Jornal Estado de Minas

SAÚDE

Câncer que matou piloto André Ribeiro atinge órgãos vitais e é silencioso

 
O ex-piloto da Fórmula Indy André Ribeiro morreu no último sábado (22/5), aos 55 anos, vítima de câncer no intestino, neoplasia caracterizada pelo crescimento desordenado das células que revestem o intestino grosso. Nesse tipo de quadro, há uma degeneração dessas células e elas passam a se multiplicar e formar nodulações invasivas acometendo cada vez mais profundamente o órgão. Em casos avançados, estruturas próximas e a distância também podem ser acometidas. 





Mas, por que ela pode ser tão letal? Segundo o membro titular da Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP) e presidente da Sociedade Mineira de Coloproctologia (SMCP), Bruno Giusti Werneck Côrtes, em razão da evolução descontrolada da doença, principalmente em órgãos considerados vitais, como fígado, pulmão e cérebro, causando falência das funções e morte do paciente. “Por isso, é importante a identificação precoce para aumentar as chances de cura.” 

Porém, esse diagnóstico pode ser dificultado em razão de um empecilho: a sintomatologia silenciosa. “O câncer de intestino é assintomático nos estágios iniciais da doença. À medida que a doença avança, podem surgir sintomas como alterações do hábito intestinal, perda de peso e presença de sangue nas fezes”, explica Hélio Antonio Silva, membro da Sociedade Brasileira de Coloproctologia.  

Nesse cenário, Bruno Côrtes avalia que quando os primeiros sinais aparecem, normalmente, a doença já está em estágio avançado, diminuindo as chances de cura. Ele explica, ainda, que há processos para se chegar à conclusão de um quadro de câncer de intestino.

“Quando os sintomas aparecem, geralmente as lesões já estão avançadas e a cura, mais difícil. O diagnóstico pode ser feito durante a consulta médica pelo exame clínico, todavia isso só é possível se o tumor está na parte final do intestino.” 

“O diagnóstico final será dado pela colonoscopia, exame que filma o intestino grosso e pode identificar e realizar biópsias, que ajudarão na definição do tipo de tumor”, afirma. Ainda de acordo com o presidente da SMCP, o adenocarcinoma, que é derivado das células que revestem o intestino grosso, é o tipo mais comum de câncer de intestino.
 
(foto: Vithal Comunicação/Divulgação)
 

“Entretanto existem tipos mais raros, como linfoma, tumores estromais, carcinoides e de células escamosas. No caso do piloto André Ribeiro, apesar de não termos informações detalhadas, tudo leva a crer que era um adenocarcinoma, lesão que quando descoberta no início tem mais de 90% de chance de cura. O problema é que por apresentar crescimento silencioso e principalmente quando acomete pacientes jovens como o caso do André, o diagnóstico é tardio e já em situação mais avançada e grave.” 

TRATAMENTO 


Haja vista os riscos de morte e falência dos órgãos, em razão de o câncer ir aumentando de tamanho com o decorrer do tempo e invadindo outros órgãos, a identificação precoce é muito importante para que o tratamento adequado seja inserido a tempo de promover a cura. Desse modo, os especialistas afirmam que a terapia pode ser feita de várias maneiras, sendo caracterizada como multidisciplinar. 





“Geralmente, o tratamento de câncer de intestino envolve remoção da lesão e uso de quimioterapia e/ou radioterapia. A modalidade de tratamento será definida de acordo com a localização, estágio de evolução e tipo de tumor”, explica Bruno Côrtes. 

Bruno Giusti Werneck Côrtes, membro titular da Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP) e presidente da Sociedade Mineira de Coloproctologia (SMCP) (foto: Vithal Comunicação/Divulgação)
Ele pontua, ainda, que, a fim de melhorar a qualidade de vida do paciente, diversas medidas podem, e devem ser tomadas pela equipe médica para que o bem-estar seja mantido na medida do possível.

“Todo câncer deve ser tratado da melhor maneira à luz do conhecimento científico e dos recursos da medicina. Os médicos especialistas, como os coloproctologistas, oncologistas e radioterapeutas, farão de tudo para alcançar a cura, seja ela cirurgia ou clínica.” 

“Infelizmente, nem todos os pacientes poderão ser curados. Nesses casos, há tratamentos considerados paliativos para diminuir o avanço da doença, melhorar a qualidade e prolongar a vida. Sempre há o que fazer”, pondera. 





PREVENÇÃO 


O câncer de intestino, segundo Hélio Antonio Silva, é provocado por alterações genéticas nas células do intestino. “Essas alterações podem ser adquiridas devido à exposição a substâncias carcinogênicas da alimentação, da poluição e do ambiente. Também podem ser alterações herdadas geneticamente.” 

Justamente por isso, adotar medidas preventivas é muito importante, principalmente tendo em vista os danos e consequências da doença no corpo.

“O câncer de intestino pode ser evitado por meio de rastreamento. Com o rastreamento, que pode ser feito por meio de pesquisa de sangue oculto nas fezes ou de colonoscopia, podemos identificar pólipos – lesões pré-malignas – e retirá-los, evitando o desenvolvimento do câncer”, afirma. 

Esses exames preventivos devem ser feitos por pacientes entre 45 e 50 anos. No caso de pessoas com familiares com histórico de câncer, esses exames devem ser realizados aos 40 anos ou 10 anos antes da idade em que o parente desenvolveu o câncer. “O que vier primeiro”, recomenda Bruno Côrtes. 





Ele indica, também, a adoção de medidas que diminuam a chance de desenvolvimento da doença, como hábitos saudáveis, prevenção essa conhecida como primária. Confira dicas do presidente da SMCP: 

Evite alimentos ultraprocessados: sempre evite alimentos ultraprocessados (embutidos, enlatados e pré-prontos), pois contêm nitratos e nitritos, que podem aumentar o risco de câncer de intestino; 

Restrinja o consumo de carne vermelha: é importante evitar consumir principalmente aquelas submetidas a superaquecimento, como churrasco, pois também estão associadas ao aumento do risco de câncer; 

Investa na alimentação saudável: alimentos naturais, ricos em fibras, vitaminas e minerais são essenciais e, portanto, devemos incluir na alimentação pelo menos seis porções de fibras vegetais como frutas, legumes, verduras e cereais; 

Beba água constantemente: a hidratação adequada é primordial, pois a água é o lubrificante natural de nosso corpo e tem papel fundamental no funcionamento do intestino e na eliminação das toxinas e carcinogênicos; 

Pare com o tabagismo: fator fundamental para a prevenção da maioria dos cânceres, não somente colorretal, visto que o cigarro tem milhares de substâncias carcinogênicas em sua composição; 

Faça atividades físicas regulares: a realização de pelo menos 30 minutos de atividade física, ao menos quatro vezes por semana, ajuda no controle de peso e auxilia no funcionamento intestinal adequado. 
 
Em nota, assinada pela presidente da Associação Brasileira de Embalagem de Aço (Abeaço), Thaís Fagury, a entidade esclarece que alimentos embalados em latas de aço, conhecidos como “enlatados”, não necessitam da adição de conservantes químicos, como nitratos e nitritos. "Por formar uma barreira à oxidação, já que não permite a entrada de luz, a embalagem de aço mantém a aparência, sabor e qualidade nutricional de legumes, frutas e pescados. Devido ao processo de envase, esses alimentos são naturalmente esterilizados e conservados no vácuo, o que impede a proliferação de microrganismos."
 
"Alguns fabricantes adicionam ácido ascórbico (vitamina C) ou ácido cítrico, antioxidantes naturais encontrados em frutas, vinagres entre outros. Nitratos e nitritos são aditivos utilizados pela indústria de carnes para a conservação de alimentos ultraprocessados, como bacon, salsichas, presuntos e salames. Uma lata de salsicha, por exemplo, possui nitrito de sódio, da mesma forma que um salsicha embalada em plástico e refrigerada, pois trata-se de um produto ultraprocessado. A adição de conservantes químicos se deve ao tipo de alimento, não à embalagem", diz a nota.




 
Ainda, conforme a Abeaço, para efeito de comparação, uma lata de sardinha contém o peixe inteiro, em conserva, com temperos naturais, conforme a receita do fabricante. "Neste caso, não há a adição de conservantes químicos, porque a sardinha em lata não é um alimento ultraprocessado, mas peixe de verdade. Reiteramos que não há risco em consumir alimentos em lata de aço e não há qualquer evidência científica que relacione o consumo desses alimentos ao câncer."

*Estagiária sob a supervisão da editora Teresa Caram 

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