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Sobre a gratidão

A gratidão, porém, torna-se feia e motivo de sofrimento quando a esperamos ou a exigimos de alguém%u2019A gratidão, porém, torna-se feia e motivo de sofrimento quando a esperamos ou a exigimos de alguém%u2019


postado em 04/11/2018 05:06

 


 






Estou profundamente magoada pela ingratidão de uma amiga. Já lhe prestei inúmeros favores e agora, diante de uma grave necessidade, recorri a ela e ela simplesmente não quis me ajudar. O que você tem a falar disso?


Ludmila, de Contagem


 O sentimento de gratidão é um dos mais elevados na nossa vida. Todo caminho espiritual nos ensina a ser gratos à vida, à existência. Devemos nos sentir gratos por tudo o que nos foi oferecido: o ar que respiramos, o Sol que nos aquece, o fato de estarmos vivos, o caminho que recebemos.

A gratidão é o melhor antídoto para a nossa postura de queixas e reclamações. Sem a postura de vítima, a infelicidade desaparece de nossas vidas. A mente queixosa é uma mente infeliz. A capacidade de agradecer move nosso olhar para o lado positivo das coisas e nos dá forças para o lado negativo. É impossível sermos infelizes se o “obrigado” estiver estruturado no nosso jeito de ser.

O agradecimento vem da admiração. Os pais deveriam ensinar, com insistência, aos seus filhos, essa virtude. Um coração agradecido é um coração alegre e disponível. É um coração cheio de graça. “Gracias a la vida que mi ha dado tanto”.

A gratidão, porém, torna-se feia e motivo de sofrimento quando a esperamos ou a exigimos de alguém.

De nós para os outros é boa. Esperá-la dos outros é controle. É querer ser dono das ações e dos sentimentos das outras pessoas. Toda expectativa gera frustrações. Quando fazemos o bem ao outro e exigimos sua retribuição mais tarde, estamos transformando nossa bondade em uma transação comercial.

Na realidade, não estamos sendo bons, mas espertos. Queremos comprar a liberdade do outro, aprisionando-o na obrigação de nos dar sempre “sim”. Todo mundo sabe que o “não” é o exercício da autonomia. Chamamos de ingrata a pessoa que não se tornou venal com nossos favores. A palavra gratidão vem da palavra graça. Ela tem de ser sempre “de graça”. Não pode ser imposta e nem se tornar uma obrigação.

Existe uma grande diferença entre o amor e o favor. Os atos de verdadeiro amor se esgotam ao ser feitos. São flores jogadas no rio. Não esperam retorno. Somos recompensados na hora em que o fazemos. Tivemos a oportunidade de transbordar nosso afeto em direção ao outro.

O favor é um amor falsificado. Fazemos alguma coisa para alguém e contabilizamos o débito. Mais cedo ou mais tarde, cobraremos o pagamento. As leis do comércio não são boas para as relações amorosas.

Os antigos costumavam contar histórias, sobretudo nas regiões do Norte, da aparição do demônio. Lembro-me de uma delas. Um homem muito miserável, em uma pequena cidade do interior, deparou-se com um jovem forasteiro muito bonito e bem-vestido, que o cumprimentou com muita cordialidade. Após os cumprimentos, o jovem disse ao homem que poderia satisfazer todos os seus desejos, pois tinha muitos poderes. Esse jovem era o demônio.

O homem, que era desprovido de tudo, fez o primeiro pedido: dinheiro, muito dinheiro. Imediatamente, o jovem fez aparecer um baú abarrotado de notas de dinheiro e moedas de ouro. O segundo pedido do pobre homem foi ter prestígio e poder. Também lhe foi concedido. As pessoas que passavam por ali naquele momento o reconheciam, chamavam-lhe pelo nome, elogiavam-no e diziam ter certeza de que ele seria o futuro prefeito da cidade. Da mesma forma, seus pedidos de saúde, de ser desejado pelas mulheres, foram igualmente atendidos.

O homem, visivelmente feliz, ao se despedir do demônio, agradeceu-lhe efusivamente. E quando ia se separar, o demônio disse que também tinha um pedido a lhe fazer. – Você que tem o dom e o poder de conseguir tudo, o que você poderia querer de mim?, disse o homem.

– Eu lhe dei tudo, respondeu o demônio. De você quero apenas uma coisinha: a sua alma.
Esperar gratidão é querer a alma do outro.

 

 


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