Jornal Estado de Minas

EM DIA COM A PSICANÁLISE

Saiba o que o Galo tem a ver com a vida e com a paternidade

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Esta semana tivemos o jogo do Atlético Mineiro. A semana já começou diferente para os que se preparavam para ir ao campo torcer para seu timão. Timão que, depois de tantas vitórias, começou a perder sua posição de maneira impossível de entender para os não aficionados em futebol. Mas era visível e não sem algum motivo.





a alguns atleticanos o porquê. E não demorei a entender. Mudaram o técnico! Dizem que em time vencedor não se mexe. Mas não foi assim. E deu no que deu. Com tal resultado, reverteram o processo. Bem-vindo seja o filho que à casa torna...

Isso me fez pensar na função das lideranças. E nos efeitos devastadores quando elas falham. Como meu campo é o da psicanálise, logo me caiu a ficha. Pensei nas palavras de Freud sobre a função dos líderes. E em como ele explica a ligação entre membros do mesmo grupo, tipo Exército e Igreja, por identificação devido ao amor a um líder ou a ideais comuns.

Só a confiança no líder ou a fé em torno de um ideal comum são capazes de ligar os homens e a união faz a força. União para vencer. A situação do Atlético deixa muito clara a importância de um líder. No caso, um técnico. Seja lá o que o fez sair, importa que voltou e, quem sabe, poderá devolver o rumo perdido ao time que nem parecia o mesmo.





Vejam bem a importância desta função. Cuidar do emocional, direcionar, treinar, corrigir, planejar, fazer trabalhar duro e incentivar a empatia entre jogadores. Todas estas funções também valem para um pai.

Sempre volto a falar da importância da função paterna. Vejo que, ainda hoje, muitos homens que são pais acreditam que filho é coisa de mulher. Muitas vezes o discurso nega isso, mas a atitude os desmente. Se dizem pais participativos e presentes, porém, na prática, a coisa é diferente.

Na prática, em grande parte das famílias, é a mãe que educa, cria, leva, busca, abre mão de seu trabalho, integral ou parcialmente, e a responsabilidade da criação, desde bebê até muitos anos depois, recai sobre a mulher.





Justificados pelo sucesso financeiro, os homens acreditam que por serem os provedores maioritários a esposa pode abrir mão da profissão para cuidar e educar a prole. Pode ser um combinado, mas não é o melhor. Esse é um grande equívoco e tem consequências na vida dos filhos. A presença e participação do pai é indispensável, inclusive para moderar o poder materno.

A vida de um filho e filha pode ser outra, caso tenha sido amado, respeitado, limitado, enfim, bem-educado. Aqueles que são valorizados, e não paparicados, porque isto estraga qualquer ser humano, assumem de fato este valor.

Evidente que ter um filho é uma decisão que implica trabalho em equipe. Vencemos quando estamos juntos e empenhados nesta função, mesmo se separados civilmente. Pai separado também deve compartilhar todo o trabalho e assistência. O fato de a mulher amamentar e ser a fonte vital da criança a mantém mais próxima, porém o apoio e presença do pai não é dispensável.





O homem que se torna pai e segue sua vida sem alterações maiores não exerce sua função. O pai não é um ajudante, é o responsável, que responde pela vida que também ele trouxe ao mundo. E cuidar não é um favor, é obrigação. Embora a cria não venha de seu corpo, ao nascer, é adotada, isto é, assumida pelo pai que a registra.Lacan disse que ninguém é filho do espermatozoide.

Este exemplo do futebol vale para um pai. Para que ele entenda a dimensão do fracasso quando ele falha. Em nomear, ser avalista, legislar e orientar a vida. Sua herança será sempre um norte e permitirá aos seus a saúde para amar, trabalhar e também governar sua própria vida.

Pai, assim como um técnico, um líder ou um bom pastor, é ser vigilante e presente, não permitindo que sua cria se perca, seja ela um filho, um jogador, um membro de seu grupo ou uma simples ovelha. Assim são formados bons seres humanos e os laços entre nós.