Jornal Estado de Minas

O dia em que o lendário gramado do Maracanã viu nascer o Rei Pelé

Primeiro jogo de Pelé em Belo Horizonte: pênalti defendido pelo goleiro Arizona, no Independência - Foto: Arquivo EM Publicado com acento circunflexo em vez de agudo no último “e” – assim mesmo, Pelê –,  o Rei do Futebol ganhou as páginas do Estado de Minas pela primeira vez em 7 de julho de 1957, aos 16 anos. Na tarde daquele domingo, no Maracanã, o filho ilustre de Três Corações estrearia com a camisa da Seleção Brasileira contra a Argentina, pela Copa Roca. Entrou no segundo tempo no lugar de Del Vecchio e marcou o gol da derrota brasileira por 2 a 1.

A equipe de Vicente Feola foi alvo de duras críticas e nem Pelé escapou. “Com seus 32 anos, Rossi esbanja mais energia que qualquer Pelé, de 16 anos”, escreveu o Estado de Minas em 9 de julho, ao elogiar o experiente ídolo do River Plate. O gol do garoto foi descrito como um presente de Luizinho, que driblou dois e deixou o santista livre para empatar. O Brasil se redimiu quatro dias depois, ao vencer a Argentina por 2 a 0 e ficar com o título da Copa Roca. Pelé e Mazolla marcaram.

Pelé nasceu em 23 de outubro de 1940 – embora a certidão de nascimento, por motivo até hoje não explicado, registre o dia 21 –, em Três Corações, para onde o pai, João Ramos do Nascimento, o jogador Dondinho, natural da vizinha Campos Gerais, foi servir no Exército.
Morou em Bauru e chegou ao Santos com 15 anos e 10 meses, no início de agosto de 1956. O primeiro contrato profissional seria assinado apenas em 25 de junho, quando Pelé já havia feito 30 jogos nos profissionais e estava na mira de Feola para o ataque da Seleção.
 
Pelé com a Jules Rimet: o mineiro é único tricampeão mundial como jogador - Foto: O Cruzeiro/Arquivo EMAinda em junho de 1956, jogou pela primeira vez no estado natal, em Lavras, distante 87 quilômetros de Três Corações.
Marcou quatro gols. O debute na capital mineira, entretanto, não foi muito animador: não bastasse a derrota para o Atlético, por 5 a 2, em 30 de janeiro de 1958, em amistoso no Horto, Pelé perderia um pênalti pela primeira vez como profissional.

“O clube praiano veio representado por todos os principais valores de seu poderoso esquadrão, inclusive o famoso atacante Pelé, apontado como a mais sensacional revelação do futebol brasileiro nos últimos tempos”, contava o EM daquele dia. Sobre o pênalti, descreveu: “Encarregado de cobrá-lo, Pelé atirou forte, mas não conseguiu converter. Saltou Arizona, rebateu a pelota e desfez o perigo.”

A consagração


Em março de 1958, Pelé foi confirmado por Feola para a Copa do Mundo. Caçula do grupo, assumiu o posto de titular na Suécia na terceira rodada, já que Dida acusava lesão e Mazolla não estava em boa fase. O garoto foi decisivo na fase final, ao marcar o gol da vitória sobre o País de Gales por 1 a 0, que classificou o Brasil às semifinais. Na final contra a Suécia, Pele marcou dois na goleada por 5 a 2.
 
A década de 1960 consagraria Pelé, definitivamente, como o Rei do futebol.
Com a Seleção Brasileira, conquistou o bicampeonato no Chile’1962, apesar de ter se machucado na segunda partida. Com o esquadrão santista de Gilmar, Coutinho e Pepe, foi o dono das Américas e, depois, do Mundo, ao ganhar o bicampeonato da Libertadores e do Mundial Interclubes, em 1962 e 1963. No Brasil, teve a sequência de cinco títulos da Taça Brasil, iniciada em 1961 e interrompida em 1966, quando perdeu para o Cruzeiro.
 
 

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