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Menor tempo de recuperação

Principal vantagem da cirurgia robótica é encurtar o período de internação. Por outro lado, o preço do procedimento no Brasil ainda é muito alto em relação à operação convencional


postado em 23/06/2019 04:06

A tecnologia permitiu um avanço enorme nas cirurgias complexas, com menos chance de complicações(foto: reprodução de vídeo )
A tecnologia permitiu um avanço enorme nas cirurgias complexas, com menos chance de complicações (foto: reprodução de vídeo )

 

 

 

 




 

 

 

Quando descobriu que a mudança de coloração do esperma era um dos sintomas de um câncer na próstata, o caminhoneiro Roberto Márcio Castro, de 53 anos, levou um susto. “Faço controle anual desde os 45 anos. Faço o exame de toque e todos os outros que os médicos pedem. Então, receber uma notícia dessa foi um baque. Nunca estamos preparados”, conta Roberto Márcio, que recebeu apoio incondicional das duas filhas e da esposa. “É a família que nos sustenta nessa hora”, comenta.

A decisão por uma cirurgia robótica veio depois de muita pesquisa. “Uma de minhas filhas é enfermeira. Ela me ajudou muito a pesquisar sobre o tratamento. Conversei também com pessoas que tinham feito a cirurgia robótica e todas falaram muito bem da recuperação”, recorda. Mas a decisão só veio mesmo depois de passar por três médicos urologistas. “Descobri que fazendo a operação robótica, teria muito menos chances de complicações, como a incontinência urinária, e até mesmo menos chances de ter problemas na vida sexual”, conta Roberto.

E foi o que aconteceu. Às 12h de 10 de fevereiro deste ano, ele entrou na sala de cirurgia do Hospital Matter Dei, e às 16h o procedimento acabou. “Quatro horas depois, eu já estava conversando. Tive algumas dores durante a noite, mas na tarde do outro dia já recebi alta”, diz Roberto Márcio. “A recuperação foi muito rápida. A gente precisa ficar com uma sonda nos sete primeiros dias, mas já caminhava, saía de casa desde o quarto dia.”

TRAUMA MENOR


Para o paciente, as vantagens em fazer um procedimento com o uso da tecnologia robótica em relação ao procedimento convencional, via laparoscopia, vão desde a segurança ao menor tempo de recuperação. “Todas as cirurgias minimamente invasivas (sem grandes cortes) fazem com que tenhamos um trauma muito menor, sangramento muito menor, menos chance de transfusão e complicações pós-operatórias”, afirma o urologista Pedro Romanelli.

Na contramão das indicações positivas de intervenções com uso da tecnologia estão os custos. A cirurgia robótica ainda é cara. O procedimento na próstata, por exemplo, custa em torno de R$ 40 mil, o dobro do preço de uma cirurgia convencional. Mas, para Roberto Márcio, os benefícios da recuperação valeram a pena. “Acho que com a tecnologia tem muito mais chance de dar certo. A recuperação da nossa saúde é a coisa mais importante que existe”, avalia o caminhoneiro, que voltou para a estrada 45 dias depois de se curar do câncer.

O alto preço da tecnologia é uma das grandes barreiras para o avanço e popularização do procedimento no país. “O robô é caro. Tem custo de aproximadamente R$ 12 milhões, sem imposto. Mas, hoje, no Brasil, já temos cinco hospitais públicos que têm essa plataforma”, comenta Pedro Romanelli. Minas Gerais ainda não tem o equipamento na rede pública de saúde. Por enquanto, somente São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande Sul conseguiram disponibilizar a cirurgia em hospitais públicos.

Outro entrave no acesso das pessoas ao procedimento é que os convênios de saúde não cobrem a cirurgia. “A Agência Nacional de Saúde define o que é cobertura obrigatória pelos planos, e o robô ainda não está incluído nessa lista”, explica o especialista.

CAPACITAÇÃO

O robô-cirurgião chegou em Minas há dois anos. De lá para cá, mais de 100 profissionais se certificaram para fazer esse procedimento. A médica Sálua Calil, oncologista e ginecologista, especializou-se em robótica em 2017, nos Estados Unidos. “Fiz minha certificação na Califórnia, onde fica a fábrica da Intuitive, que é o nosso robô aqui no Brasil”, conta a primeira mulher a operar com robô em Minas Gerais. “Sempre me interessei por cirurgia avançada. E a robótica nos permite fazer uma cirurgia de alta complexidade, com um alto nível técnico”, comenta.

Assim como Sálua, o médico brasileiro que tiver interesse em se especializar em robótica vai ter de fazer o curso fora do Brasil. O país ainda não disponibiliza a formação. Os centros de treinamentos mais próximos estão na Colômbia e nos Estados Unidos. “É um curso que dura dois dias. Temos aulas teóricas e práticas”, conta a médica. Mesmo após receber o certificado, o profissional deve fazer as primeiras 20 cirurgias acompanhado de um tutor. “Assim como quando a gente tira carteira de motorista e ainda não sabemos dirigir, a mesma coisa ocorre com a cirurgia robótica”, compara Romanelli, que, também, atua como orientador de profissionais recém-formados em hospitais de Belo Horizonte.





três perguntas para...
Rafael Coelho
urologista especialista em cirurgia robótica do Hospital 9 de Julho, em São Paulo

 

 

 

Como fica a relação médico-paciente com a chegada do robô?
Creio que a automatização e a robotização da medicina vão gerar conflitos sim na relação médico/paciente, à medida que as relações se tornam mais distantes e o contato médico/paciente superficializado. Será uma nova era da medicina, focada em resultados, estatística e padronização de condutas que, sem dúvida, elimina laços de empatia, amizade e humanidade entre médicos e pacientes. É um desafio para nós manter as relações humanas em um primeiro plano com os avanços da medicina e ciência. Creio que em algum momento teremos de reavaliar esses rumos para saber se estamos no caminho certo.

Só o uso da tecnologia garante o sucesso do procedimento?
O sucesso do procedimento é totalmente dependente do cirurgião. As plataformas robóticas atuais funcionam como um sistema master-slave, em que os braços robóticos são controlados totalmente por um cirurgião. A plataforma oferece vantagens, como imagem magnificada, tridimensional, instrumentos miniaturizados e articulados, além de filtrar o tremor do movimento; mas o resultado depende do cirurgião, que tem de saber usar esses recursos de maneira adequada para oferecer melhor resultado.

No futuro, o robô poderá assumir o controle e eliminar a necessidade do médico?
A empresa VERb surgical, resultado de um esforço conjunto da Google e JJ, já tem falando em cirurgia totalmente automatizada, em que não seria necessário um cirurgião. Entretanto, eles mesmo admitem que esse tipo de cirurgia ainda está muito distante e diversas barreiras terão de ser vencidas ainda para torná-la viável. Por hora, a empresa está investindo todos seus esforços na produção de uma plataforma robótica master-slave, totalmente dependente de um cirurgião.


arquivo pessoal


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