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OPINIAO SEM MEDO

Cem dias à deriva num oceano de vírus

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Mapa informativo que mostra a situação de Minas Gerais com o COVID-19 (foto: Mapa informativo que mostra a situação de Minas Gerais com o COVID-19)

Completamos 100 dias de pandemia no País. O coronavírus, definitivamente, está entre nós.

Mais de 1.1 milhão de casos oficiais de Covid-19. Estima-se o número real entre 10 e 12 milhões. Mais de 50 mil mortos oficiais. Estima-se o número real entre 70 e 90 mil. Por onde quer que se olhe, só há um cenário: tragédia.



Continuamos navegando às cegas. Estados e municípios desamparados e o governo federal na mais absoluta incapacidade e, por que não?, em certa medida, omissão. 

Não temos testes, não temos leitos, não temos sedativos para que se intubem os doentes graves, não temos um plano de combate, não temos um plano de saída, não temos nada. Não custa lembrar: nem ministro da saúde nós temos!

Prefeitos e governadores errantes, o que é aceitável. Ninguém tem um manual a seguir, e as medidas vão sendo tomadas dentro de um misto de ciência e intuição, quando não raro sob medo da pressão popular. 

Já o presidente da República, de errante não tem nada. Ao contrário. Segue firme na sanha ora negacionista ora simplesmente desumana. Sua insensibilidade e desprezo pela dor alheia são chocantes. Jair Bolsonaro escolheu um lado nesta pandemia e jamais o abandonou. Abandonados estamos nós, os brasileiros.

Com a reabertura desordenada por todo País, tão certo quanto o número crescente de casos e vítimas fatais, será o prolongamento da doença. Como consequência, teremos ainda mais agravada a crise econômica monumental que começamos a experimentar. Além, claro, de nos tornarmos mundialmente conhecidos com uma das piores, senão a pior, nação em desenvolvimento a enfrentar o Sars-CoV-2.



Morreremos como moscas, padeceremos por desemprego e falta de renda, nos tornaremos párias mundiais e sequer contaremos com uma simples palavra de consolo do nosso presidente. Talvez, no máximo, um “e da%u013A”. Na melhor das hipóteses, um “querem que eu faça o quê”.

A culpa é só dele? Não, não é. Mas é também dele. E sua forma de tratar o assunto é o que canaliza tanta crítica e o torna o personagem inescrupuloso e imperdoável deste insuportável e interminável filme de horror.