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Estado de Minas COLUNA

Como as democracias correm risco em tempos de inverdades convenientes

O afastamento do atual presidente americano, ainda que faltando poucos dias do término de seu mandato, seria um importante sinal da resiliência da democracia


11/01/2021 04:00 - atualizado 11/01/2021 07:11

Isolado, mas com uma legião de seguidores, Donald Trump flertou com o autoritarismo de outros líderes(foto: Brendan Smialowski/AFP)
Isolado, mas com uma legião de seguidores, Donald Trump flertou com o autoritarismo de outros líderes (foto: Brendan Smialowski/AFP)

Ao ver as cenas da invasão do Capitólio na semana passada, muitos, imediatamente, puderam antecipar o que poderia ocorrer no Brasil nas próximas eleições presidenciais

A analogia foi feita pelo próprio ocupante do cargo. Segundo o presidente Jair Bolsonaro, “se nós não tivermos o voto impresso em 22, uma maneira de auditar o voto, nós vamos ter problemas pior que os Estados Unidos".

Como é fato que não haverá retorno ao voto impresso no Brasil, será que estamos fadados a rever a barbárie de Washington em escala pior em Brasília?

A maior parte do eleitor sabe que não existe qualquer indício grave contra o voto em urnas eletrônicas. Nessa modalidade, os votos podem ser auditados e as urnas permanecem sem conexão alguma com a internet, inviabilizando ações de hackers.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vem aperfeiçoando a cada eleição o sistema desde a sua implementação, em 1996. O voto impresso não inibiu que Donald Trump alegasse a tal fraude nos Estados Unidos.

Será mesmo que faz diferença para Bolsonaro haver ou não as cédulas impressas para que ele coloque em suspeição todo sistema eleitoral brasileiro em caso de derrota?

Começando pela pergunta do primeiro parágrafo. Não, o Brasil não está condenado a ver cenas de barbárie no Congresso Nacional, nem nada parecido.

No entanto, parece ser importante que as instituições e a população comecem a levar a sério as ameaças nada veladas que a democracia vem sofrendo nos últimos anos.

Para ser muito claro, a democracia americana nunca esteve em risco com a confusão causada por Trump, mas, no Brasil, com a principal autoridade do Executivo insuflando uma horda de fanáticos por dois anos, é bastante razoável avaliar que aqui pode mesmo ser pior.

As instituições precisam reagir agora. Esperar até 2022 significa correr o risco de realizar a profecia (ou será desejo?) de Bolsonaro.

Com relação à pergunta do segundo parágrafo, o problema não parece ser o voto impresso, mas sim a descrença na democracia.

Nesse ponto, é relevante lembrar das lições aterrorizantes de Steven Levitsky e Daniel Ziblatt – dois professores de Ciências Políticas de Harvard, autores do, hoje necessário, “Como as democracias morrem”.

Para eles, o cenário futuro tende a ser cada vez mais desafiador para as instituições democráticas, em especial pelo uso de novas tecnologias para produção de fake news, invenção de estórias conspiratórias e fabricação de mentiras.

Entre as inverdades convenientes, talvez a mais óbvia seja colocar em dúvida o sistema eleitoral, mas pode ser qualquer coisa.

Os autores também defendem que essa nova forma de solapamento da democracia dispensa armas e golpes de estados militarizados, pois os candidatos a ditadores são aceitos e criados dentro dos partidos políticos.

Exemplos seriam Hugo Chávez na Venezuela, Recep Tayyip Erdogan na Turquia e Viktor Orbán na Hungria, que começaram a governar por meio de eleição e, com discursos de ódio, guinaram rumo ao autoritarismo, abandonando a ação democrática para governar de forma autoritária.

Parece claro que Trump buscou o caminho do autoritarismo, pavimentado pelos exemplos citados.

No entanto, as próprias instituições americanas contra-atacaram, ainda que tardiamente. Apoiadores fiéis, como o presidente do Senado Mitch McConnell e o vice-presidente Mike Pence, além de diversas outras lideranças do Partido Republicano, abandonaram Trump.

O afastamento do atual presidente americano, ainda que faltando poucos dias do término de seu mandato, seria um importante sinal da resiliência da democracia para o mundo inteiro, especialmente para o Brasil.

Inclusive, um dos memes que circularam nas redes sociais nos últimos dias perguntava se você já havia lido Como as democracias morrem.

Caso contrário, nem precisava perder tempo, pois a história estaria passando ao vivo na televisão americana.

A verdade é que lá a democracia sobreviveu e pode até sair fortalecida. Mas, e aqui? Duvido que qualquer um que preze pelas instituições vai querer pagar para ver

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