Jornal Estado de Minas

CHÁ COM LEVEZA

Trilha sonora da vida

Conteúdo para Assinantes

Continue lendo o conteúdo para assinantes do Estado de Minas Digital no seu computador e smartphone.

Estado de Minas Digital

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e segurança do Google para fazer a assinatura.

Experimente 15 dias grátis


Qual é a trilha sonora da sua alma? Não, não estamos falando da sua playlist, dos hits de sucesso ou dos eternos elepês. Trata-se da sua playlist interna. É difícil de explicar. De repente, você se pega cantando músicas que traduzem um determinado momento do dia.





É como se você tivesse uma música tema, que vai mudando de acordo com as cenas exibidas no filme da vida. Parece que a alma te envia recados cifrados, indicando o melhor caminho a seguir, a solução de um problema ou a sua verdade interna diante daquela situação.

Vou dar um exemplo. Ultimamente, na pandemia, têm surgido letras recorrentes, que dispensam comentários. São autoexplicativas. “Amanhã, vai ser outro dia.” “Viver e não ter a vergonha de ser feliz.” “Let it be, let it be (deixa estar)!.” “I’ll survive (Eu vou sobreviver)!.”

Já vou avisando que não adianta querer conduzir o processo. Se você tentar adivinhar qual é a canção mais adequada para aquela questão específica, vem o bloqueio. Não sairá nada. Nem uma nota, nem um ritmo. Não adianta racionalizar. É algo vindo do emocional, descolado dos pensamentos, diverso do mental.





“É só o jeito dessa vida olhar...” Vira e mexe esse verso tem voltado na minha mente nos últimos dias. Sem perceber, começo a cantarolar o trecho pela casa. Não faço ideia de qual seja essa canção. Pouco importa. Ela cumpre a missão de me alertar em relação ao rumo de uma conversa, receber uma fofoca, responder àquela mensagem raivosa de WhatsApp.

Nem sempre o interlocutor tem culpa pelo seu desabafo. É apenas um jeito diferente de enxergar o sofrimento do mundo, talvez uma limitação dele ou autocobrança exagerada. Antes de revidar, porém, convém respirar fundo. E, então, inventar uma desculpa, mudar de assunto ou, para não fugir ao tema da crônica, virar o disco. Elevar a vibe. Vibrar em outra sintonia.

É preciso buscar o equilíbrio interior, por maior que seja a pressa, o acúmulo de tarefas ou o desentendimento com a pessoa do outro lado da linha. Ao receber a mensagem do whatsApp, tente corresponder com um bom dia, tudo bem, como você está?. Se possível, acrescente figuras de flor, carinhas felizes ou joinhas. Se a geração do terceiro milênio criticar o uso de emojis, ignore. “Tô nem aí/Tô nem aí”, já ouvi isso tocando em algum lugar.





Nem sempre as pistas musicais serão positivas. Podem ser melancólicas, sinceronas, quase um puxão de orelha do universo. É o caso de uma amiga, que me confessou cantar a mesma música, diariamente, na chegada do trabalho. “Todo dia ela faz tudo sempre igual/Me sacode às seis horas da manhã/Me sorri um sorriso pontual”, contou ela, amarelando o sorriso na videochamada. Achei triste.

Coincidência ou não, as músicas interiores podem servir como previsões do futuro. No meu caso, tenho algumas canções chicletes, coladas nas memórias do meu coração. Outro dia, fui repassando letra por letra de cada uma delas. Fiz descobertas surpreendentes, reveladoras, visionárias sobre um tempo que ainda não chegou. É simplesmente inacreditável.

Desculpem, mas não vou poder contar aqui. Sinto muito, mas “não posso ficar nem mais um minuto com vocês. Moro em Jaçanãããã”. Se eu perder o trem da vida, só amanhã de manhã.

Saiba mais sobre xamanismo no canal Chá Com Leveza (https://youtu.be/-Rr0i8i8_KM)

audima