Estado de Minas 90 ANOS

Galo conquistou o Brasil com superação em 1971 e vitória em 2014 sobre o rival

Longe do favoritismo, Atlético superou esquadrões históricos na conquista do Brasileiro de 1971. Além da força coletiva, no ataque brilhava o goleador Dario


postado em 07/09/2018 07:07 / atualizado em 07/09/2018 12:38

“Primeiro, expectativa. Depois, festa do povo”. “Para uma alegria tão grande, os problemas foram pequenos.” “Gritar, vibrar e beber até cair. Foi um fogo coletivo.” A cobertura do Estado de Minas de 21/12/1971 sobre a festa do título brasileiro do Atlético mostra o carnaval fora de época que tomou conta das ruas de Belo Horizonte naquele fim de ano. Dois dias antes, no domingo (o jornal não circulava às segundas-feiras), o Galo venceu o Botafogo por 1 a 0, gol de Dadá, no Maracanã, e conquistou o título do Brasileiro.



Aquele troféu – assim como ocorrera cinco anos antes com o título do Cruzeiro na Taça Brasil –, interrompia a hegemonia do eixo Rio-São Paulo e eternizaria os nomes de jogadores como Humberto Ramos, Oldair, Lôla, Dario e tantos outros no rol de ídolos do Atlético.


Dadá foi o grande nome da campanha. “Ele marcou o primeiro e o último gols do Campeonato Nacional. Foi o artilheiro, com 15 dos 39 gols que o Atlético marcou em 27 partidas. Fez gols de cabeça, com a canela, em chutes longos ou passando pelo goleiro”, ressaltava o EM de 21/12/1971, lembrando que o goleador havia reencontrado o caminho da alegria depois de perder espaço na Seleção Brasileira. “Com 21 anos, comecei a jogar. Com 22, era titular do Atlético e ídolo de uma grande torcida. Aos 24 anos, estava na Seleção Brasileira. Agora, ganhei o título inédito neste país. Não posso desejar mais nada”, declarou Dadá ao vencer o título.


Os companheiros de equipe reconhecem o papel do centroavante. “Apertou, joga a bola pro Dadá. Ele corria muito. Tinha pernas longas e velocidade. Ninguém pegava. A gente fazia muito gol assim”, contou Ronaldo ao EM, em 2016, no aniversário de 45 anos do título.


Dario marcou o gol que deu a vitória ao Atlético sobre o Botafogo e garantiu o título no triangular final(foto: Arquivo O Cruzeiro/EM/D.A Press - 19/12/71)
Dario marcou o gol que deu a vitória ao Atlético sobre o Botafogo e garantiu o título no triangular final (foto: Arquivo O Cruzeiro/EM/D.A Press - 19/12/71)

Não foi um caminho fácil. Para chegar ao título, o time do técnico Telê Santana superou gigantes como Vasco, Santos e Internacional, na segunda fase, além de São Paulo e Botafogo, na fase final, um triangular. Na partida decisiva contra o time da estrela solitária, brilhou a estrela de Dadá.


“Quando Dario subiu para cabecear forte e para baixo o cruzamento perfeito de Humberto Ramos, depois de uma jogada trabalhada, ninguém mais teve dúvidas da força, da capacidade individual e coletiva do Atlético”, descreveu o EM.

TÍTULO SOBRE O RIVAL

Em novembro de 2014, o Atlético fechou com sucesso os dois anos mais vitoriosos de sua história. Depois de vencer em 2013 a histórica Libertadores e na temporada seguinte o título da Recopa Sul-Americana, o alvinegro ficou frente a frente com seu maior rival, o Cruzeiro, na final da Copa do Brasil. Foi a primeira vez que os dois principais times de Minas Gerais decidiram um título nacional.


No primeiro jogo, em 12 de novembro, o Atlético fez valer seu mando de campo e ganhou do rival celeste por 2 a 0, gols de Luan e Dátolo, um em cada tempo. As equipes voltaram a se encontrar no dia 26, três dias depois de a Raposa conquistar o tetra do Campeonato Brasileiro.


O capitão Leonardo Silva ergue a taça da Copa do Brasil, que tem sabor especial por ter sido conquistada em cima do maior rival(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
O capitão Leonardo Silva ergue a taça da Copa do Brasil, que tem sabor especial por ter sido conquistada em cima do maior rival (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)

Diante da ampla maioria celeste, no Mineirão, quem fez a festa foi a torcida atleticana, com novo triunfo, agora por 1 a 0, gol de Diego Tardelli.


O troféu coroava uma campanha de redenção e grandes viradas para o Galo. “Primeiro, o Palmeiras, com dois títulos da competição. Depois, o Corinthians, com três. Na sequência, o Flamengo, igualmente tri. Por fim, o Cruzeiro, quatro vezes vencedor. Um a um, todos sucumbiram à força do Galo”, era o destaque do EM, logo abaixo da foto do capitão Leonardo Silva erguendo o troféu inédito.


PÁGINAS HISTÓRICAS

Estado de Minas, 27/11/2014
Hegemonia de Minas

O Atlético levou a melhor na única decisão nacional contra o maior rival – a Copa do Brasil’2014. Mas a grande campanha do futebol mineiro fez o Mineirão viver uma noite inédita, com as duas torcidas comemorando. O EM de 27/11 trouxe duas capas: “Jamais esqueceremos”, que em preto e branco festejava o título alvinegro. “Não esquecemos”, em azul, celebrando o bi brasileiro consecutivo do Cruzeiro, confirmado três dias antes.

 

(foto: Arquivo EM)
(foto: Arquivo EM)
 


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