(none) || (none)

Continue lendo os seus conteúdos favoritos.

Assine o Estado de Minas.

price

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e segurança do Google para fazer a assinatura.

Assine agora o Estado de Minas por R$ 9,90/mês. ASSINE AGORA >>

Publicidade

Estado de Minas

Uma cirurgia de peso

De 1990 para cá, a medicina avançou intensamente, com o desenvolvimento de medicamentos e novas técnicas de operação, o que originou um boom na procura pela cirurgia bariátrica


postado em 21/04/2019 05:05

O problema da obesidade já encontra dados alarmantes no Brasil. De cada 100 habitantes, 50 estão acima do peso e, entre esses, 16 enfrentam a balança e não conseguem retomar a forma, nem melhorar hábitos alimentares. O levantamento é da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM). De acordo com a entidade, a população obesa aumenta em ritmo acelerado por aqui – nos últimos 10 anos, a taxa nacional de obesidade cresceu mais que o índice americano, o mais grave mundialmente, e, se a situação persistir, a perspectiva é de que daqui a outros 10 anos os brasileiros serão tão obesos quanto os americanos. Quando considerados os casos piores, que demandam intervenção séria, o Brasil já é o segundo país que mais realiza a cirurgia bariátrica, e pode vir a ser o primeiro.
O coordenador do Serviço de Cirurgia Bariátrica do Hospital da Baleia, Marcos Reis, ensina que a obesidade é uma doença com diferentes causas. “Vários fatores levam ao desenvolvimento da obesidade, como alimentação inadequada, sedentarismo, além de fatores emocionais, genéticos, medicamentos e outras enfermidades relacionadas”, afirma. O cirurgião chama a atenção ainda para o fato de o excesso de peso, com o passar do tempo, levar a outros males. “Os mais comuns são hipertensão arterial, diabetes, alterações de colesterol e triglicérides, apneia do sono, complicações cardiovasculares, doenças pneumológicas, refluxo, incontinência urinária, impotência sexual e outros distúrbios”, reforça. O médico também alerta sobre o elo da obesidade com o surgimento de câncer. “Hoje, já se sabe que a obesidade está ligada ao aumento da incidência de câncer de colo, esôfago, endométrio, rim e mama”, ressalta. Segundo Marcos, menos de 10% das cirurgias bariátricas feitas no Brasil passam pelo SUS.
O tratamento cirúrgico tem sido o caminho escolhido por muitos brasileiros, desde os anos 1990. De lá pra cá, a medicina avançou intensamente, com novas técnicas de operação e desenvolvimento de medicamentos, o que originou um boom na procura pela cirurgia bariátrica. Conforme estatísticas da SBCBM, somente em cinco anos a busca pelo procedimento cresceu 47%, aumento superior ao de cirurgias mais simples, como extração de vesícula (que subiu 38%) e tireoide (6%).
Anteriormente, a cirurgia de redução do estômago era prescrita apenas para adultos com obesidade mórbida, mas agora é indicada também para adolescentes e para pessoas com diabetes descontrolado. De acordo com Marcos Reis, a resposta ao enfrentamento à obesidade somente com dieta acaba em resultados insatisfatórios. Por isso, a operação é recomendada para melhor resolutividade, em algumas situações graves. “A cirurgia é indicada para quem tem Índice de Massa Corporal (IMC) maior ou igual a 35, associado a pelo menos uma das 21 comorbidades, que vão desde apneia do sono até hérnia de disco; quem tem IMC maior ou igual a 30, associado à síndrome metabólica; quem tem mais de cinco anos de obesidade; quem tem doenças associadas e quem tem dois anos de tratamento clínico sem sucesso. Essas são as indicações do Conselho Federal de Medicina. O primeiro passo é avaliar se o paciente se enquadra nesses critérios para indicação do tratamento cirúrgico”, explica.

CONSEQUÊNCIAS Para o professor universitário aposentado Cristiano Machado, de 68 anos, a convivência com o sobrepeso vem de cedo. Ele conta que, a partir dos 7 anos e na pré-adolescência já começou a ficar “gordinho”, em suas palavras. “Minha saúde era boa, a alimentação normal, nunca fui de comer demais. Acho que é questão de genética mesmo”, diz. Com 18 anos, surgiu o problema da hipertensão, que Cristiano controlou por toda a vida com medicamentos. Ao passar do tempo, já aos 60, apareceu o diabetes tipo 2 e, ainda com remédios de controle em dose máxima, os valores glicêmicos se mantinham altos, em torno dos 200mg/dl, e ele era um sério candidato a precisar de aplicações de insulina. Nesse ponto, a opção pela cirurgia bariátrica se mostrou a alternativa ideal para evitar transtornos mais sérios. O palpite inicial partiu de uma sobrinha, que trabalha em uma empresa ligada ao setor de saúde. Com a primeira dica, Cristiano recorreu ao seu cardiologista, que reforçou as vantagens da intervenção no estômago. A procura pelo cirurgião foi o passo seguinte.
A operação ocorreu em setembro de 2015. “O procedimento costumava ser com bisturi, abrindo a barriga, mas atualmente, com a videolaparoscopia, é muito tranquilo. Não senti dor nem mal-estar. O intestino funcionava bem, a alimentação habitual. Uma parte do meu estômago foi retirada e ele está do tamanho de uma banana prata”, compara. Antes, Cristiano pesava quase 140 quilos e, em um ano, baixou perto de 50. Agora, está na casa dos 98 quilos e se demonstra extremamente satisfeito. “Imediatamente após a cirurgia, meus índices de pressão e glicose melhoraram. Saí do hospital com tudo normalizado”, conta. E os ganhos não param por aí. “O preparo físico, a autoestima, o sono, a respiração, o sexo. Tudo melhorou. Não ronco mais à noite. A cirurgia teve efeitos fantásticos, dou a maior força para quem pensa em fazê-la. Recuperei a vida.” Hoje, Cristiano mantém uma dieta alimentar equilibrada e pratica caminhada de 30 minutos todos os dias. “Só lamento não ter feito antes.”

Palavra de especialista - Mauro Jácome, cirurgião geral e gastroenterologista

Nova cirurgia para obesidade

“Para aqueles pacientes que não se enquadram nos critérios para a cirurgia bariátrica de índice de massa corporal, ou seja, com IMC entre 30 e 35, uma opção passa a ser a gastroplastia endoscópica. A técnica, conhecida como ‘nova bariátrica por endoscopia’, é menos invasiva, apresenta durabilidade de dois anos e possibilita o tratamento e o controle da obesidade leve, até mesmo em adolescentes e idosos, com ótimos resultados para quem precisa perder peso, cerca de 20% a 25% do peso total, quando associada a uma mudança nos hábitos alimentares e à prática de atividades físicas. Da mesma forma que ocorre numa endoscopia comum, a gastroplastia endoscópica implica introdução de um tubo, porém em bloco cirúrgico e com anestesia geral. Por meio de vídeo, são realizadas suturas em pontos estratégicos do estômago, diminuindo seu volume. Vale lembrar que todo o procedimento serve como ponto de partida para transformação na rotina, mente e corpo. Converse com um médico especialista. Cada caso é um caso. Veja o que realmente é o melhor para você.”


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)