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Antônio Roberto

Existe uma atração pelo poder que as pessoas maldosas aparentam ter


postado em 31/03/2019 05:08

Ligações perigosas

“Antônio Roberto, sou uma profissional liberal bem-sucedida, sou bonita e convivo há cinco anos com um namorado que me trata mal, é agressivo, me despreza e já me traiu. Por que ainda gosto dele e não dou conta de me separar?”

n Carolina, de Belo Horizonte

São inúmeros os casos de pessoas com o relatado acima. Mulheres inteligentes, socialmente resolvidas, com independência financeira e que escolhem os piores parceiros e com eles permanecem. É comum escolherem viciados em drogas, aproveitadores, violentos, que as traem, que as tratam com desprezo. E, normalmente, não sentem nenhuma atração por homens responsáveis, amorosos, cuidadosos. “Quem eu quero não me quer, quem me quer mandei embora.” O que há de errado com a pessoa que faz esse tipo de escolha?
A raiz fundamental é a falta de amor a si próprio, ou seja, autoestima baixa. Na história de vida dessas pessoas, principalmente na relação com os pais, vamos encontrar muitas estruturações negativas. Experiências de abandono, maus-tratos, proteções excessivas e modelos de um pai, por exemplo, com características semelhantes às do parceiro escolhido.
Todo mundo sabe que a primeira referência masculina da menina é o pai. Mais tarde, tende a escolher homens com características negativas. A história de um pai que traía a mãe ou era alcoólatra ou cruel pode levar uma mulher a buscar na figura masculina uma repetição paterna, quase na tentativa de resgatar, negar ou mudar um pai que ela não teve: bom, amoroso, cuidadoso e fiel.
Quando uma pessoa se ama, o natural é querer para parceiro alguém que a ama. Conviver com pessoas destrutivas é querer, inconscientemente, ser destruída. E por que alguém desejaria ser destruída? Porque tem uma programação interna de menos-valia, de não merecer amor. E para compensar isso, reprime os seus próprios aspectos negativos, suas maldades, e se dedica a ser pessoa extremamente bondosa, abnegada e capaz de muitos sacrifícios pela outra pessoa. Aí aparece outro aspecto da questão. Enquanto eu tiver ao meu lado uma pessoa cruel, maldosa e insensível, por comparação reforço a ideia de que sou boa, amorosa e sempre fiel.
Em outras palavras, o outro corresponde aos meus aspectos negados, à minha agressividade ou ao meu desejo de ser infiel. No conto de fadas Barba Azul, a moça se casa com um criminoso, mesmo sabendo que suas mulheres anteriores tinham desaparecido. Existe uma atração pelo poder que as pessoas maldosas aparentam ter. Relações dessa natureza, em geral, são relações apaixonadas.
Na paixão, idealizamos a outra pessoa e projetamos nela uma imagem que temos internamente. Por meio da paixão, negamos os aspectos negativos da outra pessoa, mesmo que esses aspectos sejam óbvios, nos fazem sofrer e sejam vistos por todos que nos rodeiam.
“Mas eu gosto dele.” Somente a consciência dessa trama interna pode nos levar a desistir das escolhas perversas e procurar pessoas que nos ajudem na construção amorosa da vida. Outro equívoco é a pessoa dizer que não dá conta de se separar. Não dar conta significa não querer. As compensações neuróticas desse tipo de relação nos viciam: a sensação de não estar só, o desafio de mudar o outro, o alívio prazeroso nos momentos em que o outro demonstra amor e o prazer sexual são o mel que envolve o veneno da destrutividade. Reforçar a própria individualidade, expandir os próprios interesses, desenvolver a crença de que na vida o importante é ser feliz e não apenas “ter alguém” são o antídoto para nosso medo de tomar uma atitude.
Não adianta culpar e propagar a maldade daquele que nos domina. O importante é perceber a nossa crueldade conosco mesmos em nos submeter. O masoquista não é melhor que o sádico. É o seu complemento. É preferível sofrer a dor de uma separação e depois ressuscitar para a vida do que sofrer uma relação que nos leva pouco a pouco para a morte emocional. a saúde e o bem-estar.


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