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Entendeu, ou quer que desenhe?

Pesquisa canadense aponta que desenhar dá mais resultado do que anotar informações importantes. Descoberta poderá melhorar as abordagens de preservação da memória


postado em 13/01/2019 05:06

A fim de evitar que alguma tarefa seja esquecida, a maioria das pessoas recorre ao hábito de anotá-la. Mas a chance de se lembrar de algo importante pode ser maior caso se faça um desenho, segundo pesquisadores canadenses. Eles realizaram análises cognitivas com adultos jovens e idosos e concluíram que ilustrar é um método extremamente eficiente para ajudar a reter novas informações, principalmente para pessoas com idade avançada. As descobertas foram publicadas na revista Experimental Aging and Research e podem ajudar em tratamentos para problemas de memória, como o Alzheimer.

Em estudos anteriores, a equipe havia detectado que o desenho é uma estratégia de codificação de informações altamente eficaz para adultos jovens, proporcionando maiores benefícios de memória do que outras técnicas de estudo. Na nova fase, os investigadores resolveram analisar se o mesmo resultado poderia ser observado em idosos. “Estávamos especificamente interessados em determinar o quão benéfica poderia ser a prática do desenho para reter informações na população de adultos mais velhos, já que essa faixa etária experimenta declínios significativos no funcionamento da memória”, conta ao Estado de Minas Melissa Meade, uma das autoras do estudo e pesquisadora em neurociência cognitiva na Universidade de Waterloo.

No experimento, os pesquisadores compararam diferentes tipos de técnicas para auxiliar na retenção de um conjunto de palavras. Foram analisados 30 voluntários, divididos em dois grupos conforme a faixa etária: estudantes de graduação e idosos. Os participantes podiam desempenhar tarefas diferentes para memorizar cada palavra: escrita, desenho ou uma listagem de atributos físicos relacionados ao item.

Depois da realização da atividade, a memória dos participantes foi avaliada. Os integrantes de ambos os grupos mostraram melhor retenção quando recorreram ao desenho, sendo que o desempenho foi ainda maior entre os idosos. “Descobrimos que o desenho otimizou a memória de adultos mais velhos mais do que todas as outras técnicas testadas e que são mais conhecidas”, ressalta Meade. “O desenho melhora a memória em uma variedade de tarefas e populações, e a simplicidade da estratégia significa que ela pode ser usada em muitos ambientes”, completa Myra Fernandes, também autora do estudo e pesquisadora da universidade canadense.

ZONAS PRESERVADAS A retenção de novas informações normalmente diminui à medida que as pessoas envelhecem, devido à deterioração das estruturas cerebrais envolvidas na memória, como o hipocampo e os lobos frontais. Mas as regiões de processamento visual espacial do cérebro – envolvidas na representação de imagens – ficam praticamente intactas durante o envelhecimento normal e a demência. “Achamos que o desenho é particularmente relevante para as pessoas com demência, porque ele faz uso melhor das regiões do cérebro que ainda estão preservadas”, frisa Meade.

Leonardo Oliva, geriatra e presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia na Regional Bahia, também acredita que o uso dessas áreas preservadas no cérebro é a justificativa para os melhores resultados obtidos no experimento canadense. “Quando desenhamos, usamos a parte relacionada à visão espacial, uma parte do cérebro que é mantida em pleno funcionamento mesmo durante o envelhecimento. Esse é um conceito que já conhecemos. Quando outros elementos estão envolvidos, como o cheiro, o tato e a emoção, ficam mais vívidos na nossa memória”, explica.

Os autores do trabalho canadense dão continuidade à pesquisa, investigando a eficácia do desenho como auxílio para indivíduos com demência que experimentam declínios rápidos na memória e no funcionamento da linguagem. “Também estamos investigando as regiões específicas do cérebro envolvidas na memória, usando ressonância magnética funcional em adultos jovens saudáveis. Esperamos encontrar regiões envolvidas no processamento de informações visuais perceptuais, motoras e semânticas que sejam mais ativas quando um indivíduo se lembra de palavras que foram estudadas por desenho, comparando com a técnica da escrita”, complementa Meade.

A pesquisadora aposta que os resultados do trabalho poderão ser usados na área terapêutica. “Acreditamos que nossas descobertas têm implicações empolgantes para ajudar pacientes com demência a manter memórias episódicas valiosas durante a progressão da doença”, explica.

Para o médico brasileiro, se mais resultados positivos forem obtidos, o desenho poderá se tornar uma alternativa a ser explorada em tratamentos de preservação da melhora. “É um estudo ainda muito pequeno, que chamamos na área de estudo original. Ele abre as portas para outras pesquisas. Mas, ainda assim, é algo que pode se unir a outras técnicas que já são usadas para impedir que a memória se deteriore, como a música e a dança”, afirma Leonardo Oliva.


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