A cachaça artesanal vem ganhando espaço no cenário do agronegócio mineiro e cada vez mais extrapola fronteiras e rompe tabus, conquistando consumidores de paladar mais sofisticado no país e no exterior, principalmente com a bebida classificada como gourmet. A sanção presidencial ao projeto de lei complementar (PLC) 155 de 2016, permitindo, desde janeiro, que o micro e pequeno produtor optem por aderir ao Simples Nacional, promoveu impulso ao setor. De acordo com o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), a carga tributária sobre o preço de venda do produto representa 81,87%.
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Segundo o superintendente do Sindicato das Indústrias de Cervejas e Bebidas de Minas Gerais (SindBebidas), Cristiano Lamêgo, a adesão ao Simples representa redução de 40% da carga tribuária, “podendo chegar, em alguns casos, a 60%”. Entre produtores registrados no estado, 60% optaram pelo simples em 2018. O prazo foi até 31 de janeiro.
Desde fevereiro, somente as novas empresas poderão aderir ainda à nova formação de tributação neste ano. Os que não optaram, podem fazê-lo em janeiro do próximo ano. “A redução nas obrigações tributárias acessórias, dispensadas a partir da opção pelo Simples Nacional, tem como efeito a melhoria no fluxo de caixa das empresas, e promove a redução da informalidade”, explica Cristiano.
A produção mineira gira em torno de 150 milhões de litros. O estado tem pouco mais de 4,2 mil alambiques informais.
“O Simples nacional foi uma vitória do setor produtivo e dos produtores”, reconhece Gilson Sales. A iniciativa reduz oito tributos para uma alíquota única e simplificada. A opção é para empresas com faturamento de até R$ 3,8 milhões anuais. Para o superintendente da Seapa, a medida é ainda limitada, uma vez que incide sobre o faturamento e não o lucro do negócio.
A mobilização do setor levou a secretaria a promover o primeiro seminário de cachaça artesanal, realizado no auditório do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CREA-MG), em 17 e 18 de abril, reunindo representantes das áreas da produção, pesquisa, fiscalização, assistência técnica e do comércio. Foram discutidas questões como exportação, tributação, registro, adequação de rotulagem, marketing e divulgação. “A proposta nasceu da sinalização do setor para discutir assuntos relevantes da cadeia da cachaça que vem crescendo muito nos últimos anos”, explicou.
Estratégia Segundo Sales, o governo estadual estabeleceu estratégias com o propósito de equacionar algumas lacunas, como a tributação e formas de divulgação, paralelamente a um trabalho de educação sanitária para orientar os produtores.
Hoje, 17 marcas de cachaças são registradas e certificadas. O programa Certifica Minas, de certificação de produtos agropecuários, tem como meta atingir 160 marcas. A certificação tem no selo associado à marca uma representação gráfica em consequência de um processo que envolve a melhoria de gestão da produção, e boas práticas sociais e ambientais.
Peso pesado
Números da produção mineira
150 milhões de litros/ano
4,2 mil alambiques informais
R$ 15 milhões arrecadados em impostos diretos e indiretos
Feira agropecuária chega à 58ª edição
O Parque de Exposições da Gameleira, em Belo Horizonte, recebe amanhã a 58ª edição da Exposição Estadual de Agropecuária. Evento tradicional no calendário de eventos no estado, tem entrada gratuita e vai até domingo, reunindo os mais importantes setores do agronegócio mineiro, que somente no ano passado, foi responsável por movimentar R$ 192,4 bilhões. Durante a exposição serão realizados três leilões.A Exposição Estadual Agropecuária premiará bovinos, equídeos, caprinos e ovinos que mais se aproximem do padrão ideal de cada raça.
A feira terá espaços temáticos. Uma das novidades desta edição é o galpão de processamento, onde o público poderá acompanhar algumas etapas do processo de fabricação do algodão, da cachaça e de produtos da apicultura. Itens certificados da agroindústria de pequeno porte como cachaças, queijos, mel, hortaliças e frutas orgânicas, serão comercializados no galpão da agroindústria, onde funcionará uma cozinha e espaço de degustação de pratos, utilizando os produtos em exposição no galpão.
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