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Estado de Minas SAÚDE

Adolescentes podem fazer cirurgias plásticas? O que dizem os especialistas

Cada caso deve ser avaliado em conjunto com médicos, paciente e família; jovens devem ficar atentos com a influência das mídias sociais na decisão


23/07/2021 18:12 - atualizado 23/07/2021 20:51

Médicos dizem que a análise dos casos para a cirurgia plástica está relacionada à saúde física e emocional(foto: Reprodução/ Pixabay)
Médicos dizem que a análise dos casos para a cirurgia plástica está relacionada à saúde física e emocional (foto: Reprodução/ Pixabay)
A fase da adolescência é marcada por diversas alterações, entre elas no corpo. A vontade de mudar alguns aspectos físicos pode ser tentadora, porém é preciso estar por dentro da real necessidade de certos procedimentos, como as cirurgias plásticas
 
Segundo o último levantamento da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) os procedimentos entre jovens de 13 a 18 anos representavam 4,8% do total no país em 2018.

Entre as cirurgias mais feitas pelos adolescentes estão a prótese de silicone nos seios, redução de mama, ginecomastia (redução de mama masculina), lipoaspiração, rinoplastia (correção do nariz) e otoplastia (correção das orelhas). 

"Os adolescentes têm uma procura muito grande para cirurgias nas mamas, seja o aumento ou a redução. A otoplastia e rinoplastia também são muito procuradas. Algumas adolescentes procuram pela lipoaspiração, mas a aprovação dessa é muito de exceção", diz o cirurgião plástico, Luís Felipe Maatz, membro da SBCP. 
 
Segundo o médico, as cirurgias são motivadas pela percepção do próprio paciente de alguma alteração no corpo.

"Quando o menino tem uma mama que desenvolveu na adolescência e não está voltado ao normal, ele percebe que está diferente dos amigos e pode, até, virar vítima de bullying. Alguns têm autopercepção e decidem individualmente sobre a cirurgia, outros sofreram com algum tipo de piada", explica.
 
Cirurgia plásticas podem ter benefícios inclusive emocionais, diz médico(foto: Divulgação/ Luís Felipe Maatz)
Cirurgia plásticas podem ter benefícios inclusive emocionais, diz médico (foto: Divulgação/ Luís Felipe Maatz)


A análise dos casos nem sempre está relacionada só à saúde física. É também emocional.

"Em todos os casos é preciso analisar os dois lados, tanto estético quanto à saúde. A cirurgia plástica muitas vezes é conhecida como a cirurgia psicológica, porque muitas vezes ultrapassa os limites físicos. Após a operação, a gente vê pessoas com relações interpessoais melhoradas, aumento da autoestima, diminuição da timidez. São ganhos inestimáveis para a vida" disse o cirurgião.
 
Cada tipo de cirurgia tem uma idade mínima para ser feita, em geral a média é entre os 15 a 17 anos, quando o desenvolvimento corporal fica estável.

"A idade depende de cada cirurgia. A otoplastia, especificamente, pode ser feita numa idade bem nova. Pacientes a partir dos 7 anos já podem ser submetidos a cirurgias desse tipo, em alguns casos até antes", diz Luís Felipe Maatz.
 
"Já as demais cirurgias, habitualmente, a gente espera o desenvolvimento corporal numa idade que já tem a estabilização das mudanças corpóreas. A redução mamária, por exemplo, não é feita no início da adolescência. Depende do parecer do pediatra e ginecologista, esperamos o desenvolvimento completo para podermos fazer a conclusão. O mesmo funciona para colocar prótese", conta.

Influências 

As distorções apresentadas por redes sociais podem fazer parte da decisão dos adolescentes em querer fazer uma cirurgia, como se esse caminho fosse a solução de um corpo supostamente perfeito.

Segundo Stella Azulay, especialista em Análise de Perfil e Neurociência Comportamental, a ditadura da beleza conta muito para a insatisfação das pessoas com os próprios corpos. 
 
"A ditadura da beleza é um fenômeno que penaliza os adolescentes, que nunca estão satisfeitos com a própria imagem e vivem em busca de uma pseudo perfeição. Esta fase, por si só, já engloba uma série de alterações físicas e psicológicas difíceis de lidar. Passar por elas neste momento turbulento de pandemia, cujo emocional de todos já está desestabilizado, se torna um desafio ainda maior", afirma Stella Azulay.
 
Pelo lado médico, o cirurgião Luís Felipe Maatz também acredita que as mídias sociais exercem um papel na decisão, porém agem como 'a gota d'água'.

"As redes são um movimento que acabam influenciando as pessoas. Elas têm um poder muito grande, porém não acho que são os motivadores iniciais, mas sim o final. Sendo a gota d'água para o procedimento", comenta.
 
Ele alerta para as publicações médicas em redes sociais que constam fotos de antes e depois do procedimento, como forma de se promover: "O meu público específico acaba sendo filtrado pela maneira que eu encaro a cirurgia. Não entro em modismo, tenho uma postura muito séria. Por outro lado, temos médicos que postam antes e depois – proibido pelo Código de Ética Médica –, o que pode ser um influenciador da possível necessidade de cirurgia e induzir o paciente a pensar que o resultado da foto é uma garantia".

Procurando um especialista

Para iniciar o processo de operação, os adolescentes devem ir a uma consulta, acompanhados dos responsáveis, para avaliar a real necessidade do procedimento.

"Abaixo dos 18 anos, é preciso ter uma avaliação criteriosa, junto com pais e outros especialistas. Primeiramente é preciso ir na consulta com um cirurgião plástico que seja da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, com os pais acompanhando o adolescente", disse Luís Felipe.
 
"O cirurgião deve avaliar a alteração corpórea, porque existem condições que não há alteração real. Identificado, é preciso discutir com os pais sobre a anuência dessa cirurgia e, dependendo de cada caso, é necessário o parecer de um pediatra, psicólogo e em casos específicos, um ginecologista, para decidirem o melhor momento de operar" explica o médico.
 
"A cirurgia plástica tem seus benefícios e nunca deve ser banalizada. Recomendo que o paciente procure um cirurgião baseado em indicações, verifique se é um profissional com boa formação. É uma escolha muito séria para ser influenciada pela fama de mídias socias do cirurgião. O paciente deve avaliar sua capacitação técnica", finaliza.
 
*Estagiária sob supervisão da subeditora Kelen Cristina


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