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Estado de Minas ALERTA SENTIMENTAL

Livro desarma o dom Juan do século 21

Eles fisgam vítimas na web e focam em mulheres carentes, na faixa dos 50 anos ou mais. Sobrevivente de um relacionamento malsucedido, empresária traça o perfil desse conquistador


postado em 25/08/2019 04:00


 






Foram 12 meses felizes com a ideia de “ter encontrado o príncipe encantado”. Até cair do cavalo, ao descobrir que o homem com quem se relacionava mantinha dezenas de namoradas ao mesmo tempo. Resumidamente, essa é a história real vivida por Priscila Bentes, empresária paulistana, de 58 anos. A partir da própria experiência e de muito bate-papo entre amigas, ela percebeu que não é raro mulheres da mesma geração – na faixa etária dos 50 –, caírem no conto do dom Juan contemporâneo. Da constatação, veio o desejo de alertar os pares com a escrita do livro Can@lha.com, “A narrativa é um misto de confissão, jornalismo investigativo e autoajuda”, descreve a autora.

Segundo constatação de Priscila Bentes, a idealização de encontrar um parceiro, ancorada em pilares da cultura e educação, é o que torna mulheres na casa dos 50 vítimas em potencial para conquistadores. “Muitas de nós carregam a ilusão de que casamento, filhos e família são o princípio, o meio e o fim, crença marcada por uma criação secular. Soma-se a isso a ideia de o homem ser a salvação, de trazer a felicidade prometida nos contos de fadas. Isso está quase que impresso em nossa alma. Ainda bem que as novas gerações vêm mudando essa perspectiva”, aponta.

O medo da solidão também pesa. “Uma mulher madura e sozinha, geralmente, está em busca de alguém, teme envelhecer só. Ela tem uma urgência, que se transforma em carência. Essa mulher frágil, solitária, que ainda acredita que vai encontrar um príncipe, é um prato feito para um canalha. Ele tende a seduzir, contar histórias que ela sempre desejou ouvir... e ela vai se entregar na maior parte dos casos”, sentencia.

Na história de Priscila, o abuso da relação malsucedida se resume ao aspecto emocional. Ainda assim, fez estragos. Mas é importante frisar que o perfil desse conquistador, que encontra nas redes sociais um campo vasto para as conquistas, é variado. E, muitas vezes, também objetiva a prática de violência (física e psicológica) e/ou levar vantagem financeira. “No meu caso, trato de uma questão isenta de violência física e desfalques de dinheiro, o que torna a história um pouco mais leve sob o ponto de vista da legalidade. Você pode denunciar um ser por bater, matar ou roubar, mas não o criminaliza por conquistar, prometer, abandonar. No entanto, já vi mulheres se matando por isso. Mulheres enlouquecendo por isso. Devastadas, sem vida, viciadas, depressivas”, relata.

RECUPERAÇÃO 

Can@lha.com foi escrito 10 anos após o desfecho do relacionamento da autora. “Ao longo desse tempo, dividi minha história com outras mulheres, da mesma idade e mais jovens, e cheguei à conclusão de que todas passaram, um dia, pelas mãos de um canalha.”

A narrativa é uma misura de casos que revelam perfis desse Casanova do século 21, ressalta. “Começo com detalhes do modus operandi de Alex Woodface (nome fictício), suas quase 30 mulheres, a relação que tinha com cada uma, suas falas, atos, omissões e mentiras. Um verdadeiro psicopata!”, detalha. Mas evolui em tom de um alerta geral. “Muitas mulheres se identificaram com a história. Tanto que tenho recebido centenas de mensagens, entre elogios, considerações e pedidos de ajuda. Há mulheres que sofrem há décadas e não conseguem sair desse lugar, que chamo de ilusão”, lamenta a autora.

A autora frisa a intenção de “abrir a cabeça da mulher que se acha blindada ao erro”. E justifica: “É fácil falar, o difícil é viver. Por meio dos exemplos – e o livro traz vários –, é possível se identificar, mudar o curso da história e, acima de tudo, saber que é possível dar a volta por cima. Basta apenas deixar de lado a ilusão, aumentar a autoestima e buscar a saída”.

Para abrir os olhos das leitoras, ela dá dicas e mostra os sinais que descrevem um canalha em potencial. E avisa: “Eles estão por toda parte. Porém, quanto mais apaixonada a mulher estiver, menos sinais estará apta a enxergar”.

Priscila mesmo, que não teve medo de expor a própria história no livro, está bem, em uma nova relação, bem-sucedida e saudável.

“Toda pessoa, independentemente de sexo, autonomia, inteligência ou qualquer outro atrativo, é humana. Tem altos e baixos. Em um momento de carência (e isso o canalha sente de longe), se torna uma vítima fácil na mão desse predador. Meu propósito com o livro é alertar. Quanto mais falarmos, menos vítimas teremos”, aposta.


"Essa relação foi importante para que me tornasse a mulher que hoje sou. De um limão tento extrair uma boa limonada. Vivendo e apreendendo. Acima de tudo, não insistindo no erro”

(foto: Roberta Stamato/Divulgação)
(foto: Roberta Stamato/Divulgação)

. Priscila Bentes, 
autora do livro Can@lha.com



SERVIÇO

Can@lha.com
Autora: Priscila Bentes
Editora Priscila Bentes, 212, R$ 40 


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