Jornal Estado de Minas

Saúde

Osteomalácia oncogênica, doença rara exige atenção aos sinais

 

A osteomalácia oncogênica (TIO) é uma síndrome paraneoplásica rara causada por pequenos tumores que produzem grandes quantidades de FGF23, uma proteína responsável por regular o fosfato e a vitamina D, importantes para a saúde óssea.





 

Estima-se que haja menos de 1.000 casos descritos no mundo. Por isso, há de se alertar sobre o desconhecimento da doença, pois pode atrapalhar e atrasar um diagnóstico preciso.

Os tumores, geralmente pequenos e benignos, podem aparecer em qualquer parte do corpo, da cabeça aos pés, e são de difícil localização.

 

Como consequência desta condição, os ossos se tornam frágeis, ficando sujeitos a fraturas múltiplas, incluindo lesões na coluna vertebral, redução da altura e dores ósseas difusas.

Também são comuns dores e fraquezas musculares, além de dificuldade para caminhar. 

 

"Levando em consideração que a rigidez e a integridade dos ossos dependem de fósforo, os níveis diminuídos deste elemento terão impacto na qualidade óssea. O fósforo também faz parte da geração de energia para o adequado funcionamento do organismo, que também será impactada com sua redução. Além disso, a elevação de FGF23 compromete a produção de vitamina D na sua forma ativa, prejudicando a absorção pelo intestino do cálcio e do fósforo ingeridos na alimentação", explica a endocrinologista Maria Marta Sarquis Soares, professora titular no departamento de Clínica Médica da Universidade Federal de Minas Gerais.





 

Vale salientar que, além de rara, os sintomas da TIO são inespecíficos, o que facilita ainda mais para que ela seja confundida com outras doenças – como a osteoporose e a artrite inflamatória – podendo atrasar em muitos anos o diagnóstico correto e o tratamento adequado. Uma identificação precoce permite uma melhor qualidade de vida ao paciente.

 

A TIO pode afetar qualquer indivíduo, entretanto, o pico de incidência varia entre 40 e 45 anos, e nem sempre será possível remover o tumor porque, muitas vezes, eles são muito pequenos e podem não ser localizados, ou ainda estarem em regiões inoperáveis.

Contudo, já existe medicamento capaz de tratar a patologia.

 

"O tratamento inibe a atividade biológica do FGF23, restaurando a reabsorção renal de fosfato e elevando a produção de vitamina D ativa, garantindo, assim, mais qualidade de vida ao paciente e aos familiares. O diagnóstico e seguimento geralmente são feitos por médicos endocrinologistas, nefrologistas, reumatologistas ou ortopedistas, e o tratamento multidisciplinar é de extrema importância para que se possa discutir as melhores opções de cuidado", conclui a médica.

 

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