Como canta Caetano “(...) rapte-me camaleoa... adapte-me, capte-me (...)”. Notável pela capacidade de se adequar ao ambiente em que se encontra, o camaleão simboliza mudança, flexibilidade e evolução pessoal. Dois mil e dezenove chegou e, com ele, os anseios de um ano novo. Mudar: verbo transitivo direto e indireto, intransitivo e pronominal, logo, dependerá do contexto para saber empregá-lo. Ou seja, como você se encaixa quando o assunto é mudança? Você é daquele que veste a pele de um camaleão ou só de pensar em mudar lhe dá calafrios?
O Bem Viver hoje apresenta personagens que prometeram mudar em 2017 e concretizaram o sonho em 2018. Há quem planejou o segundo filho e fez a primeira viagem internacional ao lado da mulher, conquistou o emprego dos sonhos, pediu demissão de um emprego público para viver uma paixão e buscou uma jornada espiritual longe de uma multinacional. São exemplos para inspirar você a mergulhar já em 2019 forte o bastante para colocar em prática as possíveis reviravoltas que pretende dar em sua vida nos próximos 359 dias (seis já se foram).
Mudar, acima de tudo, é um ato de coragem. Requer sabedoria, porque a mudança não pode implicar perda da essência e dos próprios valores. Aliás, é fundamental que esse ato signifique se aproximar de si mesmo, do que realmente deseja ser. É o que basta.
Fácil? Claro que não. É arriscado, dá medo, causa insegurança, pode dar errado. No entanto, resistir à mudança é contrariar a ordem natural da vida. Será sempre um aprendizado.
A mudança não prevê garantias. Pelo contrário. Até dar o primeiro passo, tudo (ou quase tudo) é uma incógnita. Mas à premissa de que toda mudança é traumática, a única saída é estar aberto a ela, para que o impacto seja amenizado e, assim, cada um possa experimentar esse momento de renovação e reinvenção.
E não precisam ser mudanças definitivas, drásticas, mas que incluam algo de novo em sua vida. O jornalista e correspondente internacional do SBT Sérgio Utsch, depois de cobrir guerras, conflitos, viver há mais de 10 anos em outro país, voltou ao Brasil para realizar o sonho de dirigir e produzir seu primeiro filme, lançado no ano passado. O documentário O menino que fez um museu, coprodução com a Horizonte Vídeos, do também jornalista mineiro Emerson Penha, com direção de fotografia do britânico Louis Blair, mostra o universo peculiar e apaixonante de um menino de 11 anos, Pedro Lucas, que se inspirou na música de Luiz Gonzaga para fundar o primeiro museu de Dom Quintino, no Crato, interior do Ceará, no Sertão do Cariri.
APRENDIZADO
“Não foi uma mudança de rumo completa. Foi um exercício de ampliação dos horizontes, de saída da zona de conforto e de reconexão com meu país. Vinha de uma rotina pesada de cobertura de conflitos armados e atentados terroristas.
Para Sérgio, contar histórias não era algo novo, mas aquele universo de cinema e festivais era sim. “Tive de aprender. E isso não me assusta. Pelo contrário. Acho que ter a capacidade de aprender é um privilégio, que exerci com todas as minhas forças. Na TV, a reportagem comum é feita em algumas horas, exibida no mesmo dia e, no dia seguinte, às vezes a gente tem dificuldade de se lembrar dos detalhes.
Vale ressaltar que a mudança também requer proteção. Quer dizer, além de lidar com suas próprias barreiras, certamente, muitos ao redor discursarão contra, apontando sempre os riscos e, raramente, as chances de acertos. Por isso, é preciso acolher o seu desejo de mudar. A decisão, quase sempre, está em suas mãos.
É preciso ter cuidado ao planejar a mudança.
Medo não é vergonha. Faz parte do processo. É saudável até o momento em que não se torne um empecilho, que o faça sofrer, que o impeça de agir. Por isso, é importante estabelecer objetivos realistas. No fim de tudo, a mudança é um processo que só você pode decidir, passar e viver. É um momento individual, particular, de autoconhecimento, autopercepção e autoproteção. Lembre-se: não é, simplesmente, se jogar. É pular consciente, sabendo o que plantar, o que regar, o que colher, o que replantar. .