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Estado de Minas SAÚDE

Especialistas alertam para necessidade de check-up pós-COVID

Sequelas deixadas pela infecção pelo novo coronavírus exigem acompanhamento médico mesmo após a cura da doença. Entenda


09/02/2021 13:04 - atualizado 09/02/2021 15:40

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)

Que a COVID-19 é uma doença complexa, já se sabe. Não à toa, vira e mexe há novas dúvidas em torno da mutação genética do vírus, sua transmissibilidade e tratamento. Porém, o período pós-infecção também é misterioso e, portanto, merece e precisa de maior atenção. Isso porque o fim dos sintomas da doença – febre, dor de garganta, tosse, entre outros – não é indicativo de que tudo está bem no organismo do paciente.  

Uma vez infectado, danos podem ser percebidos a curto, médio e longo prazo, visto que as sequelas deixadas no paciente ainda são consideradas como “enigmas”, que aos poucos estão sendo desvendados. Portanto, o acompanhamento médico especializado e multidisciplinar é a melhor saída, haja vista que a fisioterapia respiratória por si só não garante vida saudável pós-COVID-19.  

Outro aliado da saúde após o organismo do infectado se ver livre da presença do vírus, e um dos mais importantes, é o check-up. “Alguns pacientes terão complicações que vão acontecer depois do período mais agudo. Por exemplo, a trombose ou embolia pulmonar, que são mais comuns e mais preocupantes”, afirma o clínico médico Ricardo Braga, coordenador de medicina hospitalar do Instituto Orizonti. 

“Outros já têm demais problemas de saúde, como insuficiência cardíaca ou diabetes, que a COVID-19 pode descompensar, com um desiquilíbrio inicial e posterior alteração desses problemas. Além disso, as infecções pelo novo coronavírus são muito variáveis, o que culmina em uma rápida melhora para alguns – em torno de quatro semanas –, em um longo tempo de sintomas para outros – 12 semanas ou mais – ou mesmo no que chamamos de síndrome pós-COVID, que é quando os sintomas surgem depois de muito tempo.” 

Por isso, o check-up é muito importante para ajudar esses pacientes a voltar ao seu habitual, identificar e tratar essas complicações que tendem a surgir e ajudar a compensar as doenças de base, explica o médico. Ele destaca, ainda, a importância da assistência médica no aconselhamento e melhor direcionamento de exames e tratamentos. 

Isso porque, haja vista a complexidade e variabilidade da doença no organismo de cada infectado, a periodicidade de atendimento e de realização de check-ups pode variar. “Os pacientes que tiveram a forma mais grave ficaram hospitalizados, passaram pelo CTI e, em alguns casos, foram até entubados, sofrem mais com a doença, tanto do ponto de vista físico quanto psicológico.” 

Esse grupo de pacientes, geralmente, já vai sair do hospital com um retorno já agendado e de forma mais precoce, em um período de até duas semanas, explica Ricardo Braga. 
 
Segundo Marisa Regenga, gerente de reabilitação do HCor, isso ocorre porque esses pacientes costumam ter mais comprometimento ou limitação funcional. "É preciso que esses pacientes tenham em mente que, apesar de se tratar de uma doença nova, já existem programas montados em algumas instituições para reabilitá-los no ambiente ambulatorial."

Já os pacientes que não tiveram a forma mais grave da doença, não necessitando de internação, dependerão da evolução dos sintomas para avaliar a periodicidade. Se esse paciente continuar tendo alguma dificuldade depois de quatro semanas, ele deve procurar um médico. "Porém, se houver melhora e retorno dos sintomas antes do período indicado, é necessário um atendimento mais precoce.” 
 
Marisa Regenga destaca, ainda, que é importante se atentar às queixas observadas depois da alta, pois geramente elas costumam ser direcionadas especificamente aos sintomas e complicações que o paciente manifestou durante o quadro de infecção pela COVID-19. "Um paciente que teve muita dor muscular, mas nenhuma manifestação respiratória, seguirá com o quadro de dor, e dificilmente desenvolverá um sintoma de fôlego curto, por exemplo", explica. 
 

EXAMES

 
Diante das possíveis complicações em vários sistemas do corpo – respiratório, cardiovascular, urinário, neurológico e endócrino –, Ricardo Braga recomenda um atendimento especializado e muldisciplinar. “Habitualmente, para avaliação de rotina, um clínico que tem experiência no acompanhamento de pessoas com COVID-19 dá conta da maior parte dos problemas. Porém, a saúde funciona como um trabalho em equipe.” 

No caso dos pacientes que apresentam sintomas mais específicos, como distúrbios de humor, depressão ou transtornos ansiosos, há necessidade de atendimento mais direcionado, como um psiquiatra, para fazer um acompanhamento. "O mesmo ocorre para pacientes que apresentam complicações maiores ou já tinham doenças de bases anteriormente a infecção pelo vírus, sendo necessário um atendimento individualizado com pneumologistas, cardiologistas, fisioterapeutas, nutricionistas, entre outros.” 

Ricardo Braga, clínico médico e coordenador de medicina hospitalar do Instituto Orizonti(foto: Grupo Oncomed/Diviulgação)
Ricardo Braga, clínico médico e coordenador de medicina hospitalar do Instituto Orizonti (foto: Grupo Oncomed/Diviulgação)
Mas e quanto aos exames da lista de check-up, quais não podem faltar? Isso, segundo Ricardo Braga, depende, e muito, do problema de cada paciente. Mais uma vez, atendimento especializado e individualizado é palavra-chave. Deste modo, após a infecção viral, quem teve sintomas leves da COVID-19 deve realizar exames clínicos e laboratoriais de rotina, como hemograma completo com diferencial de leucócitos e contagem de plaquetas. 

Já nos casos moderados, exames de imagem podem ser incorporados à investigação, como ecografias, ecocardiogramas ou tomografias. “Tudo isso depende dos sintomas apresentados pelo paciente. O médico pode ajudar nesse direcionamento, por isso a importância de manter, também, o acompanhamento especializado após a recuperação da doença.” 

O recomendado é que os exames de imagem sejam feitos 30 dias após o fim dos sintomas. Quanto aos pacientes que enfrentaram a forma grave da doença, com internação e uso de respiradores, a investigação deve ser ainda mais criteriosa e com o auxílio especializado. 

*Estagiária sob a supervisão da editora Teresa Caram 


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