Jornal Estado de Minas

PSICOLOGIA POSITIVA

Liberdade perdida, um grande problema do mundo pós-pandemia

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O mundo pós-pandemia nos trouxe grandes mudanças, mas, entre elas, uma mudança difícil de aceitar e viver – a falta de liberdade.

O ser humano evoluiu solto e com a liberdade de ir e vir. De respirar, de sair, de expandir e de se agrupar. Perdemos tudo isso, num estalar de dedos e ga- nhamos uma “guerra mundial” com um inimigo invisível. Até respirar não temos liberdade. 





Me peguei na seguinte cena, saindo do consultório com a mão lambuzada de álcool para chamar o elevador, sacola mal ajeitada, correndo, pois teria um webinário logo dali a meia hora pela internet via YouTube. Não poderia me atrasar e, portanto, precisaria descer de elevador o mais rápido possível. Hora de tráfego, elevadores não podem lotar, você precisa ser educada, Sofia, entre só se tiver uma única pessoa.

OK, esperamos a vez contando os minutos para dar tempo de chegar em casa, ligar o computador, acender a melhor luz, deixar o roteiro pronto e abertos os slides, ver o que o marketing deseja que eu argumente mais, briga e disputa de valores na rede social, nas vendas on-line, meu ganha-pão e sobrevivência da família, não posso dizer não farei, cansei, que chatice esta! Vamos lá, paciência, Sofia! Eu ia me dizendo enquanto, ainda com a mão cheia de álcool, gel esperava minha vez.

Abre a porta pela terceira vez e me cabe. Neste momento, eu paro de respirar literalmente. Penso: quantos passaram por aqui agora e deixaram no ar a COVID-19?. Tento segurar a respiração e quase consigo chegar à garagem sem respirar, igual criança tentando atravessar a piscina debaixo d’água sem respirar. Meu Deus! Aonde cheguei! Entro no carro, passo álcool de novo nas mãos, retiro a máscara e respiro aliviada, ufa! Será que estou livre da COVID-19? Olha que já tomei as duas doses de uma boa vacina, dizem... pois ninguém sabe de nada.





Só isso, já me desregulou, estressou. Corro, chego em casa, pego água, abro o computador, me preparo para falar do quê? Adivinhem?
 
 
 
 
 
Descanso! 

Quem sou eu para falar de descanso se por quase dois anos não tenho férias, não sei mais o que é sair na rua, nem ir ao restaurante preferido, ou qualquer um! Não respiro como desejo, não viajo para não pegar COVID e só trabalho! Trabalho preocupada se o paciente que vou atender está se cuidando, ou será mais um daqueles que diz é uma gripezinha e tudo bem, vai passar, não vou parar minha vida por isso. E tudo que faço vai embora no atender este cliente que não se cuida ou o funcionário ou colega dele que não se cuida.

São tantas variáveis que nos preocupam hoje em dia que perdemos a liberdade de apenas SER. Estar presente no momento e desfrutar. E, então, me pego descobrindo que o único lugar mesmo, em que fico bem, é no quintal da minha casa, no jardim... num espaço só meu e com ar puro. Ali respiro, rezo, medito e tenho a certeza de que estou bem. Lá encontro segurança e silêncio. Mas, na verdade, será uma prisão ou uma libertação?

Quando estamos a sós, conseguimos nos ouvir e alcançar o SER e sentir a liberdade mais profunda, mas, ao mesmo tempo, precisamos de conexão, ver rostos, sorrisos e dar abraços e aí está também a liberdade de ir e vir e de conquistar lugares.

Então, a resposta é sim e não.

A essa altura, não quero te iludir, quero apenas alertar; se cuide, descubra como você pode ter sua liberdade de volta. Será buscando um lugar seguro e silencioso como eu? Ou será se conectando com pessoas e dando boas risadas? Os dois e muito mais. E você pode e deve começar a ver que neste momento a vida está podando suas asinhas e como poderá viver bem mesmo assim. Um hobby, uma massagem, um momento de leitura, de estar consigo mesmo.





Mas, o principal, olhe para si com amor e carinho...

A maior liberdade virá de dentro de você. Como fará para se sentir melhor, eu não sei dizer. Para alguns, andar na natureza; para outros, cozinhar; para outros, escutar uma boa música; ou- tros, exercitar-se. 

Precisamos nos abastecer de dizer assim todos os dias: EU ESCOLHO O QUE DESEJO FAZER!.

Isso sim é a liberdade, pode ser que você não possa escolher nadar sem máscara, não limpar suas mãos com álcool em gel, mas pode escolher algo que possa fazer dentro das restrições e não desistir de viver o melhor que você puder. Está nas suas mãos, mesmo com COVID, viver da melhor maneira. Viva a alegria que sente, pense num futuro melhor, se cuide com carinho e verá a diferença. Faça escolhas nas poucas alternativas que ficaram e se cuide-se com seu próprio amor.

audima