Expectativa de poder tende a valer mais do que o poder em si, na medida em que vai se aproximando o momento da mudança. É exatamente por isso que um político, quando se vê em posição fragilizada perto de uma disputa, procura criar fatos que dê a ele relevância para continuar sob os holofotes.
Isso pode ser feito por meio de promessas irreais, ameaças, declarações apelativas ou qualquer outro factoide que, no médio prazo, tende a não ter importância alguma. Isso aconteceu na história política recente do Brasil e tende a se repetir.
Isso pode ser feito por meio de promessas irreais, ameaças, declarações apelativas ou qualquer outro factoide que, no médio prazo, tende a não ter importância alguma. Isso aconteceu na história política recente do Brasil e tende a se repetir.
Rodrigo Maia, que na última sexta-feira (14/5) formalizou seu pedido de saída do Democratas (DEM), jurou de pés juntos que aprovaria a Reforma Tributária no ano passado. Muita gente de fora de Brasília acreditava nisso, considerando o prestígio acumulado juntamente ao setor privado durante o seu período como presidente da Câmara dos Deputados.
Mas para um observador mais atento, era nítido que Maia já não possuía mais o poder para pautar temas dessa envergadura. No final, Maia não conseguiu nem mesmo fazer seu sucessor e deve sair do DEM pela porta dos fundos.
Mas para um observador mais atento, era nítido que Maia já não possuía mais o poder para pautar temas dessa envergadura. No final, Maia não conseguiu nem mesmo fazer seu sucessor e deve sair do DEM pela porta dos fundos.
Histórias similares às de Maia existem aos montes em Brasília. É bem comum que tomadores de decisão, antes bajulados por um séquito de puxa-sacos, reclamem que “ninguém nem serve mais cafezinho” depois que o poder se esvai.
O presidente Bolsonaro sabe disso. Por muito tempo ele circulou em Brasília sem aduladores ou qualquer tratamento especial. Entende perfeitamente o que é a irrelevância do baixo clero do Congresso Nacional e não quer voltar para lá.
O presidente Bolsonaro sabe disso. Por muito tempo ele circulou em Brasília sem aduladores ou qualquer tratamento especial. Entende perfeitamente o que é a irrelevância do baixo clero do Congresso Nacional e não quer voltar para lá.
Basta observar as ações do presidente para perceber que abundam promessas irreais, ameaças e declarações apelativas. Para citar exemplos apenas dos últimos quinze dias: Bolsonaro afirmou que vai editar um decreto que “ninguém pode contestar”, que qualquer eleição que ele não seja o vencedor será fraude, que o “meu” Exército poderá ir para as ruas para garantir liberdade, entre diversos outros despautérios.
A diferença é que agora pouca gente leva o presidente a sério. Essas ações, longe de demonstrações de força, são sintomas de quem começa a perder tração eleitoral. É como se lentamente o presidente voltasse a ser o político polêmico que era chamado para causar controvérsia em programa de qualidade duvidosa com pouca audiência e apresentado por pseudocelebridade.
A diferença é que agora pouca gente leva o presidente a sério. Essas ações, longe de demonstrações de força, são sintomas de quem começa a perder tração eleitoral. É como se lentamente o presidente voltasse a ser o político polêmico que era chamado para causar controvérsia em programa de qualidade duvidosa com pouca audiência e apresentado por pseudocelebridade.
Evidentemente, o poder que o Presidente da República possui, ainda que fragilizado na segunda metade do seu mandato, é muito maior do que o do presidente da Câmara dos Deputados.
É uma comparação assimétrica, pois somente o chefe do Executivo pode dispor da alocação de recursos em grande escala para comprar apoio político – vide o suposto orçamento secreto noticiado pelo jornal Estado de S. Paulo na última semana. No entanto, a história mostra também que essas verbas dificilmente seguram por muito tempo o apoio a um político sem viabilidade eleitoral.
É uma comparação assimétrica, pois somente o chefe do Executivo pode dispor da alocação de recursos em grande escala para comprar apoio político – vide o suposto orçamento secreto noticiado pelo jornal Estado de S. Paulo na última semana. No entanto, a história mostra também que essas verbas dificilmente seguram por muito tempo o apoio a um político sem viabilidade eleitoral.
Na semana passada, o Datafolha começou a mostrar o estrago causado pelas recorrentes notícias negativas trazidas pela Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga as ações do governo no combate à pandemia. Em tese, se a eleição fosse agora, o ex-presidente Lula venceria Bolsonaro com folga no segundo turno. Mas a eleição é só em 2022 e é por isso que continuam a servir cafezinho para Bolsonaro em Brasília.
Haverá tempo para recuperação dos empregos? Haverá outra onda ou a vacinação nesse ritmo será suficiente para acabar de vez com a pandemia? Fora essas questões conjunturais, existe uma questão política em aberto: haverá um candidato de direita ou centro-direita com potencial para disputar esse nicho com Bolsonaro? Se, do outro lado do espectro, Lula se fortalece (péssima notícia para Ciro Gomes, aliás), os conservadores que não são alinhados a Bolsonaro – sim, eles existem – permanecem sem uma opção competitiva.
Enquanto essas questões seguirem em aberto, o noticiário continuará recheado de promessas irreais, ameaças, declarações apelativas ou qualquer outro factoide que, no médio prazo, não terão importância alguma.