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Estado de Minas COLUNA

Desemprego, mortos e votos influenciam o xadrez da política nacional

"Bolsonaro ficou encurralado: se veta o Orçamento, perde o apoio no Congresso; se mantém, corre risco de crime de responsabilidade fiscal"


05/04/2021 04:00 - atualizado 05/04/2021 07:42

(foto: Divulgação/SEI BA)
(foto: Divulgação/SEI BA)

Uma pequena dica para quem acompanha política nacional pelo noticiário: quando se ver perdido pela quantidade de manchetes, se atenha ao que realmente influencia os principais atores. Nesse momento, esses fatores são a pandemia, a economia e a eleição de 2022. Vamos usar esse espaço hoje para uma breve reflexão da dimensão dos ocorridos na última semana e o que está por vir, colocando em perspectivas esses três aspectos.

Qual o impacto ou influência, por exemplo, da saída do ministro de Relações Exteriores Ernesto Araújo em qualquer um dos fatores citados? Ernesto foi demitido pela sua inépcia em negociar as compras de vacina com países fornecedores, em especial com a China. Por outro lado, é verdade que o ex-ministro é um importante influenciador da militância bolsonarista nas redes.

Segundo a consultoria Arquimedes, Araújo é mais influente que o ex-ministro Abraham Weintraub e a ministra Damares Alves, por exemplo. Em relação à economia, Araújo é irrelevante.

Assim, o ex-ministro só continuará ocupando algum espaço na medida em que consiga manter sua influência no eleitorado mais cativo de Bolsonaro até 2022. Sem um cargo que tenha visibilidade, essa é uma tarefa semelhante ao de um big brother tentando um lugar ao sol quando sai do confinamento. Na melhor das hipóteses, Ernesto pode até conseguir uma vaga no Congresso Nacional; na pior, será relegado ao DEC do Itamaraty, o fatídico – e fictício, é bom deixar claro – departamento de escadas e corredores.

Todas as seis trocas ministeriais da semana passada podem ser analisadas pelo mesmo prisma e terão mais ou menos o mesmo resultado da troca do ex-ministro Ernesto: podem até ter alguma influência ou impacto em um ou outro fator citado, mas sem importância suficiente para ocupar mais do que uma nota de rodapé nesse capítulo da história. Se a maior parte dos ocorridos nos últimos dias foi espuma, o que seria um exemplo do que realmente interessa?

A confusão do Orçamento – assunto chato que foi tratado nesta coluna algumas vezes – sofreu impacto e terá influência sobre os três fatores. A sua aprovação no Congresso – com estouro do teto de gastos em quase R$ 32 bilhões e inflado por emendas dos parlamentares –, é reflexo das negociações do Poder Executivo para eleger seus dois aliados, o deputado Arthur Lira (PP-AL) e o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), para as presidências das casas legislativas. O problema é que Bolsonaro ficou encurralado: se veta o Orçamento, perde o apoio no Congresso; se mantém a obra de ficção aprovada, corre risco de incorrer em crime de responsabilidade fiscal.

Além disso, sem orçamento sancionado pelo presidente, os técnicos do governo não têm segurança jurídica para empenhar gastos necessários para o combate da pandemia nem para liberar despesas que poderiam render capital político ao presidente e sua base aliada em 2022. Da mesma forma, essa situação afasta o investidor internacional, reforça a necessidade de aumento da taxa de juros, o que acabará impactando a recuperação econômica e não ajuda em nada aumentar o percentual da população empregada.

Paulo Guedes, para variar, saiu chamuscado novamente. Nos bastidores, os parlamentares envolvidos no Orçamento – em especial o senador Márcio Bitar (relator) e a deputada Flávia Arruda (presidente da comissão) –, argumentam que a equipe econômica participou de toda a construção da peça orçamentária e depois foi a público mostrar descontentamento. A nomeação de Arruda para a Secretaria de Governo é uma demonstração de que o presidente não está tão desalinhado assim com o que veio do Congresso Nacional. É bom que Guedes se cuide.

Mais de 330 mil mortos por COVID-19, 14,3 milhões de desempregados, rejeição do presidente em quase 60% (segundo o Poder Data, divulgado no último dia 31). Das próximas vezes em que uma avalanche de manchetes inundar o noticiário, é bom refletir em como esses números influenciaram ou terão impacto nos fatos em destaque. Se não houver relação, nem vale a pena ler.

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