(none) || (none)

Continue lendo os seus conteúdos favoritos.

Assine o Estado de Minas.

price

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e segurança do Google para fazer a assinatura.

Assine agora o Estado de Minas por R$ 9,90/mês. ASSINE AGORA >>

Publicidade

Estado de Minas MAIS LEVE

Risada com hora marcada

Tenho tentado abrir alas para a felicidade no meu cotidiano. Em cada entrevista do canal Chá Com Leveza, tiro a prova de que a alegria é um exercício. Exige treino


postado em 23/02/2020 04:00

SANDRA KIEFER



(foto: Poison Ivy/Pixabay)
(foto: Poison Ivy/Pixabay)



Nem só no carnaval é permitido ser alegre. É sério. Há pessoas que nascem ensolaradas em qualquer estação, verão ou inverno. Já outras inventam truques para se sintonizar na energia positiva. Tenho uma amiga muito querida que marca no calendário um horário específico para rir. Todos os dias, às 8h, o celular avisa que chegou o momento de liberar confetes e serpentinas, de cair na folia internamente. Sambar por dentro, sem motivo nem (des)culpa, apenas para celebrar a vida.

Tenho tentado abrir alas para a felicidade no meu cotidiano. Em cada entrevista do canal Chá Com Leveza, tiro a prova de que a alegria é um exercício. Exige treino. Nas primeiras vezes, me senti patética rindo forçado. Fiz assim. Sozinha, fechei as janelas do carro e aproveitei o embalo do congestionamento infinito da Avenida Prudente de Morais. Marquei três minutos no relógio do sistema multimídia e mandei ver. Protegida pelo anonimato do insulfilm, consegui libertar algumas gargalhadas. Soltar mesmo!

Em dias nublados, o desafio é maior, mas os efeitos compensam. Já abusei da arte de sorrir antes de seguir para uma reunião de trabalho. No aperto, visualizei os ensinamentos do meu instrutor de yoga e mindfullness: tente manter um esboço de sorriso no rosto ao conversar com uma pessoa. A receptividade é outra. Em casos urgentes, é indicada a meditação do sorriso interior, usada para ajudar a curar pacientes em hospitais no lado oriental. Com os olhos fechados, postura relaxada, os doentes são orientados a imaginar que o seu coração está sorrindo, depois os pulmões, o pâncreas e, assim, sucessivamente, todos os órgãos do corpo. Lindo isso.

Em meses de prática, ando perdendo a vergonha de me expressar. Basta pensar em fazer a atividade e já começo a rir do nada, assim, sem mais nem menos. Aos poucos, a alma se contagia e engata a marcha positiva. Se você não conseguir, vale apelar para macetes. Costuma dar certo lembrar as famosas pegadinhas, dos vídeos engraçados de bebês no YouTube ou daquelas gargalhadas gostosas de ouvir, como as do Zé Simão, na Band News FM. A jornalista que divide a bancada com o humorista quase chora de rir das piadas mais bobas, de trocadilhos infames, dos predestinados mais toscos (por falar nisso, ri sozinha do ponto de venda de cocos batizado de Cokombi, na Avenida Bandeirantes).

É uma delícia ouvir o bate-papo dos locutores de rádio durante o intervalo do sorriso. O problema é a volta do bloco do noticiário. Dia desses, eu estava rindo à toa quando o repórter interrompeu o programa para divulgar o balanço das mortes provocadas pelo coronavírus na China. No sufoco, em meio aos três minutos de risadas, lembrei-me da charge do coroavírus recebida num grupo de WhatsApp. Sim, sei que não é engraçado conviver com a ameaça de uma epidemia em escala mundial. Desculpem, mas prefiro falar a verdade. Ri assim mesmo.

Com meu caçula também não tem tempo ruim. Ele inventa as próprias piadas, exagera nos casos da sala de aula, dança consigo mesmo na frente do espelho. Acabo rindo junto, divertida. Já o adolescente desenvolveu outra estratégia para deixar o dia mais agradável. Está sempre ouvindo música, mesmo na hora de estudar (algo que nunca consegui fazer). Aliás, baixou no meu carro uma playlist dos anos 1980 que toca duas vezes seguidas a música Tempo perdido, do grupo Legião Urbana.

Nas idas para a escola, tornou-se uma delícia ‘perder tempo’ na companhia dos dois. “Somos tão jovens/Tão jooooovens!”, cantamos juntos o refrão, no tom mais desafinado e volume na maior altura. Então, na próxima rodada da música, volta a voz do Renato Russo. E a letra recomeça, genial: “Todos os dias quando acordo/Não tenho mais o tempo que passou...” Feita essa ressalva, que tal reservar três minutinhos do seu dia para sorrir?


*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)