Jornal Estado de Minas

COMPORTAMENTO

Tragédias? Busca pelo prazer não pode superar responsabilidade com a vida

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Os valores que norteiam a vida são sempre ou foram muitas vezes pautados por falsas medidas. São tão constantemente desprezados e substituídos por símbolos de poder, fortuna e sucesso que as pessoas passam a admirar quem os tem, subestimando os valores autênticos da vida.





Estas palavras podem ser atribuídas aos nossos dias, embora tenham sido escritas nos anos 30 do século passado. E se retorno a este fabuloso livro escrito por Freud é porque nele encontro respostas para o sofrimento humano e o mundo como ele é.

O livro intitulado “Mal-estar na civilização” deveria, a meu ver, ser leitura obrigatória nos currículos escolares devido à sua importância no que concerne ao entendimento do mal-estar inevitável em todo ser falante.

Segundo Freud, as fontes desse mal-estar são a dissolução do corpo e a morte no horizonte à qual todos nós estamos condenados; o mundo externo, que pode voltar-se contra nós com forças poderosas e destruidoras; os outros homens com os quais nos relacionamos; e as inerentes dificuldades que marcam significativamente nosso convívio.





Nem precisamos explicar mais, pois as três fontes do sofrimento perpassam inevitavelmente pela vida de todos os homens mortais e provam que somos grão de areia no universo.
Na última semana, em Capitólio, assistimos uma rocha enorme se deslocar e cair sobre barcos de turistas que ali se divertiam. Uma diversão perigosa e arriscada em Minas Gerais em períodos de muita chuva como agora.

São inumeráveis os acidentes causados por trombas d’água, enchentes, desabamentos, e não só em Minas. Mas as pessoas colocam a diversão acima da cautela. E pagam caro por isso.
Apesar de todos os alertas da Defesa Civil, do Corpo de Bombeiros e donos de pousadas daquela região, ainda assim muitos colocaram os lucros acima da segurança. As embarcações, por exemplo, estavam cheias e não houve autoridade para interditar a navegação. Um dos condutores de lancha, infelizmente, faleceu pela imprudência e levou muitos consigo.

E, claro, as próprias pessoas negando a realidade. Um claro exemplo de valores falsos que norteiam a vida e provocam mortes e acidentes. A busca pelo prazer não pode superar a responsabilidade com a vida, negligenciando perigos anunciados e previsíveis. Não podemos julgar o que determina cada um, mas aí vemos o resultado da busca de felicidade a qualquer custo.





Neste livro que citei, Freud, como estudioso da natureza humana, era observador dos sinais fisiológicos e conteúdo ideativo associados às emoções e sentimentos. Entendia que a ligação humana com o mundo não é uma comunhão natural imediata.

Nosso vínculo é com nosso eu, intermediário das relações com o mundo externo e se prolonga para dentro, sem fronteira nítida, numa entidade psíquica inconsciente que ele chamou de Id.

O Eu serve de fachada para o Id. Sua fronteira com o mundo externo é mais nítida. Ele nos alerta sobre perigos e deve nos manter em segurança. Porém, a combinação da ilusão de felicidade, a negação e a sedutora oferta de prazer tornam o homem insensato. E assim se dão muitos acidentes que ameaçam a civilização que tanto lutamos para erigir.