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O que será do amanhã? Pandemia, economia fraca e democracia sob risco

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Se já não bastassem as aflições e misérias que cobrem de dor e de medo a vida dos brasileiros, nos últimos dias até a própria democracia pareceu sob ameaça. Como se lhe faltassem problemas com que lidar, nosso presidente resolveu, num impulso criativo, demitir abruptamente o ministro da Defesa e todos os comandantes das Forças Armadas, reencenando um tipo de drama que foi rotineiro na vida acidentada das repúblicas da América Latina. Mais uma volta ao passado, como tantas que nos assombram ultimamente.





Em meio à perplexidade de muitos, a maioria das lideranças que ainda sobrevivem em nosso ambiente político domesticado veio a público para reafirmar que a democracia brasileira é inegociável e que as instituições militares existem para servir ao Estado e não a um governo.

A um observador externo os movimentos erráticos do governo brasileiro parecem obra de ficção e não da realidade. A História nos pregou uma peça.

A crise sanitária é um fenômeno de alcance universal, mas seus efeitos nos diferentes países tem sido muito desigual e entre as causas das diferenças sobressai a efetividade dos governos no combate à pandemia.

O Brasil, com seus 13 milhões de casos e 350 mil mortes até agora, é o segundo país mais devastado em todo o mundo. Acima de nós apenas os Estados Unidos onde, com a chegada do novo governo Biden, que colocou a luta contra a doença no primeiro plano sem disfarçar sua gravidade, tanto os casos quanto as mortes estão recuando rapidamente, com vacinação em massa.



Enquanto isso, nós, a cada dia, batemos mais um triste recorde sem que o governo central mude seu discurso e suas atitudes, procurando na Justiça abrandar as restrições impostas pelos governos locais e reprovando abertamente a ação de prefeitos e governadores, que estão na vanguarda da luta contra a doença.

Mesmo que tardiamente e com mais perdas e sofrimentos do que poderia ter ocorrido, como indicam as experiências de outros países tão populosos e mais pobres do que nós, num certo momento a pandemia vai ceder e retomaremos o rumo da normalidade.

Quando este momento chegar será que nossa economia vai se recuperar totalmente e iniciar um novo ciclo de grande crescimento? A economista Zeina Latif, reconhecidamente equilibrada, declarou esta semana que nossa economia emergirá da crise sanitária estruturalmente mais frágil e com baixo potencial de crescimento.





Para além da pandemia, nossa economia mantém-se praticamente estagnada há muitos anos, após a terrível recessão provocada entre 2014 e 2016 pela gestão de Dilma Roussef. Todas as economias relevantes sofreram o impacto das medidas de isolamento social, mas a maioria delas já está começando a se recuperar

O FMI, no seu relatório anual, prevê que, no conjunto, a economia mundial crescerá em 2021 em torno de 6%, compensando em grande parte as perdas de 2020. Para o Brasil, no entanto, o Fundo prevê um crescimento de apenas 3,7%, insuficiente para compensar a queda de 4,1% em 2020.

Analistas internos, mais familiarizados com a nossas realidades chegam a admitir que não cresceremos mais do que 2,5%. Em 2019 éramos a 9ª economia do mundo. Hoje somos a 12ª e a Austrália está muito próxima de nos tomar este lugar. Só não vê quem não quer: estamos afundando e sem forças para reagir.

No plano puramente econômico, o governo brasileiro não tem horizontes e parece paralisado. O mínimo que se pode dizer é que está indiferente com o que pode ocorrer com o país. O crescimento não é um processo espontâneo, requer vontade da sociedade e ação do governo.

O mercado sozinho não é capaz de produzir crescimento, muito menos uma divisão mais igualitária da riqueza. Sem aumento e melhor distribuição da renda a nação corre o risco da desordem e a democracia não tem como sobreviver.

O governo do PT nos legou uma economia em recessão e uma sociedade dividida. O governo que temos hoje não sabe o que é preciso fazer e nem tem vontade para fazê-lo. Em 2022 se restar ao país apenas esta alternativa será porque o destino nos abandonou de vez.




audima