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Como lidar com o medo

Não podemos nos acomodar no medo, declará-lo passivamente e cruzar os braços diante dele, como se fosse inevitável e imutável


postado em 27/01/2019 05:08









“Tenho 22 anos. Moro no interior de Minas Gerais. Tenho vontade de ir estudar em Belo Horizonte. Porém, tenho muito medo de não saber enfrentar as situações difíceis que virão. Ajude-me a entender o medo e a superá-lo.”


.  Maria Clara, de Januária (MG)

Para alcançarmos a felicidade, para termos uma vida tranquila, para crescermos em nossos objetivos e conseguir bons relacionamentos é fundamental compreender e trabalhar nosso principal inimigo emocional: o medo. Transparece na carta da Maria Clara a presença do medo em sua vida, fazendo-a se sentir perdida e insegura. O medo, quando sentido diante de uma ameaça real e presente, é natural e necessário. Faz parte do nosso instinto de sobrevivência e, nesses casos, deveria chamar-se prudência.

Quando, porém, essa emoção é provocada pelos nossos pensamentos e é sentido a respeito de perigos imaginários, futuros ou difusos, estamos diante de um desequilíbrio psicológico e que nos causa profundo mal-estar. A maioria de nossos medos é dessa natureza, aparecendo nas mais diversas formas: insegurança, ciúmes, ansiedade, sensibilidade excessiva e preocupações etc.

O que se esconde atrás do medo? Qual a sua origem? Por que algumas pessoas têm mais medo do que outras? Normalmente, as raízes desse distúrbio estão nas vivências infantis de medo. Daí a importância de não educarmos nossos filhos por meio do temor. Castigos que amedrontam as crianças, como, por exemplo, deixá-las sozinhas no escuro ou trancadas são terrivelmente prejudiciais ao bom desenvolvimento psicológico.

Quando o medo é excessivo, toma formas mais graves. Infelizmente, é cada vez mais comum na nossa sociedade, como a síndrome do pânico, o transtorno obsessivo-compulsivo, e é a base de nossos problemas emocionais e, muitas vezes, problemas psicossomáticos.

Todos nós já tivemos experiências de grande mal-estar físico diante de situações ou pessoas que tememos enfrentar. Além de rememorarmos os medos de nossa infância, a fim de compreender nossos temores atuais, nossas indecisões na vida, nosso acuamento diante dos problemas, é importante perceber de que maneira os alimentamos.

Pensar em situações catastróficas, pensar no futuro sempre de maneira negativa, assistir em excesso filmes de suspense e de terror, apegar-se a notícias de crimes e outras violências são formas usuais e despercebidas de manter em sobressalto nossos corações e mentes.

Uma vez adultos, é nossa obrigação superar nossos bloqueios emocionais. Não podemos nos acomodar no medo, declará-lo passivamente e cruzar os braços diante dele, como se fosse inevitável e imutável.

O medo tem dois grandes inconvenientes na nossa vida. O primeiro deles é a distorção da realidade por ele provocada. Quando tomados pelo medo, vemos o mundo exageradamente perigoso. Uma pequena doença é vista como perigo de morte. Uma viagem de um filho já é prenúncio de assalto, de desastre. Um atraso do companheiro e já se pensa em traição, abandono. Por esse motivo, a Maria Clara se sente tão sensível diante da crítica de pessoas de quem ela gosta. Por meio do medo, a crítica é vivenciada como perigo de separação e de desprezo.

O segundo inconveniente, talvez o mais grave, é a paralisação da vida. A existência, por sua própria natureza, é ação, é caminho, é desafio, é risco. Viver é assumir integralmente a possibilidade de cair, de errar, de perder, inerente às oportunidades também de ganhar, acertar, de ter sucesso. O maior de todos os riscos já corremos: foi termos nascido.

A vida exige de nós, com ou sem medo, disponibilidade para enfrentar os obstáculos naturais. Não faz, portanto, o menor sentido Maria Clara trair o seu desejo de vir estudar em Belo Horizonte, escondendo-se atrás “do medo de não saber enfrentar as situações difíceis que virão”.

Usamos de nossos medos para não agir. É como se o medo justificasse nossa acomodação. Uma estratégia para lidar com nossos medos é exatamente o contrário disso. Em vez de querer acabar com o medo para depois entrar em ação, devemos colocar nosso medo debaixo do braço e ir à luta. Ao agirmos, mesmo com medo, ele vai se dissipando pouco a pouco.

Pessoas amedrontadas, por outro lado, tendem ao fechamento do próprio mundo, a fim de se defender. Evitam, cada vez mais, sair de casa, perdem o contato com os amigos, diminuem os interesses sociais. E, paradoxalmente, o medo cresce assim. Expandir o mundo é o antídoto. Sair de casa, mesmo tremendo e de mãos frias, procurar amigos, abrir a guarda e aumentar os interesses vão nos mostrar que a maioria dos perigos está na nossa cabeça.

Outro ponto importante na superação do medo é observarmos as pessoas que aumentam ou produzem esse sentimento em nós, por meio da crítica sistemática, de ameaças e advertências. Evitar ou confrontar essas pessoas é necessário no caminho do crescimento emocional. Mesmo porque, ninguém tem o direito de nos colocar medo, pois o medo fecha nosso coração para o amor e a alegria, únicos objetivos realmente importantes para viver.


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