“O comfort food surgiu desde que o homem é homem e que comida é comida. Apenas ganhou um nome chique nos últimos anos. Não é oposição a nada. Está presente em nós, já que à medida que crescemos alguns alimentos passam a representar algo muito especial e forte. Pode ser o cheiro, o sabor, o ambiente, quem prepara ou tudo isso junto. E isso gera emoções e sensações agradáveis. Sabe quando você sente aquele cheiro de arroz refogando ou bife passando e imediatamente volta no túnel do tempo e recorda a comida da sua mãe?”, assim Juliana Nakabayashi, nutricionista e nutricoach, define a comfort food e procura, em seu trabalho, agir ajudando as pessoas a comer seus comfort food sem medo, porém, com atenção. Ela destaca que o alimento funciona como um fixador psicológico no plano emocional e, dessa forma, comer certos alimentos nos conecta a determinado local ou a quem os preparou.
Por outro lado, a nutricionista enfatiza que comida que conforta não é sinônimo de comida de verdade. O comfort food pode ser um alimento natural/caseiro ou não. O bombom Sonho de Valsa pode ser especial para alguém. Qualquer comida. Esse termo não foi usado para separar os alimentos entre saudáveis dos não saudáveis. Ele é usado mais para dizer sobre o afeto, o bem-estar e a sensação que a comida gera na pessoa.
Hoje, com um ritmo de vida alucinado, fica mais evidente a busca por acolhimento por toda parte e acaba sendo natural procurá-lo também na comida: “Num mundo em que a vida anda no piloto automático e repleta de exigências, apreciar uma refeição simples, em que o cardápio é uma comida mineira feita no fogão a lenha, nos devolve a simplicidade da vida. O mesmo serve para aquela broa de milho acompanhada de um café recém-coado e feito com tanto mimo pela vozinha querida.
Nesse universo, imagina-se que há uma ligação entre o comfort food e o mindful eating. Para Juliana Nakabayashi, “não há uma relação direta, mas estão interligados e levam ao mesmo propósito que é comer apreciando o alimento sem julgá-lo (gordo, fit, light) e respeitando as vontades e necessidades do corpo. O mindful eating (comer consciente) é um estilo de vida em que a pessoa está atenta e presente enquanto se alimenta. Já o comfort food (comida que conforta) é o alimento que propicia bons sentimentos, boas recordações. É uma comida que faz você se sentir viva e bem”.
BUDISMO
Juliana Nakabayashi alerta que não existe cardápio comfort food. “O termo comfort food é apenas para dizer que existem comidas que confortam e aconchegam. E tem um fato importante. Muitas dessas comidas são calóricas e, por isso, há pessoas que estão deixando de comer.
Para Juliana Nakabayashi, há alimentos específicos que carregam a característica de ser “confortável”: “Normalmente, são os doces, quitandas e comidas típicas: como frango com quiabo ou tutu de feijão com lombo de porco. Mas pode ser qualquer outra comida e bebida. Até o chazinho que a avó fazia quando alguém estava doente é um comfort food. Assim como a goiaba apanhada no pé”. E a nutricionista revela qual é a sua lista comfort food: “São muitos! Amo pipoca desde antes de nascer, assim como milho cozido, arroz, bife, batata frita, bolo com café é uma paixão e, claro, tem o brigadeiro também. Minha mãe é doceira profissional e eu comia muitos doces na infância e adolescência”.
A nutricionista destaca que o comfort food não é o adversário da comida gourmet e nem da comida fitness, apesar de as pessoas radicais e rígidas na alimentação acharem isso. “Ele é apenas um termo para dizer que tem comidas que confortam e que está tudo bem eu comer com equilíbrio.