(none) || (none)

Continue lendo os seus conteúdos favoritos.

Assine o Estado de Minas.

price

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e segurança do Google para fazer a assinatura.

Assine agora o Estado de Minas por R$ 9,90/mês. ASSINE AGORA >>

Publicidade

Estado de Minas COLUNA

Otimismo e dúvidas sobre o apoio de Paulo Guedes no Congresso

Faz algum sentido o otimismo de Guedes em relação ao apoio na Câmara e no Senado. No entanto, permanece a dúvida de quanto esse apoio é sustentável


31/05/2021 04:00 - atualizado 02/06/2021 15:55

Ministro Paulo Guedes(foto: Flickrs)
Ministro Paulo Guedes (foto: Flickrs)
“Agora temos base parlamentar”. Essa vem sendo uma afirmação recorrente do Ministro da Economia, Paulo Guedes. Somente na semana passada, Guedes saudou o apoio no Congresso Nacional em pelo menos duas ocasiões públicas: uma em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo e outra em reunião fechada com um grupo de empresários chamado Coalizão da Indústria.

É importante avaliar realisticamente o que se pode esperar do suporte às pautas do governo considerando os três vetores de tudo que acontece na política na atualidade: a pandemia, a economia e o calendário eleitoral.
 
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), vem de fato entregando uma excelente performance para o governo Bolsonaro. Esse bom desempenho se manifesta na votação de matérias que interessam ao governo, na disposição para pautar medidas provisórias antes que percam eficácia, e agrados diretos ao presidente.

Na última semana, por exemplo, ficou abaixo do radar da maior parte da mídia a instalação da comissão especial para analisar a Proposta de Emenda à Constituição que torna obrigatório o retorno do voto impresso – uma fixação bolsonarista. A decisão do presidente da Câmara – não por acaso – foi lida em plenário um pouco depois da meia-noite já na última quinta-feira. Foi aplaudido pela relatora Bia Kicis (PSL-DF) e outros apoiadores do Presidente da República.  
 
No Senado Federal, a situação da aparente rebeldia de Rodrigo Pacheco (DEM-MG) – que permitiu a instauração da fatídica CPI da COVID-19 – não passa disso mesmo: aparência. Pacheco não tem interesse algum em um rompimento com o governo, ainda que não se furte em fazer críticas na condução do combate à pandemia.

Os senadores tendem a ter autonomia maior em relação aos seus partidos. Por isso mesmo, os que fazem parte da base do governo têm mais tranquilidade para manifestar opiniões contrárias, ainda que votem segundo os interesses do líder do Executivo.
 
Sendo assim, faz algum sentido o otimismo de Guedes em relação ao apoio na Câmara e no Senado. No entanto, permanece a dúvida de quanto esse apoio é sustentável nos próximos meses: falta um ano e meio para as eleições e as placas tectônicas da política serão cada vez mais instáveis.

A economia brasileira finalmente começa a dar sinais de recuperação. A incerteza quanto à vacinação permanece como principal fator de preocupação dos agentes econômicos. Mas o cenário global favorável vem puxando para o alto os preços das commodities, o que favorece os exportadores.

O otimismo pode ser observado nas recorrentes revisões para cima da expectativa para o Produto Interno Bruto brasileiro. Hoje a previsão de mercado é que o país cresça 3,55% em 2021. A grande questão é que o que dá voto é emprego, e aqui as notícias não são tão boas. O Brasil criou 1 milhão de empregos formais no primeiro trimestre do ano, número insuficiente para evitar o recorde na taxa de desemprego, que chegou a 14,7% no mesmo período.
 
Para um candidato à Câmara dos Deputados ou ao Senado Federal é crítico estar próximo de líderes que lhe agreguem popularidade. Foi com essa lógica que diversos candidatos atrelaram suas candidaturas na de Bolsonaro em 2018. Uma forma de o presidente manter-se atrativo é uma recuperação econômica vigorosa. Mesmo quem o apoia não se arrisca em apostar nessa hipótese.

Uma segunda opção seria mostrar uma excelente atuação no combate à pandemia. A terceira onda, a vagarosidade na vacinação e a CPI da COVID tornam difícil a defesa do desempenho do governo. O mais provável é que a campanha presidencial passe a maior parte do tempo se defendendo ou atacando os governadores. Atacá-los tende a ser um ponto sensível na medida em que, pela lógica regional, alguns serão até apoiadores de Bolsonaro, como é o caso de Cláudio Castro (PSC-RJ), no Rio de Janeiro.
 
Parlamentares do Nordeste, onde está a maior rejeição de Bolsonaro segundo as últimas pesquisas, terão que mostrar forte resiliência em não abandonar o presidente, em especial se Lula mantiver as intenções de voto que tem hoje. Dessa forma, é bem provável que a janela de oportunidade para que o governo Bolsonaro conte com o apoio parlamentar seja até o final desse ano. 
 
É tempo suficiente para aprovação de pelo menos parte da Reforma Tributária, talvez alguma Reforma Administrativa desidratada e, quem sabe, a aprovação da privatização da Eletrobras e dos Correios. Ou seja, pode ser viável o parlamento aprovar parte das Reformas do governo e ainda correr para o outro lado nas eleições de 2022.

Conversando com lideranças em Brasília, é interessante notar que a maioria concorda com Guedes: o governo tem base, com uma pequena adição: por enquanto.  

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)