronomia ganhou maior nitidez graças aos esforços de pesquisa liderados por uma brasileira.





A astrofísica nascida no Rio de Janeiro, Lia Medeiros, é pesquisadora do Instituto de Estudos Avançados dos Estados Unidos. Em um estudo publicado em fevereiro desse ano no Astrophysical Journal Letters e divulgado nesta quinta-feira (13), ela e uma equipe de outros cientistas utilizaram os dados de observações do EHT para fazer os aperfeiçoamentos.

Na ocasião, o registro do M87*, nome do buraco negro fotogradado, tinha aparência de estar "borrado". Com a atuação de Lia e seus pares, as imagens capturadas à epoca tiveram sua nitidez ampliada e podem ser vistas com mais detalhes, até então, inéditos.

Ajuda do PRIMO

Conhecido pelo acrônimo em inglês PRIMO, o algoritmo de inteligência artifical se baseia na técnica de aprendizado de máquina para dar mais definição para imagem capturada. A ideia é que, ao utilizar os dados obtidos pelo EHT, que possui telescópios espalhados em diferentes locais do globo, a qualidade fique melhor.





Esses dispositivos coletam milhares de terabytes de dados à medida em que Terra gira sob o seu próprio eixo. O sistema, então, é treinado para analisar mais de 30 mil imagens simuladas de buracos negros. Assim, é possível preencher os espaços "vazios" que não tinham sido percebidos, aumentando a nitidez da nova imagem.
Sobre o algoritmo, em um material divulgado no site do Instituto de Estudos Avançados, a pesquisadora brasileira afirma que a nova imagem é a mais nítida possível, até o momento.

"Com a nossa técnica de aprendizado com PRIMO, nós somos capazes de atingir a máxima resolução da atual imagem", disse Medeiros.

A pesquisadora, que nasceu no Rio de Janeiro, ressalta que a descoberta é significativa para se entender melhor o comportamento dos buracos negros (foto: Reprodução/Steward Observatory/Drew Bourland)


Ela também ressalta a importância desse avanço. A partir desse aperfeiçoamento das imagens, os pesquisadores poderão entender melhor o comportamento do buraco negro e suas mais novas particularidades.

"Como não podemos estudar os buracos negros de perto, o detalhe de uma imagem tem um papel crítico em nossa capacidade de entender seu comportamento", completou.