Jornal Estado de Minas

MEDICAMENTOS

Impacto na saúde e nas despesas



Em 30 anos, uma pessoa gasta, em média, cerca de R$ 54 mil com medicamentos. Os cálculos foram feitos pela nutricionista e doutoranda Nayara Massunada Okazaki. Isso porque algumas doenças, como as metabólicas, cardiovasculares e neurológicas, necessitam de um tratamento de alto custo. A depender da patologia, o método para tratá-la ou curá-la pode demorar anos, o que gera ainda mais despesas. Sendo assim, alguns recursos permitem a redução desses gastos.



De acordo com Nayara Okazaki, em termos de prevalência, as enfermidades que fazem parte das doenças cardiovasculares são as que apresentam dados mais impactantes. Levando em consideração os custos com remédios, internação e tratamento subsequente, os valores são exorbitantes.

Ainda, no quesito custos, a diabetes mellitus tipo 2 chama a atenção. “Essa condição é caracterizada pela resistência à insulina, que pode ter como gatilho maus hábitos alimentares. Atualmente, o Brasil está entre os primeiros países no ranking de ocorrências da doença”, explica. Além disso, enfermidades como câncer, esteatose hepática e neurológicas também geram altos custos.

Nayara afirma que alguns tratamentos são longos, o que aumenta ainda mais a probabilidade de grande parte da renda do paciente ser destinada a esse propósito. “O tratamento de uma doença crônica pode levar anos. Se pegarmos apenas preço fixo mensal de um medicamento que custa R$ 150, ao fim de 12 meses o paciente teve um gasto de R$ 1,8 mil. Em 10 anos, são R$ 18 mil e, em 30, R$ 54 mil”, calcula.



A farmacêutica generalista Manuella Duarte explica que alguns fatores são capazes de influenciar diretamente no valor dos remédios, como a tecnologia usada a fim de evitar reações adversas, e o aspecto inovador do medicamento. “Quanto mais novas as moléculas, mais caras. À medida que são criadas cópias desses corpúsculos, aumenta a tendência de o preço cair.”

Além disso, Manuella ressalta que o alto custo dos remédios pode ser explicado, também, por algumas medidas estatais, como os impostos. “Após a patente do remédio cair, os genéricos podem ser feitos. E os tributos pagos por esses medicamentos são mais baixos que o produto de marca, inicialmente criado”, pontua.

FÓRMULA SIMPLES 

Apesar de, em alguns casos, a predisposição genética contribuir para a ocorrência da doença, em determinadas situações, os maus hábitos de vida da população são fatores que favorecem o aparecimento de patologias. “Alimentação não balanceada, rica em gordura saturada, aliada ao sedentarismo, sobrepeso, hipertensão, diabetes e tabagismo, por exemplo, aumentam consideravelmente o risco de o indivíduo ter um problema cardíaco no futuro”, explica a nutricionista.



Dessa forma, para ajudar a diminuir os custos, Nayara recomenda uma alimentação mais saudável. “Para prevenir doenças, a fórmula é simples: ingestão de mais frutas, legumes, cereais integrais e água. Com hábitos saudáveis, é possível reduzir o risco de muitas doenças, entre elas as cardiovasculares, evitando gasto desnecessário com medicamentos”, pontua. Além disso, uma dieta balanceada pode, inclusive, ajudar a diminuir a incidência de patologias em pessoas já predispostas geneticamente. “Outros pontos que devem ser levados em consideração são a redução do estresse e a frequência de atividades físicas.”

Os gastos também podem ser reduzidos por meio do consumo de medicamentos genéricos, que têm preços mais baixos. Segundo Manuella, a eficácia desses medicamentos devem ser iguais, uma vez que são produtos intercambiais à formulação inovadora. No entanto, a farmacêutica ressalta a importância de um acompanhamento médico especializado. “O médico é o profissional ideal para orientar o paciente para que ele possa ter uma boa resposta clínica ao tratamento.”

* Estagiária sob supervisão da editora Teresa Caram