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Estado de Minas

Resgate da natureza


postado em 17/11/2019 04:00 / atualizado em 16/11/2019 22:26

Fascinado pelas plantas desde criança, o biólogo Samuel Gonçalves diz que elas o ajudam a manter o foco(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press )
Fascinado pelas plantas desde criança, o biólogo Samuel Gonçalves diz que elas o ajudam a manter o foco (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press )


Em uma perspectiva macro, é tendência mundial levar de volta a natureza para as cidades, pontua o paisagista Benedito Abbud, com 50 anos de atuação no ramo. “Isso não é moda, é sério. A vegetação ajuda a melhorar a amplitude térmica e as ilhas de calor. Absorve o sol, deixando o dia fresco e, à noite, quando libera o calor, mais quente. Também ajuda a diminuir a poluição, favorece a umidade relativa do ar, além de diminuir a incidência de doenças”, explica. Ele ressalta que, muito mais que os benefícios ambientais, as plantas também têm papel fundamental em termos sociais.

O paisagista aponta como conceito em voga atualmente a biofilia, que significa o amor à natureza, a volta da atenção sobre as coisas vivas. “Biofilia é lidar com a vida, resgatar a natureza”, esclarece Benedito, que coordena um canal no YouTube chamado Criando Paisagens. Estar entre o verde, acrescenta, influi na saúde física e mental, é importante para crianças, adultos e idosos. Partindo da percepção de aromas, sabores e cores, conviver com plantas só tem pontos positivos, muito também no sentido psicológico. “A própria cor da vegetação alegra a paisagem”, salienta.

Em hospitais, exemplifica, é cada vez mais comum a introdução das plantas, com a especificação de tetos retráteis, por onde entra o sol e abre a visão para a natureza ao redor. “É sabido que ficar dentro do quarto o tempo todo é ruim. Para quem está em cadeira de rodas, por exemplo, ir para o bosque, tomar ar fresco, ver pássaros, peixes, árvores, é muito bom. Está provado que, em ambientes médicos com mais verde, a ocorrência de infecção hospitalar é menor”, diz Benedito.

Considerando as características da sociedade contemporânea, o paisagista demonstra a importância de sair da internet, dos ambientes virtuais, desconectar e aproveitar os ambientes naturais. Essa é uma preocupação mundial. Em uma escala menor, ele cita a oferta amplificada de cursos de jardinagem, fabricação de arranjos, entre outros. “Muitas pessoas estão deixando a profissão convencional para estabelecer uma ligação maior com o verde. Essa energia, essa vibração é fundamental. É uma busca pela natureza. Fato é que ficar 24 horas fechado em um escritório não faz bem para ninguém. Planta é vida.”

ENCANTAMENTO 

O biólogo e botânico Samuel Gonçalves, de 41, diz que é fascinado pelas plantas, paixão que carrega desde os 12. No início, lidava com suculentas e orquídeas, e o encantamento cresceu dia a dia. “Fui me aprofundando cada vez mais. As plantas são auxiliares terapêuticos, ajudam contra a depressão, a ansiedade, a organizar os pensamentos, manter o foco. No momento do cuidado com as plantas, nasce um vínculo, um senso de responsabilidade sobre um outro ser vivo. Você dispõe da própria energia para resolver as questões relacionadas ao cultivo”, afirma. Samuel diz que muitas pessoas pedem plantas de presente para não se sentirem tão solitárias e tristes – a planta é uma forma de companhia.

“Além da função ecológica de produção de oxigênio e renovação do ar (estudo da Nasa comprova que as plantas são capazes de retirar poluentes da atmosfera), tem o efeito visual, quando a planta é integrada à decoração. Sou apaixonado com as formas, cores e texturas. É uma sensação de bem-estar. Não consigo ficar longe das plantas. Elas unem as pessoas. Fiz muitos amigos por causa das plantas. Faço parte de um grupo que se encontra todas as sextas-feiras em uma feira de plantas e flores em Belo Horizonte para trocar mudas, trocar ideias.”

Autor do canal on-line Um botânico no apartamento, Samuel inclusive criou uma urban jungle no apartamento onde mora, na capital. Todas as paredes são tomadas por plantas, dentro da coleção de aráceas, que é a maior do gênero no país. São antúrios, filodendros, costela-de-adão, tinhorão, copo-de-leite, entre outras. “É uma relação de muito amor e afeto. Acho que a palavra-chave é contemplação. Apreciar, meditar observando as plantas, as nervuras das folhas, perceber cheiros diferentes”, conta. Afinal, quem cuida ama, e quem ama cuida.


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