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Eles só querem ficar...

O amor é uma escolha e é fundamental porque as rosas são todas iguais, mas na hora em que você escolhe uma, ela passa a ser única, absolutamente única


postado em 03/03/2019 05:09

 

 




"Antônio Roberto, sou mãe de três adolescentes e sou professora em um grande colégio. Gostaria que você fizesse um artigo sobre o valor do namoro, porque a nossa juventude está com muito medo do compromisso afetivo. Só querem ‘ficar’”.

. Maria Aparecida Lima,de Belo Horizonte

O namoro sempre foi e será uma instituição importante na vida das pessoas. Nossa sociedade, porém, é muito superficial e tem a capacidade de banalizar as relações, tirando delas o seu verdadeiro valor. Assim está ocorrendo com o namoro, que, pouco a pouco, foi perdendo sua importância nas relações humanas e se reduzindo a momentos fugazes de prazer imediato e quase se transformando no hoje chamado “ficar”. Nada contra o prazer do encontro, sobretudo o sexual. O namoro, porém, vai além disso, à medida que se trata da construção afetiva de pessoas que, em última instância, querem ser felizes. A primeira ideia, portanto, do namoro é que ele é uma construção. Duas pessoas, até há pouco tempo estranhas, se encontram e começam a modelar uma relação de intimidade, de troca, de partilhamento. E é nessa dimensão que cada namoro é uma grande oportunidade de crescimento. Na relação com o outro, meus limites aparecem.

Minhas dificuldades ou defeitos vão esbarrar nas dificuldades e defeitos do parceiro e vão exigir o desenvolvimento da flexibilidade, do diálogo, da tolerância, do respeito à condição “humana”, minha e do outro. Pensar no namoro como o encontro de pessoas “prontas”, caras-metades, almas gêmeas, tem sido responsável por grandes frustrações no encontro homem e mulher e desenvolvimento do casal. O namoro é uma escola do amor. É caminho de aprendizado. E de cada namoro que eventualmente terminou, a pessoa deveria sair melhor.

O namoro é também um espaço do “desejo”. É talvez a primeira grande escolha do jovem. É o primeiro terreno em que, por maior que seja a insistência dos pais para participar, a pessoa sente que é um direito dela escolher. E em se fazendo sujeito da escolha, a pessoa se estabelece pessoa e escolhe amar. O amor é uma escolha e é fundamental porque as rosas são todas iguais, mas na hora em que você escolhe uma, ela passa a ser única, absolutamente única. Como todo namoro, para ser namoro tem de ter uma perspectiva de futuro, ele é também um depositário da esperança. A esperança é construída pela ação em torno dos sonhos, objetivos do amanhã. O encontro homem e mulher é universal e, embora saibamos que nada é permanente, o desejo em torno do amanhã nos dá uma possibilidade de fazermos o que está ao nosso alcance para viabilizar uma família, filhos, casa etc.

Namoro é tempo de planejar amorosamente nossos desejos. Namoros muito longos, sem perspectiva de casamento, tornam-se fonte de ansiedade, angústia e menos-valia. É claro que ninguém é obrigado a se casar com aquele com quem está namorando. O namoro, porém, só faz sentido se for com essa possibilidade. A invenção do “ficar”, com seu significado original de conhecer melhor as pessoas antes de namorá-la, é interessante e sábia. Usá-la, no entanto, para encobrir o medo do compromisso, o medo de amar ou o medo da rejeição pode provocar uma desvalorização das pessoas, uma sensação de vazio e um aumento do medo. E é essa visão construtiva do futuro que alicerça o amor. Os dois se tornam aliados.

Amor é aliança. Eu me alio a você para construirmos o mundo. Somos companheiros. Nesse sentido, o namoro não pode se tornar palco de competição e de hostilidade. Embora cada um tenha vindo de um mundo familiar diferente, embora cada um tenha características diversas, o namoro, como infelizmente tem sido, não pode ser de disputa, de crítica, de confronto. As brigas constantes dos namorados são o sinal da rivalidade, da inveja e do ciúme. Tratar desses sentimentos, tão nocivos à relação amorosa, é tarefa de qualquer namoro que queira realmente se transformar num momento de felicidade.

Khalil Gibran diz: “Sejam como dois pilares que sustentam o mesmo teto, mas não comecem a possuir o outro; deixe o outro independente. Sustentem o mesmo teto: esse teto é o amor”. Respeitar os pontos fracos um do outro; ficar alegre com a alegria do outro; aceitar o “não” de cada um são o alicerce dessa construção. Não se criticarem, não querer mudar o outro, não produzir medo e culpa no outro são consequências. Namorar é a maior das brincadeiras humanas e, por isso, deve ser levado muito a sério.


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