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''Crianças não devem brincar no celular''. Eu discordo

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A educação é um assunto que nunca será esgotado. Não haverá última palavra sobre o que é educar uma criança e fazer dela um adulto saudável, responsável por si, pelo seu sustento, por continuar a espécie formando novo núcleo. Mas, como disse Freud, educar é uma tarefa impossível, no sentido de que por mais que façamos, o trabalho talvez apresente resultados, provavelmente não os esperados.





Fato é que de todos nós não há quem possua fórmula precisa e perfeita. Viver não é preciso, como é a navegação com seus instrumentos de medição e coordenadas exatas. Portanto, façamos o melhor e, ainda assim, não seremos sem falhas. Nossos filhos conhecerão nossas falhas e fraquezas.

Isto os ajudará, na adolescência, a deixar cair a idealização infantil e permitirá que façam a separação necessária para se tornarem adultos. Nesse momento, a face imperfeita dos pais é saudável, os impulsionam para a autonomia. Muitos de nós superamos nossos pais, ou não...

Muitas pessoas acreditam que as crianças aprendem com exemplos mais do que com atitudes educativas. Sem dúvida o exemplo importa, mas não é tudo. Educar é muito mais do que ser boa pessoa. É acolher, adotar, amar e, por isso, mostrar o limite. Assumir a dificuldade de frustrar um pedaço de si. Fugir dissto não costuma dar certo, nos tornamos arrogantes sem a educação.





Muitos acreditam que as crianças não devem brincar no celular. Que TV deixa bobo. Eu discordo. Acho admirável a habilidade das crianças com a tecnologia, que lhes permite exercer a criatividade, incentiva a pesquisa e a leitura. Nunca as crianças leram tanto antes da internet e aprendem muito ali. A TV pode ser boa companhia, mas não sempre. Ajuda nas horas livres com filmes, séries e desenhos que são estórias contadas. Só precisamos escolher a programação e limitar os horários.

Mas o insubstituível é o olhar, a escuta, a atenção e presença do adulto desde o início da vida. Quando ainda bebês, precisamos da voz afetiva da cuidadora, seja mãe ou não. A matéria sonora da voz produz marcas afetivas no corpo natural do bebê, o humanizando e o inserindo na linguagem.

O brincar, o falar, escutar, contar estórias e ler com a criança são parte importante. Quando a criança é despertada para a leitura, ela tem muitos ganhos permanentes. O amor aos livros é transmissível e ajuda muito na infância. Nada substitui um bom livro.





Foi uma boa surpresa receber o recente lançamento pela Editora Letramento: Bubble, o livro infantil bilíngue “O cãozinho de sorte” ou “The lucky puppy”.

Uma estorinha singela, do cotidiano, projetada no pet. Ilustração linda de Juliana Muzzi. Tradução de Natália Campos, perfeita! Texto fácil de ler e curtir, dos autores, pai e filho, Rodrigo Mendes e Gabriel Goecking Ferreira.

A história é campo fértil à identificação para crianças como os contos de fada e fábulas nas quais as crianças entram em contato com seus próprios conflitos. O narrador é o filhote Dedê (apelidado assim por ser desprezado e desdenhado), o menor de sua ninhada, com quatro irmãos, e nunca alcançava as tetas da mãe. Não foi fácil. A mãe até o lambia e amava, o que o salvou, apesar do pouco leite.

Tirou a sorte grande quando foi doado e rebatizado King. Neste novo lar, recebeu carinho, brincadeiras e aconchego, tornando-se um cãozinho valioso, alegre e feliz. Outras aventuras virão de seus passeios pelas pracinhas, seu cuidado com o novo dono, e percebeu que desde pequenino ajudava muito: alegrava, cuidava e desestressava as pessoas com seu humor e amor incondicional. Assim são também as crianças que, lendo a estória de Dedê, poderão lidar com seu desamparo inicial, inseguranças e também com as alegrias vindas do amor. E sim! Como é bom um animal de estimação! O nome já diz: a estima em ação.







audima